O continente africano é notadamente caracterizado pela sua tropicalidade, isto é, seu território é cortado pelos dois trópicos da Terra e seus extremos norte e sul posicionam-se próximos a eles, com cerca de 80% de sua área localizada nessa zona intertropical. Isso representa mais do que uma simples localização, pois gera consequências climáticas diretamente relacionadas com as suas latitudes, embora exista uma grande diversidade nos climas ao longo de sua extensão.
Compreender os aspectos naturais da África é importante não só para conhecer melhor o continente, mas para nos ajudar a entender melhor a América do Sul e, inclusive, o território brasileiro, visto que, no passado, essas duas áreas formavam apenas uma única massa de terras emersas, conforme aponta a teoria da Deriva Continental.
Um exemplo disso são as savanas, um domínio morfoclimático que muito se assemelha ao cerrado brasileiro, guardando características muito semelhantes em sua flora e em seu clima. No entanto, há algumas diferenças no que se refere à composição de sua fauna. As savanas ficaram mundialmente conhecidas em animações estrangeiras, como os filmes O Rei Leão, Tarzan e Fantasma.
Paisagem das Savanas
Na África, existem dois grandes desertos: o Saara, acima da Linha do Equador e nas proximidades do Trópico de Câncer, e o Kalahari, no sul, nas proximidades do Trópico de Capricórnio. O deserto do Saara possui uma área maior que a do Brasil, com nove milhões de quilômetros quadrados, sendo o elemento responsável pela divisão regional da África em África do Norte, que engloba o próprio deserto e tudo o que se encontra ao seu norte, e a África Subsaariana, que é toda a porção do continente que se encontra ao sul desse deserto.
O regime de chuvas na África é, em média, muito baixo em comparação aos demais continentes. As maiores pluviosidades são registradas em sua porção equatorial, nas proximidades da floresta do Congo, diminuindo progressivamente à medida que as latitudes variam para o norte e para o sul. Além disso, as baixas altitudes médias também contribuem para a seca, sendo poucos os pontos maiores do que 1.500 metros.
O relevo da África é composto predominantemente por planaltos pouco elevados, também chamados de tabuleiros, que são regiões abrangentes e muito desgastadas pelos agentes exógenos ou externos de transformação do relevo, o que indica a idade geologicamente antiga de suas formações rochosas.
A porção noroeste do continente, nas proximidades do continente europeu, apresenta algumas cadeias montanhosas, chamadas de Cadeia dos Atlas, onde existem algumas das maiores altitudes do continente, incluindo o Monte Toubkal, com 4166 metros acima do nível do mar. Há na região leste alguns efeitos provocados pelo tectonismo local, com a existência de formas de relevo oriundas desse processo, como o Rift Valley, alguns vulcões ativos e os pontos mais elevados do continente, como o Kilimanjaro (5.895m) e o Monte Quênia (5211m).
Kilimanjaro é um antigo vulcão e o ponto mais alto da África
Esse relevo acidentado do tipo planáltico predominante favorece o potencial hídrico, o maior entre os continentes terrestres. No entanto, em função do subdesenvolvimento, ausência de infraestrutura e recursos, tal potencial não é aproveitado para a geração de eletricidade e aproveitamento em transposições e projetos de irrigação. Os principais rios são o Nilo, que além de ser o segundo mais volumoso do mundo, atravessa boa parte de áreas áridas, levando água para zonas com deficit hídrico, e o Congo, localizado na zona equatorial e que possui uma importante bacia de drenagem. Destaque também para o rio Níger.
Por fim, há de se ressaltar a importância dos recursos minerais da África, o continente mais rico em termos de diversidade mineralógica, com mais da metade das reservas de ouro existentes no planeta e 30% de todos os minerais. Há, assim, uma grande quantidade de carvão, petróleo, gás natural, cobre, diamante, bauxita, manganês e praticamente todos os tipos de minérios conhecidos e utilizados economicamente.
No entanto, do ponto de vista econômico, essa abundância em recursos minerais da África vem representando um problema, haja vista que os vários territórios sofreram ou ainda sofrem a interferência de ações externas para a exploração de suas jazidas, o que é chamado de “mal do ouro”. Além do trabalho precário e da exploração indevida, estudos apontam que apenas uma minoria muito ínfima beneficia-se com essa riqueza, o que intensifica o paradoxo “terra rica e povo pobre”.