O desemprego é a condição dos indivíduos que se encontram em idade para trabalhar, estão em busca de trabalho, mas não conseguem encontrar uma atividade e, portanto, não possuem fonte de renda. Suas causas vão desde a automatização de processos produtivos até crises econômicas cíclicas e temporárias.
Mais recentemente, a pandemia da covid-19 tornou-se um determinante da condição do desemprego. Entre as consequências estão:
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o empobrecimento;
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o aumento do subemprego e da informalidade;
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o adoecimento da população, acometida sobretudo por problemas psicológicos.
Leia também: Divisão Internacional do Trabalho – funções exercidas pelos países no plano econômico internacional
Tópicos deste artigo
- 1 - O que é desemprego?
- 2 - Causas do desemprego
- 3 - Tipos de desemprego
- 4 - Taxa de desemprego
- 5 - Consequências do desemprego
- 6 - Desemprego no Brasil
- 7 - Exercícios resolvidos sobre desemprego
O que é desemprego?
O desemprego é definido pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) como a condição de pessoas que se encontram atualmente sem um emprego formal, mas que estão em busca de trabalho ou estão dispostas a aceitar um trabalho caso surja a oportunidade. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) se apoia em uma definição semelhante, ressaltando um ponto importante: não ter um emprego não é o equivalente a não ter um trabalho ou uma ocupação. Por essa razão, não se consideram para o cálculo do desemprego estudantes, por exemplo, empreendedores, donas de casa.
Os indivíduos que fazem parte de ambas as definições e que integram as estatísticas do desemprego no Brasil e no mundo são aqueles que estão na idade de trabalhar, que pode variar de país para país. No Brasil, a População Economicamente Ativa (PEA) encontra-se atualmente em um intervalo etário que vai dos 15 aos 64 anos.
Causas do desemprego
O desemprego é causado por fatores de ordem estrutural ou conjuntural, podendo ainda estar atrelado a motivações de caráter pessoal.
A principal causa estrutural encontra suas origens no processo de globalização e consequente modernização e informatização das técnicas produtivas, levando ao maior índice de automatização dos processos de produção em uma série de indústrias e setores da economia. Esse processo provoca a redução e extinção de determinados postos de serviço, sobretudo braçais, e uma série de demissões.
Além disso, ocorre a criação de novas funções, que exigem maior qualificação do trabalhador, excluindo uma parcela de indivíduos do mercado. Dois dos exemplos mais utilizados quando tratamos desse assunto são a indústria automobilística, principalmente na etapa de montagem, e a agricultura intensiva.
O desemprego originado pela modernização da base produtiva e obsolescência de determinadas profissões é mais comum nos países desenvolvidos, embora aconteça também nos países considerados subdesenvolvidos. Nestes, as causas estruturais para o desemprego estão mais profundamente ligadas ao sistema econômico e à organização social.
A condição de desemprego pode ter origem ainda nas crises econômicas e políticas que afetam os investimentos (nacionais ou internacionais, estatais ou privados) realizados em setores estratégicos da economia, reduzem a demanda por mão de obra ou são responsáveis por uma onda de demissões em função do quadro de recessão.
Ainda, as transformações na maneira como a sociedade consome e a demanda originada para as empresas podem suscitar alterações na produção, redução de custos por parte das empresas, entre outras motivações que levam à dispensa de funcionários e queda das contratações.
Mais recentemente, a pandemia do coronavírus, causador da covid-19, desencadeou um aumento da taxa de desemprego em escala mundial. Devido às recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), houve o fechamento de estabelecimentos que geram reunião de pessoas ou aglomerações, bem como a redução da capacidade de trabalho em outros. Soma-se isso à crise econômica decorrente do contexto pandêmico, levando pessoas a perderem seus trabalhos ou aqueles que estavam à procura a adiarem a busca ou mesmo desistirem – esse último grupo é denominado de desalentados.
Veja também: Trabalho e sociedade nas questões do Enem
Tipos de desemprego
Os diferentes tipos de desemprego são identificados a partir de suas causas.
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Desemprego natural ou friccional: condição momentânea, é ocasionada pela demissão, pela troca de empregos (período em que o indivíduo se desliga de um trabalho e vai para outro) ou pela recente inserção no mercado de trabalho — isto é, aquelas pessoas que buscam emprego pela primeira vez.
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Desemprego estrutural: tem como causa o avanço tecnológico e a incorporação de novos modos de produção oriundos desse processo. Tende a ser permanente, uma vez que pode levar à extinção de determinadas profissões. Não se limita somente ao setor secundário, atingindo também a agricultura e o setor de serviços.
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Desemprego conjuntural: oriundo das crises econômicas ou políticas que se desencadeiam em escala nacional, regional ou global. A conjuntura de crise e recessão pode levar ao encerramento das atividades de empresas e fábricas, fechamento de postos de trabalho, queda da demanda pela redução do consumo e redução ou ausência de investimentos, motivações essas que podem levar a demissões. É, na maior parte das vezes, temporário.
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Desemprego sazonal: condição temporária que se repete periodicamente, sendo mais comumente associado ao setor de serviços (turismo, por exemplo) e à agricultura, devido à sazonalidade das culturas e à necessidade de mais mão de obra nos períodos de safra, havendo diminuição do número de empregados na entressafra.
Taxa de desemprego
A taxa de desemprego é calculada a partir da quantidade de pessoas desempregadas dentro da força de trabalho, de acordo com a OIT. Esse tipo de cálculo exclui as pessoas que se encontram em trabalhos informais ou ainda aqueles que desistiram de procurar um trabalho, mesmo estando em condições para tal. Por essas razões, as estatísticas do desemprego podem estar subestimadas.
A atual taxa de desemprego no mundo é de 5,42%, valor semelhante aos de 2018 e 2019. Os dados foram atualizados pelo Banco Mundial em junho de 2020. O país com a menor taxa de desemprego no mundo é o Qatar, com 0,1%. No outro extremo, está a África do Sul, com uma taxa de 28,5%. O Brasil se encontra na posição 32, com 12% de desempregados conforme os dados do Banco Mundial.
Consequências do desemprego
Algumas das principais consequências decorrentes do desemprego são:
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aumento da pobreza, principalmente nos grandes centros urbanos;
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aumento da violência (domiciliar e urbana);
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maiores índices de criminalidade;
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redução do consumo associada à redução (ou ausência) da renda dos indivíduos ou famílias;
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aumento do trabalho informal e do subemprego;
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aumento de problemas psicológicos, como a depressão e a ansiedade, diretamente associados à frustração, insegurança e tristeza que o indivíduo pode desenvolver pela falta de uma ocupação ou renda;
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maior incidência de doenças físicas – que podem ou não ter relação com aquelas descritas no item anterior.
Desemprego no Brasil
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Causas do desemprego no Brasil
As causas para o desemprego no Brasil são diversas, dentre as quais podemos citar:
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a transformação na base produtiva do país a partir da segunda metade do século XX com o processo de modernização técnica;
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a baixa qualificação dos trabalhadores;
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as crises econômicas, com destaque para as crises das décadas de 1980 e 1990, responsáveis por profundas transformações na economia nacional e que elevaram os índices de desemprego e aprofundaram a desigualdade no país;
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processos de migração do campo para a cidade, que podem jogar muitos indivíduos na informalidade ou subempregos;
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baixa escolaridade;
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crises políticas.
Mais recentemente, o Brasil vem passando por um aumento contínuo no desemprego desde pelo menos 2015, como consequência da recessão na economia, que condicionou a perda de postos de trabalho e um menor número de contratações. Em 2020, seguindo o cenário internacional, o desemprego no Brasil foi ocasionado em sua maior parte pela pandemia da covid-19.
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Taxa de desemprego no Brasil
De acordo com os dados do IBGE, a taxa de desemprego no Brasil para o segundo trimestre de 2020 é de 13,3%, o que corresponde a um total de 12.791.000 de pessoas. A região com maior concentração de desempregados é o Nordeste, com taxa acima da nacional: 16,1%. Em segundo lugar, vem o Sudeste, com 13,9%, superior também à média nacional. Na sequência temos:
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o Centro-Oeste (12,5%);
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o Norte (11,8%);
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o Sul (8,9%).
Em agosto de 2020, o país bateu o seu recorde de desempregados, com uma taxa de 14,8% e um total de 13,7 milhões de indivíduos. O desemprego no Brasil se concentra entre os jovens de 14 a 24 anos e é maior entre as mulheres.
Acesse também: Pobreza no Brasil – situação agravada pelo desemprego
Exercícios resolvidos sobre desemprego
Questão 1 – (Enem 2019)
“No sistema capitalista, as muitas manifestações de crise criam condições que forçam a algum tipo de racionalização. Em geral, essas crises periódicas têm o efeito de expandir a capacidade produtiva e de renovar as condições de acumulação. Podemos conceber cada crise como uma mudança do processo de acumulação para um nível novo e superior.”
HARVEY, D. A produção capitalista do espaço. São Paulo: Annablume, 2005 (adaptado).
A condição para a inclusão dos trabalhadores no novo processo produtivo descrito no texto é a
A) associação sindical.
B) participação eleitoral.
C) migração internacional.
D) qualificação profissional.
E) regulamentação funcional.
Resolução
Alternativa D. Na medida em que os sistemas produtivos se alteram e evoluem, conforme indica David Harvey no trecho do enunciado, é exigida cada vez mais qualificação do trabalhador para que possa integrá-lo.
Questão 2 – (Enem 2014)
NEVES, E. Engraxate. Disponível em: www.grafar.blogspot.com. Acesso em: 15 fev. 2013.
Considerando-se a dinâmica entre tecnologia e organização do trabalho, a representação contida no cartum é caracterizada pelo pessimismo em relação à:
A) ideia de progresso.
B) concentração do capital.
C) noção de sustentabilidade.
D) organização dos sindicatos.
E) obsolescência dos equipamentos.
Resolução
Alternativa A. A automatização de processos pela adoção de maquinários na produção fabril, associada à ideia de progresso, pode substituir a mão de obra humana e tornar algumas profissões obsoletas, causando o pessimismo indicado no enunciado da questão.
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