A hipertensão arterial é um problema grave muito comum, que atinge cerca de 10% das gestações e representa a primeira causa de mortalidade materna no Brasil. Grávidas com hipertensão arterial apresentam níveis de pressão maiores que 140/90mmHg e estão sujeitas ao desenvolvimento de várias síndromes, como a pré-eclâmpsia e a eclâmpsia.
A pré-eclâmpsia inicia-se geralmente a partir da segunda metade da gravidez e caracteriza-se por uma hipertensão associada à proteinúria (perda de proteínas pela urina). Às vezes, associados a esses sintomas, também podemos observar a presença de edemas e problemas na coagulação.
A pré-eclâmpsia acomete geralmente mulheres nos extremos da idade fértil, ou seja, mulheres abaixo dos 18 anos e acima dos 35 anos. Além disso, há maior relato de casos em mulheres com hipertensão crônica, pacientes com diabetes mellitus, mulheres que apresentam algum familiar de primeiro grau que já apresentou pré-eclâmpsia, pacientes que já apresentaram a doença, gestação múltipla, entre outros fatores.
As causas da enfermidade ainda não estão bem esclarecidas, havendo várias hipóteses que tentam explicar por que isso acontece. Dentre as diversas teorias, as mais aceitas sugerem que alguns aspectos imunológicos e genéticos, bem como alguma falha na placentação, estão relacionados com o surgimento da pré-eclâmpsia.
A pré-eclâmpsia pode ser classificada em leve e grave. Na sua forma leve, a pressão fica em torno de 140/90mmHg, a proteinúria é maior que 300mg em amostra de 24 horas e a paciente apresenta edema. Já na forma grave, a paciente apresenta pressão em repouso igual ou superior a 160/110 mmHg, proteinúria maior que 2g em uma amostra de urina de 24 horas e oligúria. Pacientes na forma grave da pré-eclâmpsia podem apresentar ainda sintomas como: alterações visuais, falta de ar, dor de cabeça, dor epigástrica, enjoo, vômitos, sangramentos vaginais, entre outros.
Uma mulher que apresenta pré-eclâmpsia pode ter seu quadro complicado e desenvolver a eclâmpsia, que se caracteriza por episódios de convulsões, podendo levar inclusive ao coma. Ela pode ocorrer após a 20º semana de gravidez, entretanto o quadro pode surgir durante o parto e até dois dias após o nascimento da criança. A eclâmpsia leva diversas mulheres à morte todo o ano, sendo que o óbito materno ocorre em virtude de hemorragias cerebrais, edema pulmonar, quadros de insuficiência renal, insuficiência hepática e complicações respiratórias.
O tratamento é diferente em cada caso, sendo influenciado principalmente pela época da gestação e saúde do feto, sendo que o ideal é realizar o parto o quanto antes para evitar problemas à mãe e ao bebê. Geralmente o parto é indicado em gestações com 38 semanas ou mais, entretanto, em mulheres que apresentam pré-eclâmpsia grave, ele é indicado a partir da 34º semana. Em caso de eclâmpsia, a conduta adequada é estabilizar o quadro da paciente e realizar o parto, independente da idade gestacional.
Quando não é possível a realização do parto, principalmente em virtude da idade gestacional, indica-se repouso, tratamento com sulfato de magnésio para evitar possíveis convulsões, controle da pressão arterial e tratamento com corticosteroides para acelerar a formação do pulmão do feto. A total maturação pulmonar do feto é essencial para que seja realizado o parto, uma vez que aumenta a chance de sobrevivência em casos de partos antecipados.
Diante da gravidade da pré-eclâmpsia e eclâmpsia, faz-se necessário o acompanhamento de toda gestação, sendo fundamental comunicar ao médico qualquer sintoma desagradável, como inchaços e dores de cabeça. Durante o pré-natal, o médico poderá acompanhar as modificações na pressão arterial, bem como a proteinúria, podendo assim fazer um diagnóstico mais preciso da doença.