A maconha é uma droga extremamente conhecida e também utilizada em todo o mundo. Estima-se que 10% dos que utilizam essa droga tornam-se usuários diários dela. Essa planta, que é usada para fins recreacionais e também medicinais, é, sem dúvidas, motivo de polêmica quando o assunto é seu uso. Afinal, trata-se de um produto que não causa danos à saúde?
Tópicos deste artigo
- 1 - → Características da maconha
- 2 - → Efeitos do uso da maconha
- 3 - → Maconha e a dependência
- 4 - → Uso medicinal da maconha
→ Características da maconha
A maconha é uma planta da família Moraceae originária da Ásia Central e apresenta como característica sua capacidade de resistir a diferentes altitudes, climas e solos diferenciados, sendo encontrada principalmente em regiões tropicais e temperadas. Seu nome científico é Cannabis sativa – Cannabis significa cânhamo e sativa está relaciona à cultura plantada ou semeada.
A maconha possui mais de 400 componentes diferentes, e cerca de 60 deles são chamados de canabinoides (grupo de compostos com 21 átomos de carbono presentes na maconha). Seu componente psicoativo principal é o Δ9-tetrahidrocanabinol (Δ9-THC), que causa uma complexa influência no cérebro. Vale destacar que as propriedades psicoativas da maconha variam de acordo com o clima onde a planta foi cultivada.
→ Efeitos do uso da maconha
Os efeitos da maconha no organismo são os mais variados e podem depender de cada usuário. Entre as principais alterações observadas, podemos citar euforia, sensação de relaxamento, sentidos mais aguçados, alteração na percepção do tempo, interferência no tempo de reação, alterações nas capacidades sensoriais, perda de memória de curto prazo, dificuldade de controle motor, boca seca, taquicardia e hipotensão postural (queda de pressão que ocorre quando uma pessoa, anteriormente sentada ou deitada, muda de posição, levantando-se). Além de todos esses efeitos citados, não podemos esquecer das alterações mais graves, como ansiedade, ataques de pânico e aumento de sintomas psicóticos já existentes. Doses muito altas da droga podem desencadear ainda alucinações.
O uso crônico da maconha, de acordo com alguns estudos, relaciona-se com problemas de aprendizagem, improdutividade, apatia, bronquites, tosses crônicas, alteração na imunidade e infertilidade. Vale salientar que a maconha torna-se mais prejudicial quando seu uso começa muito cedo, por muito tempo ou se houver exposição ainda no útero. A curto prazo, a utilização dessa droga não apresenta efeitos prejudiciais evidentes como os que são identificados em outras drogas como a cocaína.
O trabalho de Rigoni et al., intitulado O consumo de maconha na adolescência e as consequências nas funções cognitivas, demonstrou que houve diferença estatística significativa quando compararam as funções cognitivas de 30 usuários de maconha e 30 não usuários. De acordo com esse trabalho, adolescentes usuários apresentaram um desempenho inferior no que diz respeito às funções cognitivas que aqueles que não eram usuários, evidenciando que a maconha pode interferir no funcionamento neuropsicológico de quem a utiliza.
No que diz respeito à esquizofrenia, vários estudos demonstraram que a maconha é capaz de piorar quadros dessa doença, além de desencadeá-la em indivíduos que apresentam predisposição. De acordo com Soares-Weiser et al., em seu trabalho Uso de maconha na adolescência e risco de esquizofrenia, o risco de desenvolver transtornos esquizofrênicos parece estar relacionado à frequência do uso da maconha.
→ Maconha e a dependência
Apesar do que muitos pensam, a maconha pode, sim, causar dependência, e existem vários estudos demonstrando esse padrão. A dependência aumenta de acordo com a quantidade consumida, entretanto, nem todos os usuários tornam-se dependentes. Na realidade, a maioria não apresenta esse quadro. Ribeiro et al., na pesquisa Abuso e dependência da Maconha, cita como sintomas da abstinência dessa droga: fissura, irritabilidade, nervosismo, inquietação, depressão, insônia, redução do apetite e cefaleia (dor de cabeça).
→ Uso medicinal da maconha
A maconha é usada há muito tempo para práticas medicinais, e o primeiro relato desse tipo de uso tem mais de 2000 anos. Seu uso medicinal é permitido em alguns locais dos Estados Unidos e países como Bélgica e Holanda.
O uso da maconha e de seus componentes é bastante defendido por alguns profissionais e pacientes. Isso ocorre porque essa planta apresenta substâncias que possuem efeitos terapêuticos importantes, como a redução de sintomas desencadeados pela quimioterapia, como dor, náusea e vômitos. Substâncias da maconha também são usadas com sucesso para diminuir a perda de apetite em pacientes com AIDS e no tratamento do glaucoma e doenças cardiovasculares.
É importante destacar que, apesar de as substâncias presentes na maconha apresentarem aplicação terapêutica, elas também possuem efeitos psicotrópicos. Sendo assim, alguns efeitos colaterais podem acompanhar os efeitos medicinais. Isso acaba limitando o uso desses produtos derivados da maconha como medicamentos.