A gravidez molar, também conhecida como mola hidatiforme, é um tipo de gravidez considerado pouco frequente entre as mulheres. Apesar disso, o conhecimento a respeito dessa complicação é fundamental, uma vez que ela pode evoluir para formas malignas, colocando a vida da mãe em risco. Apesar de não existirem dados confiáveis sobre a frequência dessa doença no Brasil, acredita-se que ela ocorra em 1 a cada 215 gestações.
A mola hidatiforme (MH) é um tipo de doença trofoblástica gestacional, assim como a neoplasia trofoblástica gestacional, o coriocarcinoma e o tumor trofoblástico de leito placentário. A mola pode ser dividida em dois grupos: a completa e a parcial. Uma forma difere-se da outra principalmente em relação a aspectos histopatológicos e ao cariótipo.
De uma maneira geral, a MH completa diferencia-se da parcial porque, no primeiro caso, não há embrião. Além disso, ela ocorre em razão da fecundação de um óvulo sem cromossomos por um espermatozoide com cariótipo duplicado ou por dois espermatozoides, o que gera um cariótipo 46 XX ou 46 XY. Já a forma parcial ocorre em virtude da fecundação de um óvulo normal por dois espermatozoides ou então por um diploide, o que, por sua vez, gera um cariótipo triploide ou tetraploide. É importante frisar que as duas formas também se diferenciam pelo risco de desenvolvimento de uma neoplasia trofoblástica gestacional. Na MH completa, estima-se que até 20% dos casos desenvolvam uma forma maligna, contra 5% da MH parcial.
Na maioria dos casos, a mulher não consegue perceber que está com a doença, principalmente porque os sintomas iniciais são de uma gestação normal. Percebe-se que algo está errado a partir do momento em que ocorre o sangramento transvaginal, normalmente com sangue mais escuro e que pode ou não ser acompanhado de cólica. Em casos mais raros, há ocorrência de pressão alta, problemas respiratórios e de coagulação, além de hipertireoidismo.
Por apresentar sintomas que se assemelham a um aborto retido ou incompleto, geralmente o diagnóstico só é feito após a avaliação do material obtido na curetagem, sendo, portanto, fundamental a análise histopatológica de qualquer produto obtido na curetagem ou aspiração. Nem todas as vezes é possível realizar o diagnóstico através da ultrassonografia, porém esse exame pode indicar alguns achados sugestivos da doença. Além disso, a dosagem de hCG (gonadotrofina coriônica) tende a ser superior ao valor esperado para a idade gestacional da mulher, ajudando assim no diagnóstico.
Após a confirmação da MH, é fundamental que o útero seja esvaziado, o que torna necessário um procedimento cirúrgico. Geralmente é realizada a técnica de vácuo-aspiração ou curetagem, e esses procedimentos podem ser repetidos em certos casos.
É fundamental a continuação do acompanhamento médico após o esvaziamento, uma vez que o risco de desenvolvimento de uma neoplasia existe. É essencial que a dosagem do hCG seja feita semanalmente para verificar se os níveis estão diminuindo. Após três dosagens negativas, ou seja, com valor inferior a 5 mUI/mL, elas passam a ser mensais e devem ser feitas por um período de seis meses a um ano, dependendo do caso. Durante esse período, a paciente não pode engravidar. Além disso, se houver sangramento durante esse tempo, deverá ser feita a investigação das causas.
Toda mulher que teve mola hidatiforme deve continuar o acompanhamento até o final, fazendo a dosagem de hCG de acordo com o solicitado pelo médico. Após o acompanhamento, a mulher poderá engravidar novamente, apesar de haver um pequeno risco de uma nova gravidez molar. O ideal é conversar com o médico caso haja o desejo por uma nova gestação, que deverá receber acompanhamento constante.