O mesentério, por muito tempo, foi considerado apenas uma membrana que garantia sustentação aos intestinos. Entretanto, estudos recentes indicaram que ele deveria ser reclassificado, passando a ser considerado um órgão único e contínuo. Essa descoberta não trouxe grandes mudanças no entendimento de como ocorre o processo digestivo, entretanto, pode permitir que algumas doenças sejam mais bem compreendidas e novas técnicas cirúrgicas possam ser desenvolvidas.
→ O mesentério e sua descrição clássica
O mesentério é descrito classicamente como uma membrana revestida por mesotélio nos dois lados que tem como função suportar os intestinos. Ele é formado por tecido conjuntivo, sendo rico em fibras elásticas e colágenas e é semitransparente. Em virtude dessa última propriedade, é fácil observá-lo em microscópio de luz, não havendo a necessidade da realização de cortes anatômicos.
O mesentério garante que o intestino permaneça no seu local adequado, mas também garante sua nutrição e inervação. Para manter o intestino na posição correta, o mesentério prende as alças intestinais à parede interna da cavidade abdominal. À medida que as alças intestinais contraem-se e relaxam-se, o mesentério acompanha seus movimentos.
→ Recentes descobertas sobre o mesentério
Uma revisão publicada na revista The Lancet Gastroenterology & Hepatology, em 2016, intitulada “The mesentery: structure, function, and role in disease”, sugeriu a reclassificação do mesentério como um órgão. Para os pesquisadores que realizaram o estudo, John Calvin Coffey e D. Peter O'Leary, o mesentério deve ser considerado um órgão porque é uma estrutura contínua e não está presente em apenas algumas partes, como se acreditava até então.
Com a reclassificação do mesentério em órgão, faz-se necessário compreender melhor seu funcionamento e papel no organismo, que pode ir além da sustentação, inervação e nutrição. Quando o entendimento desse órgão estiver completo, será possível compreender melhor doenças que podem atingi-lo e até mesmo como malformações podem afetar o funcionamento do corpo. Como o mesentério está localizado desde o duodeno até o reto, esse órgão pode estar envolvido com problemas como a doença de Crohn, câncer colorretal e doença inflamatória intestinal. Além disso, com os avanços nos estudos sobre o mesentério, será possível o desenvolvimento de procedimentos cirúrgicos menos evasivos e mais eficientes no tratamento de problemas no sistema digestório.
O trabalho original de John Calvin Coffey e D. Peter O'Leary pode ser encontrado aqui!