A representação artística possivelmente foi uma das primeiras formas de expressão utilizadas pelos seres humanos para expor situações vividas no cotidiano. A arte da Pré-História da humanidade, denominada de arte rupestre, como forma de expressão, provavelmente surgiu conjuntamente, ao longo de milhares de anos, à linguagem oral. O termo oral foi aqui utilizado para diferenciá-la da linguagem pictórica, da linguagem das imagens, na qual se inclui a arte rupestre.
O que conhecemos como mais antigo na arte rupestre são as imagens pintadas em paredes, rochedos e estalactites de cavernas, as chamadas pinturas rupestres. Tais pinturas representam principalmente animais e os seres humanos, muitas vezes em cenas de caça. Mas não só. Eram representadas também figuras místicas, vegetais, símbolos solares e figuras geométricas.
Representação das pinturas e sua função mística
Um erro comum é associar as pinturas rupestres aos desenhos feitos pelas crianças contemporâneas. Hoje em dia, é aceito por quase a totalidade dos pesquisadores que as pinturas rupestres são uma forma de expressão artística, carregadas de significados e de técnicas complexas de produção.
Em razão da longa distância temporal, é extremamente difícil para os pesquisadores apontar um significado preciso a respeito das produções artísticas dos seres humanos primitivos. Uma hipótese de significado ligada às cenas de caça, por exemplo, é a de que, ao pintar-se como um caçador e também imprimir na parede o animal que seria seu alvo, o homem primitivo já estaria atacando sua presa.
Possivelmente, para ele, a pintura não era apenas uma imagem, era o próprio animal que estava ali presente. Ao desenhar a caça e o abatimento da presa, ele já estaria atacando o animal e enfraquecendo-o. Logo, quando os encontrasse, os animais verdadeiros também sucumbiriam ao poder desses caçadores. Nesse sentido, a pintura rupestre tinha um caráter místico, que transcendia o próprio ato da pintura, ligando-a às manifestações da vida real.
Exemplos de produção artística
A complexidade das pinturas não se limitou apenas ao significado. As técnicas de pintura eram complexas. Um exemplo pode ser encontrado nas pinturas da Caverna de Chauvet, na França, feitas entre 30 mil e 15 mil anos atrás.
Leões representados em pintura rupestre na caverna de Chauvet, na França
Nessas imagens é possível perceber técnicas de sombreamento das figuras que seriam usadas novamente apenas na época do Renascimento. Noções de perspectivas e de movimento dos grupos animais também impressionaram os pesquisadores que descobriram a caverna na década de 1990.
Produções esculturais
Esculturas também estiveram presentes nas formas de manifestações da arte rupestre. As descobertas arqueológicas indicam que tais tipos de produção artística foram mais comuns durante o período Neolítico.
Vênus de Willendorf, uma das mais antigas esculturas conhecidas, representando a mulher e, possivelmente, a fertilidade
O lento processo de sedentarização teria proporcionado um tempo maior às pessoas da época para dedicarem-se às expressões artísticas, resultando inclusive no aprimoramento de técnicas de produção, utilizando cerâmicas, entalhando madeira e outros materiais, polindo-os, entre outros procedimentos, o que demonstraria outros níveis de abstração. Um dos exemplos mais conhecidos dessas esculturas é a chamada Vênus de Willendorf, uma figura feminina possivelmente utilizada como símbolo da fertilidade.