A síndrome de Asperger é um transtorno popularmente conhecido como um autismo leve. Atualmente essa síndrome, de acordo com o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição, está classificada dentro do transtorno do espectro autista — um transtorno do desenvolvimento neurológico que se caracteriza por dificuldades de interação e comunicação social bem como pela presença de comportamentos e/ou interesses repetitivos e restritos.
O TEA é um transtorno sem cura, porém indivíduos dentro do espectro são muito beneficiados com a adoção de terapias precoces, as quais garantem melhoria, entre outros aspectos, na comunicação e interação social.
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Tópicos deste artigo
- 1 - Síndrome de Asperger X autismo
- 2 - O que é o transtorno do espectro autista (TEA)?
- 3 - Quem foi Hans Asperger?
Síndrome de Asperger X autismo
Até pouco tempo, considerava-se as síndromes autísticas e a de Asperger como dois distúrbios distintos. Entretanto, com a publicação do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5.ª edição (DSM-5), o transtorno autista (autismo), o transtorno de Asperger, o transtorno desintegrativo da infância, o transtorno de Rett e o transtorno global do desenvolvimento sem outra especificação do DSM-4 passaram a ser diagnosticados como transtorno do espectro autista.
De acordo com o manual, “os sintomas desses transtornos representam um continuum único de prejuízos com intensidades que vão de leve à grave nos domínios de comunicação social e de comportamentos restritivos e repetitivos em vez de constituir transtornos distintos”.
Anteriormente a síndrome de Asperger era caracterizada como um transtorno que provocava prejuízo na interação social e interesses e comportamentos limitados. Indivíduos com a síndrome eram diferenciados dos autistas devido, geralmente, a não apresentarem atraso na linguagem verbal e terem a cognição preservada. Devido a essas características, ela era frequentemente definida como um autismo leve.
O que é o transtorno do espectro autista (TEA)?
O transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado pelo deficit de comunicação e interação social e por padrões repetitivos e restritivos de comportamento, atividades e interesses.
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Sinais
As pessoas com TEA apresentam dificuldade em manter o contato visual, expressar as emoções, manter um diálogo e estabelecer amizades. Podem ter, ainda, dificuldade de sair da rotina, interesse intenso por determinadas coisas, e dificuldade de imaginação. Essas barreiras apresentam-se em diferentes graus, podendo impactar levemente ou severamente a vida do indivíduo.
Apesar de o TEA apresentar sinais desde o nascimento, muitas crianças recebem um diagnóstico tardio, o que prejudica o seu desenvolvimento.
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Tratamento
Intervenções precoces favorecem o desenvolvimento da linguagem e de interação social da pessoa dentro do espectro, portanto, terapias são recomendadas desde a infância. Entre os profissionais que ajudam no desenvolvimento do indivíduo com TEA, estão os psicólogos, pediatras, neurologistas, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. Como cada indivíduo é único, as terapias são também direcionadas especificamente para cada pessoa, a fim de desenvolver por completo todas as suas potencialidades.
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Diagnóstico
Para que um diagnóstico precoce seja realizado, é fundamental que os pais e médicos estejam atentos a alguns sinais do TEA. No primeiro ano de vida, por exemplo, alguns dos sinais que podem ajudar a estabelecer um diagnóstico são: perda de habilidades já adquiridas, como o balbucio; falta de atenção à face humana; maior interesse por objetos do que pessoas; pouco ou nenhuma vocalização; baixa reciprocidade social; interesses não usuais; baixo contato ocular; e não seguir objetos e pessoas próximos em movimento.
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Quem foi Hans Asperger?
Hans Asperger (1906-1980) foi um pediatra austríaco considerado pioneiro na área de psiquiatria infantil, sendo responsável por pesquisas sobre o autismo. O nome síndrome de Asperger foi uma forma de homenagear o médico.
No entanto, Hans Asperger teve envolvimento na seleção de vítimas para o programa nazista de “eutanásia” infantil, segundo o trabalho “Hans Asperger, National Socialism, and ‘race hygiene’ in Nazi-era Vienna”, publicado em 2018. De acordo com essa publicação, o médico participava de uma comissão que categorizava as crianças de acordo com as habilidades intelectuais e as capacidades que possuíam.
Algumas delas, consideradas “não educáveis”, eram enviadas para a unidade onde se realizava a “eutanásia”. Esses fatos mostram que o pediatra cooperou ativamente com o programa nazista, e, por isso, o uso do termo síndrome de Asperger é questionado por várias pessoas.