O agronegócio – por vezes chamado de agribusiness – corresponde à cadeia produtiva econômica que compõe a atividade agropecuária. Trata-se da esteira econômica que vai desde a produção no meio agrário, passando pela transformação dos bens agropecuários em produtos industrializados, até a comercialização destes. Desse modo, todas as atividades ligadas a esse ramo constituem-se como participantes do agronegócio, tais como a produção de insumos e maquinários agrícolas, a disponibilização de cursos de capacidade ou formação de profissionais do ramo, entre outros.
Portanto, quando falamos em agronegócio, não nos referimos a uma atividade puramente rural, mas predominantemente rural, afinal, ele envolve composições que se reproduzem nas diferentes esferas estruturantes do espaço geográfico. Considerando toda essa gama de atividades, o agronegócio representa 33% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil, 37% dos empregos gerados e 42% do total de exportações efetuadas.
O agronegócio brasileiro ganhou um maior impulso a partir da segunda metade do século XX com a expansão da fronteira agrícola do país e, principalmente, com o desenvolvimento de técnicas mais avançadas de produção, características da Revolução Verde. Com isso, o nível de produtividade do país disparou, e produtos como a soja, o café, a cana-de-açúcar e muitos outros ganharam os mercados internacionais e ampliaram os níveis de exportação do país, isso sem falar nos avanços promovidos na pecuária. No início do século XXI, vale destacar também a crescente produção de biocombustíveis derivados de bens agrícolas, incluindo a própria cana-de-açúcar.
Além das inovações tecnológicas, o agronegócio consegue avançar cada vez mais no Brasil em razão de alguns outros fatores: o primeiro deles são as vantagens oferecidas pelo território brasileiro, tais como a grande área territorial agricultável e as condições naturais aqui disponibilizadas para o cultivo; o segundo fator são os amplos investimentos públicos e privados realizados no setor, que concentra mais de 75% das concessões públicas em termos de empréstimos, incentivos fiscais e investimentos diretos.
As críticas ao agronegócio
A política do agronegócio encontra muitos defensores que argumentam em torno da produtividade do setor, produzindo benefícios na economia e também para a sociedade através do maior ganho em produtividade. Por outro lado, existem também as críticas direcionadas ao agribusiness, que estão aqui relacionadas não para conceber a ideia de que o agronegócio seja uma prática ruim, mas no sentido de explicitar o debate político realizado em torno dessa questão no Brasil.
A primeira grande crítica feita ao agronegócio parte de grupos ambientalistas, que afirmam que a expansão acelerada das cadeias produtivas no meio rural sobre os espaços naturais está diminuindo a cobertura vegetal do país. Nesse caso, o Cerrado é o maior exemplo, pois o desenvolvimento de técnicas agrícolas no âmbito do agronegócio permitiu a ampla ocupação da área desse bioma ao longo do século XX, fazendo com que menos de 20% de sua cobertura vegetal encontre-se atualmente preservada.
Outra crítica proferida é o processo de concentração fundiária ocorrido no meio rural, algo que é, em grande medida, atribuído ao agronegócio, principalmente pela grande influência que o setor, em tese, possui no meio político. Além disso, os maiores lucros obtidos através de incentivos públicos e pela exportação, somados aos baixos investimentos concedidos à agricultura familiar, contribuem para intensificar esse cenário, segundo inúmeras análises.
Soma-se a tais considerações o fato de o agronegócio ter sido responsável, segundo as críticas, pela intensificação do êxodo rural através do já mencionado poder concentrador e também pela intensiva mecanização da produção agrícola. Nesses moldes, a maior parte da mão de obra empregada no campo passou a ser substituída por tecnologias e maquinários. Isso tudo não para produzir alimentos de subsistência, e sim produtos voltados ao mercado externo.