A expressão crise de água no Brasil vem sendo utilizada pela grande mídia para referir-se ao conjunto de acontecimentos que levou à escassez de água no país — não no território nacional por inteiro, mas sim em algumas localidades, especialmente na região Sudeste — e ao risco de extensão desse problema para outras regiões.
Embora a falta de água no Brasil tenha acontecido em outros períodos recentes e anteriores, com destaque para algumas áreas da região Nordeste, a crise hídrica que se instalou a partir do ano de 2014 é considerada a mais grave de todas em razão do grande número de pessoas atingidas. No caso, a cidade mais habitada e também a região mais populosa do país passaram a conviver com uma delicada situação de escassez nos seus principais reservatórios de abastecimento, levando a um inevitável racionamento de água.
Quais são as causas da falta de água em São Paulo?
As causas são inúmeras e variadas. Todavia, vale destacar o grande consumo tanto por parte da população quanto pelas atividades econômicas, principalmente a indústria e a agricultura. Além disso, há um elevado desperdício de água, e isso não é somente pelos banhos demorados ou pelas torneiras mal fechadas, mas também pelas perdas nas tubulações em ambientes públicos e privados.
Outras causas da crise da água também devem ser lembradas, tais como:
- a degradação dos rios e reservas de água;
- a remoção de boa parte da vegetação que tinha como função auxiliar a infiltração da água das chuvas nos solos, proteger os mananciais e cursos d'água e atuar na evaporação para garantir a continuação do ciclo da água;
- a falta de chuvas, com índices de precipitação muito abaixo da média;
- a má gestão dos recursos hídricos, que tornou o abastecimento muito dependente do Sistema Cantareira (que abastece a maior parte da Região Metropolitana de São Paulo); entre outros fatores.
Quais são as possíveis soluções para a crise da água em São Paulo?
Acima de qualquer solução, é preciso reconhecer que existiram erros de planejamento e que eles não precisam ser repetidos, haja vista que desde 2004 havia previsões negativas (que se confirmaram posteriormente) sobre a falta de água, o que demandava a realização de uma série de obras, o que não foi executado. Portanto, é preciso pensar não somente no presente, mas também no problema a longo e médio prazo.
Uma das medidas que vêm sendo adotadas a curto prazo é um racionamento de água, embora os governos tenham demorado a admitir a sua execução. Na prática, no entanto, várias famílias e localidades já passaram a sofrer com horas e horas sem água por vários dias em razão da diminuição da pressão nas tubulações de fornecimento. O governo também vem incentivando a redução do consumo, taxando os excessos e promovendo até o pagamento de multas em casos de flagrantes de desperdícios. Mas tudo isso para não resolver a situação por completo.
Existem outras perspectivas de soluções, como a utilização de técnicas para reúso da água, principalmente para as indústrias e a agricultura – maiores consumidores –, e também o maior aproveitamento das águas das chuvas.
Algumas medidas polêmicas também emergem. No caso de São Paulo, a utilização da represa Billings vem sendo bastante criticada, em razão de ela apresentar elevados níveis de poluição e acúmulo de metais pesados e substâncias tóxicas. Outra medida que gera bastante discussão é o projeto de deslocamento do Rio Pinheiros para abastecer o Sistema Cantareira, uma vez que esse rio também apresenta elevados índices de poluição.
Finalmente, existe também o projeto de transposição do Rio Paraíba do Sul. A grande questão é que a bacia desse curso d'água também abastece outro estado muito populoso, o Rio de Janeiro, o que pode fazer com que os cariocas sofram com a falta de água. Os defensores desse projeto argumentam que essa é a única saída viável para o problema e afirmam que apenas uma pequena quantidade da vazão do rio em questão será desviada para o abastecimento da população paulista.
Apenas o estado de São Paulo sofre com a crise da água?
Não. A região Sudeste como um todo vem apresentando a redução dos índices de seus reservatórios. Um exemplo é o estado de Minas Gerais, que corre para evitar problemas semelhantes aos que vêm ocorrendo com os paulistas. A região Centro-Oeste, embora em menor intensidade, também depende do aumento das chuvas para não ficar sem água.
Outra questão também precisa ser destacada: o Brasil é bastante dependente das hidrelétricas para a produção de energia. Assim, uma crise da água também poderia transformar-se em uma crise energética, de modo que é necessária a adoção de medidas para evitar o alastramento desse problema, o que envolve o governo nas esferas municipais e estaduais, bem como o governo federal em parceria com toda a população.