O desperdício de água é um dos principais problemas relacionados com a disponibilidade e utilização dos recursos hídricos na atualidade. Nesse sentido, é importante compreender o problema analisando a totalidade da questão, ou seja, a quantidade de água desperdiçada não somente pelo mau uso residencial, mas também pelos equipamentos públicos e práticas econômicas em geral.
As formas mais comuns e citadas de desperdício de água são conhecidas por todos: a torneira mal fechada, o banho demasiadamente demorado, a mangueira ligada sem uso, a lavagem de calçadas, os excessos na limpeza dos carros, entre outras práticas. Mas essa não é a única causa para o problema em questão.
Uma considerável parte do desperdício acontece no transporte da água até o consumidor, o que é resultado de tubulações públicas velhas ou danificadas, obras mal realizadas, além dos famosos “gatos” ou redirecionamentos de água clandestinos. Isso acontece em todos os países, que sempre apresentam certa taxa de desperdício de água: o Japão, por exemplo, desperdiça 10% de sua água; a Alemanha perde 9%, seguindo a média dos países europeus. O Brasil, no entanto, chega a desperdiçar 37%, conforme dados da Agência Nacional de Águas (ANA) e, se considerarmos apenas a água tratada, esse número salta para 41%.
Uma questão curiosa acontece no estado de São Paulo, que, desde 2014, vive o alarde da crise da água: segundo uma reportagem da Folha de São Paulo, a capital paulista e sua região metropolitana desperdiçam o equivalente a quatro vezes o volume hídrico poupado. Portanto, além de investir em novas formas de captação água, é necessário diminuir esse grande fluxo perdido de água, principalmente com a renovação dos dutos de transporte.
Vale lembrar, no entanto, que a atividade que mais desperdiça água é a agricultura. Nas áreas irrigadas, por exemplo, o desperdício chega a 50% da água utilizada, tanto por vazamentos quanto pelo emprego de técnicas que utilizam mais recursos hídricos do que o necessário, bem como as perdas por evaporação. A mudança nas práticas agrícolas e a adequação nos métodos de irrigação podem ser fatores para diminuir o consumo de água sem afetar a produção de alimentos e produtos primários em geral.
Outra atividade da economia que apresenta um elevado desperdício de água é a indústria, embora existam muitas fábricas que adotam o consumo consciente e que apostam em ideias de reutilização da água e outros. É necessário, portanto, desenvolver estratégias de uso sustentável da água, o que significa desperdiçar e consumir menos sem necessariamente comprometer a produção e a economia.
Os impactos do desperdício da água são graves e traduzem-se na redução do abastecimento de água para a população, na menor disponibilidade de água nas reservas hídricas e na ocorrência de verdadeiras crises hídricas em tempos de seca. Por causa disso, é importante que todos façam a sua parte, desde o cidadão em sua casa, passando pelo Estado, até as diferentes práticas da economia.