A cada quatro anos, nossos olhos se voltam para um dos maiores eventos esportivos existentes: a Copa do Mundo. Essa competição de futebol foi criada em 1930, após anos de esforços de Jules Rimet, à época presidente da Federação Internacional de Futebol (Fifa). Entre 1930 e 2014, foram realizadas vinte edições, cada uma com suas histórias marcantes.
Atualmente, a Copa do Mundo conta com 32 equipes (modelo implementado em 1998). No entanto, a partir de 2026, o torneio terá 48 seleções. Essa decisão de aumentar a quantidade de participantes desagradou muitos especialistas, para quem a competição perderá qualidade técnica.
Acompanhar a história das Copas do Mundo é observar também a evolução histórica da humanidade ao longo dos séculos XX e XXI. O campeonato reflete, em parte, as transformações políticas e os acontecimentos que marcaram esse período. Além disso, os Mundiais também foram usados de maneira política por alguns regimes desde sua fundação.
Tópicos deste artigo
- 1 - Estatísticas sobre a Copa do Mundo
- 2 - Maiores goleadas
- 3 - Maiores artilheiros
- 4 - Domínio sul-americano e europeu
- 5 - Maiores finalistas da história
- 6 - Polêmicas e conspirações
Estatísticas sobre a Copa do Mundo
-
Maiores goleadas
As duas maiores goleadas da história da Copa foram realizadas pela Hungria. Em 1982, os húngaros venceram El Salvador por 10x1 e, em 1954, ganharam da Coreia do Sul por 9x0. A Iugoslávia também conseguiu impor uma goleada de 9x0 sobre o Zaire (atual República Democrática do Congo) em 1974.
Uma nota triste a respeito das goleadas: a seleção anfitriã que sofreu a maior goleada na história das Copas do Mundo foi exatamente o Brasil, que em 2014 perdeu para a Alemanha por 7x1.
-
Maiores artilheiros
Os três maiores artilheiros de todas as edições de Copa do Mundo são:
-
Miroslav Klose (Alemanha): 16 gols
-
Ronaldo (Brasil): 15 gols
-
Gerd Müller (Alemanha): 14 gols
O maior artilheiro em uma única edição de Copa do Mundo é o francês Just Fontaine, que em 1958 conseguiu o feito de marcar 13 gols.
-
Domínio sul-americano e europeu
No decorrer das vinte edições de Copa do Mundo, todos os campeões saíram da Europa ou da América do Sul. A distribuição dos títulos encontra-se da seguinte maneira: 11 títulos para os europeus e 9 para os sul-americanos.
Esse domínio fica evidenciado por conta de mais uma estatística: somente duas seleções de outras partes do planeta estiveram entre as quatro melhores colocadas. Em 1930, no primeiro Mundial, os Estados Unidos alcançaram o 3º lugar. Já em 2002, a Coreia do Sul conquistou um histórico 4º lugar. O continente africano nunca teve uma seleção semifinalista. Os melhores desempenhos de seleções africanas foram obtidos por Camarões (1990), Senegal (2002) e Gana (2010), que chegaram às quartas de final (oito melhores).
A Oceania teve como destaque a participação da seleção da Austrália, que em 2006 passou para as oitavas de final (16 melhores). Isso não acontecerá de novo, já que atualmente a Austrália compete pela federação de futebol da Ásia, e não mais da Oceania.
-
Maiores finalistas da história
As duas nações que mais vezes chegaram à final de uma Copa do Mundo são Alemanha e Brasil. Os alemães participaram oito vezes da final – ganharam em 1954, 1974, 1990 e 2014 e foram derrotados em 1966, 1982, 1986 e 2002. Já o Brasil esteve em 7 finais, vencendo em 1958, 1962, 1970, 1994 e 2002 e sendo derrotado em 1950 e 1998.
Uma curiosidade a respeito da competição de 1950 é que os critérios de decisão aconteceram por pontos, e não em jogo eliminatório (conhecido como mata-mata). Isso significa que não haveria uma final nos moldes aos quais estamos acostumados, até mesmo porque bastaria um empate para dar o título ao Brasil. Coincidentemente, a partida do quadrangular final que decidiu a Copa foi travada justamente entre Brasil e Uruguai – com a vitória por 2x1, os uruguaios saíram campeões.
Outras seleções que merecem destaque são Itália e Argentina, que chegaram à final seis e cinco vezes, respectivamente. A Holanda é a nação que mais vezes esteve em decisões de Copa do Mundo sem, no entanto, vencer nenhuma. Os holandeses alcançaram a final por três vezes (1974, 1978 e 2010) e foram derrotados em todas.
Polêmicas e conspirações
Copa de 1978 segue até hoje como uma das mais polêmicas de todos os tempos
Créditos da imagem: Olga Popova e Shutterstock
Como acontece em toda competição desse porte, os Mundiais são acompanhados de polêmicas, as quais atravessaram décadas e até hoje são debatidas por torcedores mundo afora. Destacamos a seguir duas delas.
Na Copa de 1954, realizada na Suíça, aqueles que acompanharam o campeonato ficaram encantados com o futebol praticado pela Hungria, seleção comandada por Puskás e Kocsis. Os húngaros estavam invictos havia quatro anos, e a campanha deles até a final foi avassaladora. Venceram a Coreia do Sul por 9x0 e a Alemanha Ocidental por 8x3.
Nas quartas de final, ganharam do Brasil por 4x2 e, nas semifinais, do Uruguai pelo mesmo placar. Na decisão, encontraram novamente a Alemanha Ocidental, a quem haviam goleado na primeira fase. Começaram vencendo por 2x0, mas acabaram derrotados por 3x2, o que permitiu aos alemães conquistar seu primeiro título. Esse jogo é conhecido na Alemanha como Milagre de Berna.
A grande polêmica a respeito dessa partida é que alguns especialistas apontam o fato de que os alemães jogaram dopados. Não havia controle de doping nesse Mundial e sabe-se que os atletas receberam injeções de vitamina C. Já recentemente, um novo estudo apontou para o uso de Pervitin, uma metanfetamina que ajudava a aumentar o desempenho físico.
Outra polêmica aconteceu em 1978, durante a Copa do Mundo realizada na Argentina. Na segunda fase, Brasil, Peru, Polônia e Argentina estavam competindo para alcançar a final (somente o primeiro passaria). Na última rodada, Brasil e Argentina decidiriam o finalista. Quem vencesse sua partida e obtivesse o maior saldo de gols seria classificado.
Tanto o Brasil (que encarou Polônia) quanto a Argentina (que enfrentou Peru) jogariam no mesmo horário, mas, inexplicavelmente, a partida da Argentina foi adiada por duas horas. Quando o jogo do Brasil terminou, os argentinos sabiam que precisavam vencer o Peru por 4x0 para se classificar.
A partida até hoje levanta polêmicas, pois os jogadores peruanos muitas vezes caminhavam pelo campo e assistiam passivamente os argentinos jogarem. Ao final, o resultado foi um inexplicável 6x0 para os argentinos sobre uma das melhores seleções do Peru de todos os tempos. Até hoje, levantam-se teorias de que houve um arranjo feito pela ditadura argentina para classificar a seleção da casa.
Nunca se soube o que realmente aconteceu – se foi apenas um dia ruim dos peruanos ou se aconteceu mesmo esse arranjo, mas há jogadores peruanos e jornalistas sul-americanos que afirmam ter existido suborno. Provavelmente, nunca saberemos o que de fato ocorreu.
*Créditos da imagem: Fabio Diena e Shutterstock