A escola eleática tem o seu nome derivado de Eleia, cidade ao sul da Itália onde se situaram seus principais pensadores: Parmênides, Zenão e Melisso. Essa escola não procura uma explicação da realidade baseada na natureza, pois suas preocupações eram mais abstratas e podemos ver nelas o primeiro sopro de uma lógica e de uma metafísica. Seus pensadores defendiam a existência de uma realidade única, por isso são conhecidos também como monistas, em oposição ao mobilismo (de Heráclito, principalmente, que acreditava na existência da pluralidade do real). A realidade para eles era única, imóvel, eterna, imutável, sem princípio ou fim, contínua e indivisível.
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Vejamos dez coisas a respeito de Zenão de Eleia
1. Um dos pré-socráticos mais célebres. Nasceu em Eleia, entre o fim do século VI e o princípio do século V a.C.
2. Segundo a tradição, quando preso e submetido à tortura, Zenão cortou a língua com os próprios dentes para não delatar os companheiros. Outra narrativa sobre a sua vida diz que ele denunciou, em vez de seus companheiros, os fiéis partidários do tirano. Assim, o tirano eliminou os próprios aliados e acabou derrotado.
3. Do seu livro restaram poucos fragmentos e comentários, mas se percebe neles seus principais argumentos em favor do monismo e contra a noção de movimento.
4. Sua importância também se dá pela forma de argumentação que ele inaugurou: a redução ao absurdo. Isso significa que Zenão partia da posição do adversário para mostrar que as consequências derivadas da posição apresentada levariam ao absurdo.
5. Por esse motivo, Aristóteles considerou que Zenão, por meio de sua forma de argumentar, deu origem à dialética.
6. As argumentações de Zenão ficaram conhecidas como paradoxos (para = contra; doxa = opinião);
7. Seus argumentos mais conhecidos são aqueles que refutam o movimento e a multiplicidade, como o paradoxo de Aquiles e o paradoxo da flecha imóvel, que partem da premissa de que as distâncias são infinitamente divisíveis.
8. O paradoxo de Aquiles diz o seguinte:
Aquiles, conhecido pela sua velocidade, deixa uma tartaruga, animal conhecido pela sua vagareza, largar antes dele em uma corrida, perfazendo uma vantagem de dez metros.
No entanto, Aquiles não conseguiria alcançar a tartaruga, pois precisaria percorrer a distância da vantagem dada a ela. Como a distância é divisível ao infinito, ela jamais poderá ser percorrida.
A distância entre eles pode diminuir, mas não ser superada.
Vamos entender: em pouco tempo, Aquiles consegue alcançar os dez metros que a tartaruga teve de vantagem, como é esperado. Mas no intervalo de tempo em que gastou para percorrer os dez metros, a tartaruga avançou um metro. Quando Aquiles supera esse metro, a tartaruga já avançou 1/10 de metro.
9. O paradoxo da flecha diz o seguinte:
Suponhamos que um arqueiro lance uma flecha. A opinião comum é a de que a flecha lançada adquire movimento. Zenão contraria essa opinião, mostrando que a flecha, na verdade, está parada.
Para ele, a flecha ocupa um espaço que é igual ao seu volume e, portanto, está parada naquele instante. Como a flecha sempre ocupará um espaço que é igual ao seu volume, isso se aplica a todos os instantes.
Isso ocorre porque em cada um dos instantes em que o tempo de voo é divisível, a flecha ocupou um espaço idêntico. Tudo aquilo que ocupa um espaço idêntico está em repouso. Logo, a flecha está em repouso e isso significa que o espaço e o tempo não são um todo composto de partes reais, suas partes são apenas imaginadas.
10. Ainda hoje, os paradoxos de Zenão são temas de discussão. Aristóteles, por exemplo, utilizou o argumento de Zenão para defender que o todo precede as partes. Sobre os demais argumentos, Aristóteles teve dificuldade para os refutar. Os argumentos de Zenão exerceram forte influência no pensamento dos sofistas, dos cínicos e no próprio pensamento de Sócrates. É possível ver a influência dos argumentos de Zenão também no desenvolvimento da dialética platônica e da lógica aristotélica.
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