O Dia Mundial de Conscientização do Autismo é celebrado em 2 de abril e foi uma data criada, pela ONU, no fim de 2007. Seu objetivo é garantir uma maior visibilidade e conscientizar a população sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA), promovendo, desse modo, uma redução da discriminação e do preconceito sofrido por pessoas com esse transtorno. Na ocasião, vários pontos turísticos no mundo são iluminados com a cor azul a fim de chamar a atenção para essa importante causa.
Atualmente, estima-se que uma em cada 160 crianças apresente o TEA, um número que parece aumentar em todo o mundo. De acordo com a Organização Pan-Americana da Saúde, “há muitas explicações possíveis para esse aumento aparente, incluindo aumento da conscientização sobre o tema, a expansão dos critérios diagnósticos, melhores ferramentas de diagnóstico e o aprimoramento das informações reportadas”.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Por que o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é importante?
- 2 - O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
- 3 - Sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
- 4 - Todas as pessoas com TEA apresentam comprometimento intelectual?
- 5 - Direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista
Por que o Dia Mundial de Conscientização do Autismo é importante?
Até os dias de hoje, muitas pessoas são discriminadas e sofrem preconceito por portarem alguma deficiência. Apesar de o TEA ser um transtorno bastante discutido na mídia, muitos ainda não compreendem bem o que ele é, o que afeta diretamente a vida dos seus portadores. A conscientização e a informação de qualidade são fundamentais para a melhoria da qualidade de vida dessas pessoas, daí a importância do Dia Mundial de Conscientização do Autismo. Aproveite a data e se informe mais sobre o assunto.
O que é o Transtorno do Espectro Autista (TEA)?
Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um distúrbio do desenvolvimento neurológico muito complexo que se caracteriza por provocar interesses e/ou comportamentos restritos ou repetitivos e afetar as habilidades sociais do indivíduo. Dentre as dificuldades apresentadas pelas pessoas com esse transtorno, destacam-se as de interação e comunicação com outras pessoas e de uso da imaginação. Vale salientar que a gravidade do quadro é variável.
As causas não são bem compreendidas, mas acredita-se que o desenvolvimento do TEA envolva fatores genéticos e ambientais, como o uso de determinados medicamentos durante o período pré-natal, idade dos pais no momento da concepção, e infecções. É importante deixar claro que, apesar de, no passado, alguns estudos relacionarem o TEA com uso de vacinas, hoje se sabe que não existem evidências que permitem estabelecer essa associação.
O transtorno não apresenta cura, porém intervenções com psicólogos e terapeutas ocupacionais, por exemplo, podem aliviar os sintomas. Caso queira saber mais sobre o tema deste tópico, leia: Transtorno do Espectro Autista.
Sinais do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
O transtorno do espectro autista (TEA) se manifesta ainda na infância, sendo possível identificar sintomas consistentes entre 12-24 meses de idade. O diagnóstico do TEA, no entanto, ocorre, geralmente, quando a criança apresenta quatro ou cinco anos de idade, o que pode ser prejudicial ao seu desenvolvimento devido à falta de uma intervenção precoce.
O Departamento Científico de Pediatria do Desenvolvimento e Comportamento, da Sociedade Brasileira de Pediatria, destaca, em seu manual de orientação sobre o transtorno, alguns sinais sugestivos que podem ser observados no primeiro ano de vida:
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Perda de habilidades adquiridas anteriormente, como balbucio ou sorriso social;
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Pouca atenção à face humana, preferindo objetos;
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Baixo contato ocular;
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Deficiência no olhar sustentado;
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Não se voltar para ruídos, vozes ou sons no ambiente;
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Não responder ao nome;
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Não aceitar toque;
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Não seguir pessoas ou objetos próximos que estão em movimento;
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Maior interesse por objetos do que por pessoas;
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Interesses não usuais;
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Incômodo incomum com sons muito altos;
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Pouca responsividade durante a amamentação;
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Irritabilidade no colo.
Todas as pessoas com TEA apresentam comprometimento intelectual?
Muitas pessoas pensam que os portadores do Transtorno do Espectro Autista apresentam comprometimento intelectual. Entretanto, como mencionado, cada pessoa é única, e, no caso de pessoas com TEA, isso não é diferente, existindo grandes diferenças entre um indivíduo e outro. Enquanto alguns são muito comprometidos intelectualmente, outros são capazes de viver com total independência.
Existe, ainda, uma condição rara conhecida como savantismo ou síndrome de Savant, a qual se caracteriza pelo indivíduo se destacar em algumas áreas, apresentando, por exemplo, altas habilidades em cálculos, grande memória e incríveis habilidades artísticas. Estima-se que aproximadamente 10% das pessoas com TEA apresentem também algum grau de savantismo.
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Direitos da pessoa com Transtorno do Espectro Autista
A Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012, institui a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. De acordo com esse dispositivo, são direitos da pessoa com TEA:
I - a vida digna, a integridade física e moral, o livre desenvolvimento da personalidade, a segurança e o lazer;
II - a proteção contra qualquer forma de abuso e exploração;
III - o acesso a ações e serviços de saúde, com vistas à atenção integral às suas necessidades de saúde, incluindo:
a) o diagnóstico precoce, ainda que não definitivo;
b) o atendimento multiprofissional;
c) a nutrição adequada e a terapia nutricional;
d) os medicamentos;
e) informações que auxiliem no diagnóstico e no tratamento.
IV - o acesso:
a) à educação e ao ensino profissionalizante;
b) à moradia, inclusive à residência protegida;
c) ao mercado de trabalho;
d) à previdência social e à assistência social.
Parágrafo único. Em casos de comprovada necessidade, a pessoa com transtorno do espectro autista incluída nas classes comuns de ensino regular, nos termos do inciso IV do art. 2º, terá direito a acompanhante especializado.
Vale destacar, ainda, que o indivíduo com TEA tem direito à Carteira de Identificação da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista (Ciptea). De acordo com a Lei nº 12.764, a Ciptea tem por função “garantir atenção integral, pronto atendimento e prioridade no atendimento e no acesso aos serviços públicos e privados, em especial nas áreas de saúde, educação e assistência social”.