O negacionismo é a rejeição a fatos científicos e a eventos históricos que são comprovados por especialistas da área. Assim sendo, os negacionistas são aqueles que negam evidências empíricas e acontecimentos factuais, acreditando voluntariamente em falsas ideias baseadas em teorias conspiratórias, isto é, que não têm comprovação.
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Tópicos deste artigo
Resumo
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Negacionismo é um termo usado em referência a teorias defendidas por pessoas que optam por negar fatos comprovados da realidade.
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Os negacionistas partem de uma postura irracional e negam, por vontade própria, informações e fatos que são comprovados pelos estudiosos da área.
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O negacionismo se utiliza de uma boa retórica, mas também de manipulação da informação, supressão de evidências, falsos especialistas, teorias conspiratórias, etc.
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Uma das maiores teorias negacionistas é a que nega a existência do Holocausto, evento com larga comprovação na historiografia.
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Outras teorias negacionistas de maior circulação é o negacionismo do aquecimento global e a teoria que defende que a Terra é plana.
Entendendo o negacionismo
O negacionismo é um termo que é utilizado para se referir a pessoas que escolhem voluntariamente negar fatos comprovados da realidade. O termo é principalmente utilizado para se referir a pessoas que optam por negar fatos da ciência e fatos da história. Os negacionismos partem de teorias da conspiração e se respaldam em informações imprecisas e manipuladas, ocorrendo necessariamente quando há a negação de algum fato que é consenso na comunidade científica.
No caso do campo científico, o negacionismo ocorre quando um fato da ciência que foi observado, estudado e atestado entre os pares é negado com base em informações imprecisas. No campo da história, o negacionismo acontece quando um fato histórico largamente estudado e que possui evidências históricas de seu acontecimento é negado.
O negacionismo é entendido como uma postura irracional, uma vez que não se respalda em comprovação empírica e factual. Sendo assim, é entendido como uma escolha da pessoa que prefere negar um fato a reconhecer uma verdade inconveniente.
As teorias negacionistas possuem características semelhantes que nos ajudam a entender o funcionamento de um raciocínio negacionista. O primeiro ponto de partida para que uma teoria conspiratória com conteúdo negacionista prospere é o bom uso da retórica, isto é, a capacidade de argumentação de uma pessoa. Sendo assim, por meio de uma boa retórica, é possível convencer outra pessoa de um determinado assunto, mesmo que seja uma mentira.
Outras características comuns às teorias negacionistas são:
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Teorias conspiratórias: muitos negacionistas utilizam expressões vazias anunciando “verdades que os poderosos não querem que você saiba”. Expressões do tipo são manifestadas sem nenhum tipo de comprovação que as sustente.
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Supressão de evidências: a apropriação de casos específicos para comprovar um negacionismo. Nesse sentido, estamos nos referindo à utilização de um fato fora de seu contexto com o objetivo de sustentar um argumento falso.
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Falsos especialistas: os negacionistas muitas vezes se escoram em supostos especialistas, isto é, pessoas que se apresentam como grandes conhecedores do assunto, mas que, na verdade, são charlatães.
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Manipulação da informação: os negacionistas realizam a manipulação das informações para sustentar seu argumento e, no caso da ciência, podem falsificar todo o processo de comprovação científica para obter um falso resultado.
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Exemplos de negacionismo
As teorias negacionistas estão cada vez mais comuns e são um fenômeno diretamente ligado com a divulgação de fake news, sobretudo por meio da internet. Entretanto, o negacionismo é algo que já existia antes da internet surgir e se tornar popular. Na história e na ciência, são inúmeros os exemplos e veremos alguns deles neste texto.
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Negacionismo do Holocausto
Um dos negacionismos de maior alcance foi o do Holocausto. Seus adeptos negam a existência desse fato histórico enquanto um genocídio organizado pela Alemanha Nazista contra os judeus. Basicamente os negacionistas do Holocausto não acreditam que os judeus foram vítimas de um genocídio e, para eles, as mortes de judeus resultaram da guerra, e não de uma política de extermínio estabelecida pelo Estado alemão. Assim, nesse negacionismo, há, por exemplo, a ideia de que não havia câmaras de gás para matar os judeus.
O negacionismo do Holocausto ganhou evidência por conta de um caso que foi levado ao cinema. Em 1996, a historiadora Deborah Lipstadt, uma grande especialista em Holocausto, foi processada por um escritor negacionista chamado David Irving.
David Irving, que era um simpatizante do nazismo e escritor, foi mencionado como um negacionista em um livro de Lipstadt. Ele processou a historiadora, mas foi derrotado na Justiça quando ficou provado que ele promovia, sim, a negação do Holocausto. Esse caso é, até hoje, um dos exemplos mais significativos de negacionismo da história.
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Outros negacionismos
O negacionismo do Holocausto não é o único tipo de negacionismo. Historicamente falando, outros eventos históricos e outras definições científicas foram alvo de teorias negacionistas. Alguns casos são os seguintes:
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Negacionistas do aquecimento climático: o aquecimento global é um termo da ciência que explica o aumento da temperatura na Terra e suas consequências por meio da ação humana. Esse é um fato largamente estudado e comprovado pelos cientistas de todo o planeta, mas alguns negacionistas dizem que se trata de uma farsa, enquanto outros afirmam que o aquecimento da Terra não tem relação com a ação humana.
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Terra plana: os adeptos dessa teoria conspiratória e negacionista discordam do fato de a Terra ser esférica. O fato de o planeta ser esférico é algo do conhecimento humano desde a Antiguidade clássica e atualmente isso pode ser facilmente comprovado graças à tecnologia e à quantidade de satélites que orbitam a Terra. Ainda assim, existem aqueles que defendem a falsa ideia de que a Terra é plana.
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Negacionismo do genocídio armênio: outro fato histórico largamente comprovado pelos historiadores é o genocídio armênio, isto é, a política de limpeza étnica que foi promovida pelo Império Otomano contra os armênios durante a Primeira Guerra Mundial. O próprio governo da Turquia, herdeiro do Império Otomano, ainda não reconhece tal genocídio.
Outros negacionismos também existem e propagam desinformação, como o negacionismo da aids, o negacionismo do evolucionismo, o negacionismo de que o cigarro causa câncer, o negacionismo do genocídio promovido contra bosníacos durante a Guerra da Bósnia e, mais recentemente, casos de pessoas que promoveram negacionismo em relação à covid-19, espalhando desinformação acerca de falsos tratamentos e questionando as formas de combate e prevenção à doença que são defendidas pelos maiores especialistas no assunto: os infectologistas.
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