O Dia do Hino Nacional Brasileiro é celebrado em 13 de abril. Essa data remonta ao dia em que foi executada pela primeira vez a letra do Hino Nacional Brasileiro, no ano de 1831. Antes desse dia, o hino considerado símbolo do Brasil enquanto nação era o Hino da Independência, composto pelo próprio imperador Dom Pedro I, em 1822.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Música de Francisco Manuel da Silva e a primeira letra, de Ovídio Saraiva
- 2 - Reforma de Alberto Nepomuceno e a segunda letra, de Osório Duque-Estrada
Música de Francisco Manuel da Silva e a primeira letra, de Ovídio Saraiva
A música, isto é, a parte instrumental do hino, foi composta por Francisco Manuel da Silva (1795-1865) por ocasião do que havia ocorrido em 7 de abril de 1831, no Brasil: a abdicação de Dom Pedro I. É sabido que Dom Pedro I abdicou do trono brasileiro em favor de seu filho D. Pedro de Alcântara (mais tarde, Dom Pedro II), em virtude de pressões políticas tanto do Brasil quanto da Europa. Muitos brasileiros dessa época, e entre eles Francisco Manuel da Silva, ficaram entusiasmados com a abdicação, haja vista que, para eles, D. Pedro I representava os interesses lusitanos no Brasil. Por outro lado, seu filho, nascido no Brasil, quando se tornasse imperador, reinaria de fato como brasileiro e para brasileiros. O hino foi composto para celebrar esse futuro pós-abdicação.
À parte instrumental do hino foi acrescida quase que imediatamente a letra de Ovídio Saraiva de Carvalho e Silva, que possuía um forte conteúdo antilusitano, mas que depositava esperança na Regência no futuro da monarquia constitucional com D. Pedro II no poder. Foi essa letra que, atrelada à música de Francisco Manuel da Silva, passou a ser executada a partir de 13 de abril 1831, na então capital do Império, o Rio de Janeiro. Segundo jornais que circulavam na capital à época, o local da execução foi o Teatro São Pedro de Alcântara.
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Reforma de Alberto Nepomuceno e a segunda letra, de Osório Duque-Estrada
Apesar de a parceria entre a música de Francisco Manuel da Silva e de Ovídio Saraiva ter tido bastante repercussão no período regencial, com o tempo, ao longo do Segundo Império, ela acabou sendo desfeita, e o Hino Nacional era executado somente com a parte instrumental. Com o advento da República, em 1889, foi realizado um concurso para a composição de um novo hino para o Brasil com o objetivo de substituir a música de Francisco M. Da Silva. Todavia, o hino eleito desagradou profundamente o marechal Deodoro da Fonseca (então primeiro presidente da República do Brasil), e a música de Francisco M. Da Silva continuou como o Hino Nacional Brasileiro.
Na segunda década da República, o hino ainda permaneceu sem uma nova letra. A situação mudou quando, em 1906, um compositor do Instituto Nacional de Música, Alberto Nepomuceno, propôs ao então presidente da República, Afonso Pena, que fosse realizada uma reforma no Hino Nacional. Essa reforma provocaria algumas alterações na parte musical, mas sem retirar a essência da composição original de Francisco Manuel da Silva. Além disso, estava incluso como parte da reforma um concurso para eleger uma letra (um poema) que se adequasse ao hino. O vencedor desse concurso foi o poeta e professor Osório Duque-Estrada (1870-1927). O poema de Duque-Estrada, que atendia aos anseios nacionalistas dos políticos republicanos, acabou por se adequar muito bem à antiga música de Francisco Manuel.
Apesar da adequação entre música e letra, realizada por Nepomuceno e Duque-Estrada, o nosso Hino Nacional só foi oficializado em 1922 e isso “após longos anos de debates na Câmara Federal e controvérsias na imprensa, às pressas, aos 6 de setembro, véspera das comemorações do centenário da Independência”, como bem aponta o pesquisador Avelino Romero Simões Pereira.|1|
Nota
|1| PEREIRA, Avelino Romero Simões. Hino Nacional Brasileiro: que história é esta? In: Rev. Inst. Est. Bras., SP, 38., 1995. p. 34.