A vacina BCG é uma importante vacina que protege contra as formas graves de tuberculose. Ela é aplicada em dose única por via intradérmica e é conhecida por formar uma cicatriz vacinal. Por muito tempo, recomendou-se que, caso a cicatriz não surgisse, a revacinação fosse feita. Hoje em dia, essa recomendação não existe. A vacina apresenta atualmente duas indicações: crianças até 5 (cinco) anos de idade e contatos intradomiciliares de pacientes com hanseníase. No 1º de julho, é celebrado o Dia da Vacina BCG.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Resumo sobre vacina BCG
- 2 - O que é a vacina BCG?
- 3 - Importância da vacina BCG
- 4 - Quando a BCG deve ser aplicada?
- 5 - Efeitos adversos da BCG
- 6 - É necessário revacinar crianças sem cicatriz vacinal pós-BCG?
- 7 - Vacina BCG e covid-19
Resumo sobre vacina BCG
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Garante prevenção contra formas graves de tuberculose.
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É fabricada de uma cepa atenuada da bactéria Mycobacterium bovis.
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É aplicada em dose única por via intradérmica.
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Provoca o desenvolvimento de uma cicatriz característica.
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Atualmente o Brasil não recomenda a revacinação de crianças que receberam a vacina BCG e não desenvolveram cicatriz vacinal.
O que é a vacina BCG?
A vacina BCG (Bacilo de Calmette-Guérin) foi criada por Albert Calmette e Camille Guerin e é utilizada, desde 1921, para garantir a prevenção contra formas graves de tuberculose. Ela é fabricada utilizando a bactéria Mycobacterium bovis, de origem bovina e semelhante à bactéria que provoca tuberculose em humanos, a Mycobacterium tuberculosis. Para a fabricação da vacina, a bactéria é atenuada com glutamato de sódio.
As vacinas BCG utilizadas em diferentes partes do mundo são fabricadas de cepas distintas. De acordo com o Manual de Normas de Procedimentos para Vacinação do Ministério da Saúde, a subcepa utilizada no Brasil é a Moreau-Rio de Janeiro, mantida sob sistema de lote-semente no Status Serum Institut de Copenhagen, na Dinamarca.
Atualmente a vacina BCG é aplicada em dose única por via intradérmica. É recomendado que seja aplicada na inserção inferior do músculo deltoide direito, a fim de facilitar a identificação da cicatriz provocada pela vacina.
Importância da vacina BCG
A vacina BCG é importante para garantir a proteção de crianças contra as formas mais graves de tuberculose, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. É importante destacar que a vacina não oferece prevenção 100% contra a tuberculose pulmonar.
Estudos demonstraram grande variação na efetividade da vacina para tuberculose pulmonar, a qual varia de 0 a 80%. Diversos fatores estão relacionados com essa variação, dentre os quais podemos citar a exposição às micobactérias ambientais bem como a variabilidade biológica da BCG devido à utilização de diferentes cepas.
Quando a BCG deve ser aplicada?
É recomendado que a vacina BCG seja aplicada preferencialmente nas primeiras 12 horas após o nascimento da criança. No entanto, ela pode ser administrada até 4 anos, 11 meses e 29 dias após o nascimento. Além de crianças, a vacina BCG é indicada para contato intradomiciliar de pacientes com hanseníase.
Vale destacar que a vacina BCG não é recomendada para crianças que apresentam peso inferior a 2 kg. Além disso, é contraindicada para pessoas imunodeprimidas, gestantes e pessoas hospitalizadas com comprometimento do estado geral. Nesse último caso, recomenda-se que a vacinação seja feita após melhora do quadro clínico.
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Efeitos adversos da BCG
A vacina BCG, bem como outras vacinas e medicamentos, pode provocar efeitos adversos. O efeito adverso mais comum dessa vacina ocorre no local da aplicação. É comum que nesse local se forme uma lesão ulcerada com cicatrização lenta. É importante que na lesão formada não se coloque curativo ou medicamento. Além da formação da famosa cicatriz, outros eventos adversos podem ocorrer. Estes incluem febre, dor muscular, dor de cabeça e cansaço. Raramente reações alérgicas graves são observadas.
É necessário revacinar crianças sem cicatriz vacinal pós-BCG?
Inicialmente, crianças vacinadas com a vacina BCG e que não apresentavam cicatriz vacinal após seis meses, deviam ser revacinadas. Atualmente, no entanto, essa recomendação não é mais feita. Em fevereiro de 2018, a Organização Mundial da Saúde (OMS) publicou atualizações sobre a vacina BCG.
No documento, a OMS ressaltou que a ausência de cicatriz não indicava que a criança não possuía proteção contra a doença, não indicando a revacinação. Em 2019, o Ministério da Saúde publicou nota informativa em que afirmou:
Considerando o posicionamento da OMS acerca do assunto, o PNI seguirá a recomendação de não revacinar crianças que receberam a vacina BCG e não desenvolveram cicatriz vacinal, independentemente do tempo transcorrido após a vacinação.
Após a publicação da nota informativa, o Brasil suspendeu a revacinação em casos de não formação da cicatriz vacinal.
Vacina BCG e covid-19
A covid-19 é uma doença provocada por um coronavírus e que teve seus primeiros casos registrados em 2019. Em 2020, foi responsável por iniciar uma grande pandemia que levou centenas de milhares de pessoas à morte.
Com a finalidade de barrar o avanço da doença, vários estudos foram realizados ao redor do mundo. Alguns desses estudos levantaram a hipótese de que a vacina BCG poderia ser capaz de gerar certa proteção contra covid-19. A hipótese foi levantada após a observação de que, em alguns locais do mundo em que a vacina BCG era aplicada, havia um menor número de casos de covid-19.
Além disso, pesquisadores destacaram o fato de que crianças não eram tão suscetíveis à doença quanto adultos, o que poderia estar relacionado com a resposta imune gerada pela BCG. Até o momento, não há evidências concretas de que a vacina BCG proteja contra o coronavírus causador da covid-19. No entanto, vale destacar, estudos ainda estão sendo realizados nessa área.