A competência 4 da redação do Enem avalia a construção coesiva do texto, analisando se o candidato consegue aplicar, com pertinência e diversidade, os pronomes, advérbios, sinônimos, operadores argumentativos e outros recursos da língua, para encadear as ideias e defender seu ponto de vista. Para ter um bom desempenho nessa competência, o aluno deve utilizar, sempre que possível, conectivos entre frases e parágrafos, atentando-se à relação semântica estabelecida entre as partes.
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Tópicos deste artigo
- 1 - O que é avaliado na competência 4 da redação do Enem?
- 2 - Dicas para tirar a nota máxima da competência 4 da redação do Enem
- 3 - As 5 competências da redação do Enem
O que é avaliado na competência 4 da redação do Enem?
A competência 4 da redação do Enem avalia se o candidato consegue:
“Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.”
Nesse sentido, essa competência concentra-se na coesão textual, ou seja, na avaliação da superfície do texto, buscando identificar se o autor utilizou conectivos, pronomes, advérbios e outras expressões, com intuito de relacionar as diferentes partes do texto e defender seu ponto de vista. Dentro desse recorte, os recursos coesivos dividem-se em: coesão referencial e coesão sequencial.
→ Coesão referencial
A coesão referencial é aquela que se concentra na manutenção de um termo ou assunto do texto, analisando se o autor consegue diversificar as formas de nomear e retomar esse referente, de um modo que a leitura fique fluida e o leitor consiga compreender o sentido.
Exemplo:
A educação é uma ferramenta cidadã, ela deve preparar o sujeito para a vida adulta de modo integral.
Como é possível observar, o pronome “ela” é responsável por retomar e substituir o substantivo “educação”. Ao fazer esse movimento, o autor não repete a mesma expressão, mas consegue indicar, para o leitor, que a nova informação se refere ao mesmo referente: a educação. Essa indicação só é possível pela marcação superficial com o uso do pronome: “ela”. Sendo assim, o corretor busca identificar essas marcas e averiguar se estão adequadamente utilizadas.
Além dos pronomes pessoais, outros recursos podem ser utilizados para promover a coesão referencial do texto. Segue alguns exemplos, retirados do material oficial do Inep.
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Advérbios:
“Cannes, na França, hospeda um dos mais respeitados festivais de cinema do mundo. Lá, o filme brasileiro Bacurau recebeu o cobiçado Prêmio do Júri.”
O advérbio “Lá” é responsável por estabelecer a relação entre os períodos.
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Artigos:
“Comprei um livro na feira literária em Poços de Caldas. O livro era de Chico Buarque de Holanda, ganhador do Prêmio Camões.”
O artigo definido “o”, antes do substantivo “livro”, define esse nome e, no texto, especifica que se refere ao livro citado na frase anterior, por isso também serve para estabelecer a relação coesiva.
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Sinônimos:
“A importância do respeito às religiões de origem africana foi lembrada pela aluna. A estudante queria fazer valer seu direito constitucional à prática religiosa.”
Nesse caso, “aluna” é substituída por “estudante”, expressões com relação de sinonímia.
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Hiperônimos/hipônimos:
“Aquela jovem sabe falar várias línguas. O guarani é sua favorita.”
A expressão “guarani” é hipônima da expressão “línguas”. O uso adequado desse recurso faz uma referenciação com efeito de especificação ou abrangência.
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Nominalização:
“Os alunos se manifestaram protestando contra o escândalo de corrupção que envolvia o desvio de verba da merenda escolar. A manifestação chamou a atenção da mídia e das autoridades, e instaurou-se uma investigação.”
A nominalização é o recurso de retomar a ideia anterior, conceituando-a com algum nome. No exemplo, a expressão “manifestação” retoma toda a ideia do período anterior.
→ Coesão sequencial
Por outro lado, a coesão sequencial se concentra no encadeamento das frases no texto. Como a redação do Enem é do tipo dissertativo-argumentativo, as estratégias de encadeamento priorizadas são aquelas que utilizam os operadores argumentativos, tanto para indicar uma conexão como para explicar a natureza dessa relação (adversativa, modal, causal etc.).
A competência 4 se concentra, principalmente, nesses operadores: se foram utilizados, se possuem diversidade no uso e se estão adequadamente posicionados, estabelecendo as relações corretas entre as ideias, informações e argumentos. As ferramentas disponíveis devem ser utilizadas para apresentar e defender o ponto de vista sobre o tema, pois é exigência do tipo textual dissertativo-argumentativo.
Assim, segue a tabela com os operadores argumentativos disponíveis para o texto:
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Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão: também, ainda, nem, não só... mas também, tanto... como, além de, além disso.
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Operadores que indicam o argumento mais forte em uma escala a favor da mesma conclusão: inclusive, até mesmo, nem, nem mesmo.
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Operadores que deixam subentendida a existência de uma escala com outros argumentos mais fortes: ao menos, pelo menos, no mínimo.
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Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias: mas, porém, contudo, todavia, no entanto, entretanto, embora, ainda que, posto que, apesar de.
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Operadores que introduzem uma conclusão com relação a argumentos apresentados em enunciados anteriores: logo, portanto, pois, por isso, por conseguinte, em decorrência, resumindo, concluindo.
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Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao enunciado anterior: porque, porquanto, pois, visto que, já que, para que, para, a fim de.
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Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos, visando a uma determinada conclusão: mais... (do) que, menos... (do) que, tão... quanto.
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Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões diferentes ou opostas: ou... ou, quer... quer, seja... seja.
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Operadores que introduzem conteúdos pressupostos no enunciado: já, ainda, agora.
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Operadores que funcionam numa escala orientada para a afirmação da totalidade ou para a negação da totalidade. Afirmação: um pouco, quase. Negação: pouco, apenas.
Veja também: Coesão textual na redação do Enem
Dicas para tirar a nota máxima da competência 4 da redação do Enem
Como pode ser observado, a competência 4 se concentra na superfície do texto. Ela avalia as estratégias que servem ao encadeamento de ideias e frases do texto. A seguir, uma lista de dicas essenciais para ter um bom desempenho nessa competência:
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Leia textos argumentativos: antes de praticar, é preciso estudar. Leia muitos textos argumentativos para se apropriar dos usos, sentidos e variedades dos operadores, pois isso vai amadurecer seu uso posterior.
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Releia seu texto: na hora da prova, após a primeira versão, releia o texto para verificar se houve repetição demasiada ou uso inadequado dos operadores. Faça todas as alterações necessárias, sempre priorizando o sentido e a defesa do ponto de vista.
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Analise a sequenciação: mesmo fazendo uma primeira revisão superficial, é importante analisar criteriosamente se a sequência de frases e parágrafos está organizada de modo que o ponto de vista e os argumentos estejam evidentes e bem relacionados.
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Use conectivos que você conhece: apesar de ser necessário diversificar o uso de conectivos, não é aconselhável utilizar operadores que você desconhece ou não tem propriedade de uso. Isso porque, muitas vezes, acreditamos formalizar o texto, porém atrapalhamos seu sentido. Se precisar aumentar seu repertório, pratique a leitura, pois ela ensinará os modos adequados de aplicar os operadores.
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Utilize conectivo entre as frases: não se esqueça de aplicar os operadores ou outros conectivos para conectar as frases que compõem o mesmo parágrafo, priorizando a unidade de sentido dessa parte.
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Utilize conectivo entre os parágrafos: também utilize os operadores e conectivos entre os parágrafos. Nesse caso, busque evidenciar qual a relação entre os blocos do texto: se acrescenta informação, se conclui informação etc.
As 5 competências da redação do Enem
A redação do Enem é avaliada por 5 competências, são elas:
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Competência 1: Demonstrar domínio da modalidade escrita formal da língua portuguesa.
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Competência 2: Compreender a proposta de redação e aplicar conceitos das várias áreas de conhecimento para desenvolver o tema, dentro dos limites estruturais do texto dissertativo-argumentativo em prosa.
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Competência 3: Selecionar, relacionar, organizar e interpretar informações, fatos, opiniões e argumentos em defesa de um ponto de vista.
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Competência 4: Demonstrar conhecimento dos mecanismos linguísticos necessários para a construção da argumentação.
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Competência 5: Elaborar proposta de intervenção para o problema abordado, respeitando os direitos humanos.