A disponibilidade de água é cada vez menor em vários lugares no Brasil e no mundo, tanto pelo aumento da sua utilização quanto pela diminuição de sua demanda pela degradação dos recursos hídricos e mananciais. Do mesmo modo, a produção de alimentos e matérias-primas na agricultura é bastante dependente desse recurso, uma vez que 70% de toda água utilizada no mundo vai para esse setor da economia, principalmente para a irrigação. Diante dessas questões, o emprego da água de reúso na agricultura apresenta-se como uma das principais propostas a serem aplicadas.
O que é água de reúso?
Por definição, a água de reúso é a água residuária que possui características que permitem a sua posterior reutilização, geralmente após passar por tratamento. Essa água residuária, em sua maioria, abrange o esgoto e depósitos líquidos provenientes de várias atividades, incluindo a indústria, a agricultura e outros.
A utilização da água de reúso na agricultura pode ocorrer de várias formas, principalmente para favorecer a irrigação. Vale lembrar que a prática da irrigação é muito importante, pois permite a existência de colheitas em áreas áridas e, inclusive, permite a realização de mais de uma safra por ano em razão da diminuição dos efeitos do clima sobre o cultivo. Por esse motivo, mesmo que a irrigação esteja presente em apenas 18% das áreas agrícolas, as áreas irrigadas correspondem a 40% da produção mundial de alimentos.
Existem várias ações referentes ao emprego da água de reúso na agricultura do Brasil, embora existam problemas referentes à ausência de uma legislação específica. No Nordeste – região brasileira que mais sofre com as secas –, muitos efluentes tratados são destinados à irrigação, com destaque para alguns projetos realizados no Rio Grande do Norte. Na região Sul, lavouras de arroz são irrigadas com água reaproveitada, em uma média superior aos 30 mil litros diários. Apesar da existência dessas e outras medidas, ainda há a necessidade de se ampliar essa perspectivas para a prática agrícola no país.
Existem limitações para a reutilização da água na agricultura?
Sim. A depender da qualidade das águas de reúso, existem limitações envolvendo os produtos a serem cultivados, principalmente os alimentos que são diretamente consumidos após a colheita – que não passam por transformação industrial –, pois eles podem ser contaminados conforme a qualidade da água empregada.
O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), por meio de resoluções, regula a qualidade das águas de reúso e o seu uso direto ou indireto na irrigação de diferentes culturas, incluindo hortaliças (de consumo direto ou não), plantas frutíferas, culturas arbóreas, cerealíferas e forrageiras e também para harmonização paisagística. Portanto, antes de reutilizarem as águas, é preciso que os agricultores estejam cientes dessas resoluções e documentos oficiais, que podem ser eventualmente alterados ou adaptados.
Com uma pressão cada vez maior sobre os recursos hídricos disponíveis, existe uma crescente importância da água de reúso na agricultura mundial. Suas vantagens são inúmeras, pois possibilita a produção agrícola e a sustentabilidade das reservas, diminui o consumo de água e possibilita o atendimento de regiões onde esse recurso é bastante escasso. Se associado a outras técnicas, tais como o aproveitamento e retenção da água das chuvas, o reúso da água na agricultura poderá contribuir para o crescimento da produção mundial sem afetar gravemente os recursos naturais.