Hanseníase

A hanseníase é uma infecção provocada por um bacilo denominado Mycobacterium leprae. Sua transmissão ocorre através do contato prolongado e íntimo com o doente.

A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae.
A hanseníase é uma doença infecciosa causada pelo bacilo Mycobacterium leprae.

Hanseníase é uma infecção crônica contagiosa causada pela bactéria Mycobacterium leprae. Ela é considerada uma das doenças mais antigas do mundo e, apesar de todo conhecimento que se tem atualmente sobre o tema, ainda é uma patologia estigmatizada.

A hanseníase acomete nervos, mucosa e pele, provocando, dentre outros sintomas, surgimento de manchas com perda de sensibilidade e formigamento e dormência nas extremidades. A transmissão acontece de uma pessoa para outra, entretanto, para que ela ocorra, é necessário contato direto e prolongado com o doente.

Nem todas as pessoas que entram em contato com a bactéria desenvolvem a doença, por isso se diz que o bacilo apresenta alta infectividade, porém baixa patogenicidade. A doença apresenta cura, e os medicamentos para seu tratamento são distribuídos gratuitamente pelo SUS.

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Tópicos deste artigo

Resumo sobre hanseníase

  • Hanseníase é uma doença contagiosa de evolução crônica.
  • A doença é causada pela bactéria Mycobacterium leprae.
  • Ela acomete a pele, as mucosas e os nervos.
  • Um dos sintomas é o surgimento de manchas que apresentam alteração na sensibilidade térmica, dolorosa ou tátil.
  • A transmissão ocorre de uma pessoa para outra, entretanto, é necessário contato prolongado e próximo para que isso aconteça.
  • Os pacientes multibacilares constituem a fonte de infecção.
  • A hanseníase tem cura, e o tratamento é disponibilizado gratuitamente pelo SUS.

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O que é hanseníase?

Hanseníase é uma doença infecciosa, contagiosa e de evolução crônica provocada por uma bactéria denominada Mycobacterium leprae. A enfermidade acomete pessoas de qualquer idade e de ambos os sexos. A doença atinge principalmente a pele, as mucosas e os nervos periféricos, possuindo grande potencial para provocar incapacidades físicas, as quais podem gerar até mesmo deformidades.

A bactéria causadora da hanseníase se caracteriza por possuir alta infectividade, sendo capaz de contaminar um grande número de pessoas. Entretanto, trata-se de um bacilo com baixa patogenicidade, uma vez que apesar de infectar muitas pessoas, poucos são os indivíduos que realmente adoecem.

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil ocupa a segunda posição entre os países que registram casos novos. A Sociedade Brasileira de Patologia enfatiza que, no país, ocorrem mais de 30 mil novos casos por ano, e muitas pessoas infectadas não sabem que estão com a doença.

Conhecida no passado como lepra, a hanseníase é considerada uma das enfermidades mais antigas do mundo, conhecida há mais de quatro mil anos. Outrora, as pessoas com hanseníase sofriam com o preconceito, pois a doença era relacionada ao pecado e à impureza. Os pacientes eram excluídos da sociedade, isolados nos chamados leprosários. Devido a toda a história de descriminação e ao teor pejorativo da palavra “lepra”, o termo não deve ser utilizado.

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Transmissão da hanseníase

A transmissão da hanseníase ocorre de uma pessoa para outra quando um indivíduo saudável entra em contato com gotículas de saliva ou secreções do nariz eliminadas pelo doente. A principal via de eliminação do bacilo e infecção de pessoas pela bactéria são as vias aéreas superiores. 

É importante destacar que para que a doença seja transmitida, é necessário contato prolongado e próximo com o doente. Além disso, apenas uma pequena parcela das pessoas que entram em contato com a bactéria desenvolvem a patologia. Pessoas em tratamento param de transmiti-la.

Sintomas da hanseníase

A hanseníase é uma doença que se destaca por apresentar longo período de incubação, demorando em média de dois a sete anos para que os sinais e sintomas da infecção apareçam, tais como:

  • manchas na pele com alteração na sensibilidade à dor, calor, frio e toque;
  • surgimento de áreas com menos pelos e ausência de transpiração;
  • sensação de formigamento e/ou fisgadas, em especial na região das mãos e pés;
  • diminuição da força muscular nas mãos e pés.
  • surgimento de caroços no corpo.

De acordo com as manifestações clínicas da hanseníase, ela pode ser classificada em indeterminada, tuberculoide, virchowiana e dimorfa.

  • Forma indeterminada: o indivíduo apresenta até cinco manchas esbranquiçadas na pele que apresentam alteração de sensibilidade e limites imprecisos. Os nervos não ficam comprometidos. A baciloscopia de raspado intradérmico é negativa.
  • Forma tuberculoide: observa-se a presença de manchas ou placas de até cinco lesões com bordas bem definidas. Nesse tipo de hanseníase, um nervo está comprometido. A baciloscopia, nesse caso, também é negativa.
  • Forma virchowiana: há disseminação das lesões de pele, sendo difícil identificar a pele normal e a danificada. O paciente pode apresentar ainda comprometimento de olhos, testículos e rins, por exemplo. Os nervos são acometidos, e ocorrem alterações de sensibilidade. A baciloscopia é positiva.
  • Forma dimorfa: varia clinicamente entre as manifestações da forma tuberculoide e da forma virchowiana. O indivíduo apresenta mais de cinco lesões, as quais podem apresentar limites bem ou pouco definidos. Há comprometimento de dois ou mais nervos. O paciente pode desenvolver deformidades físicas e incapacitantes. A baciloscopia pode ser positiva ou negativa.

Casos paucibacilares e multibacilares

A hanseníase pode ser subdividida de diferentes formas. A OMS recomenda, para fins de tratamento, que ela seja classificada em dois grupos: paucibacilar ou multibacilar. Essa classificação leva em conta o número de lesões cutâneas apresentadas pelo indivíduo.

  • Casos paucibacilares (PB): o paciente possui até cinco lesões de pele. Pacientes paucibacilares não são considerados importantes fontes de transmissão da doença, pois apresentam baixa carga bacilar.
  • Casos multibacilares (MB): o paciente apresenta mais de cinco lesões de pele. Independentemente do número de lesões, a baciloscopia de esfregaço intradérmico positiva classifica o caso como multibacilar. Indivíduos multibacilares formam o grupo que se caracteriza como fonte de infecção.
Detalhe da mão de uma pessoa com hanseníase em Nova Deli. [1]
Detalhe da mão de uma pessoa com hanseníase em Nova Deli. [1]

Diagnóstico da hanseníase

A hanseníase é diagnosticada por meio do exame clínico do paciente, com a realização de uma avaliação dermatoneurológica. O médico avalia o indivíduo com suspeita de hanseníase buscando sinais da doença e, para isso, realiza a pesquisa de sensibilidade nas lesões de pele e em áreas suspeitas, avalia a força motora, faz a palpação de nervos, dentre outros procedimentos.

Alguns exames podem ser solicitados pelo médico para auxiliar no diagnóstico. A baciloscopia, por exemplo, visa observar a presença de bactérias em esfregaços de raspados intradérmicos.  Esse exame apresenta baixo custo, é pouco invasivo e fácil de ser realizado. Vale salientar que o resultado negativo da baciloscopia não exclui o diagnóstico de hanseníase.

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Tratamento da hanseníase

A hanseníase é uma doença que possui cura, e todo o tratamento é fornecido gratuitamente pelo SUS. O tratamento da patologia se baseia na associação de medicamentos antibióticos, conhecida como poliquimioterapia (PQT). A duração do tratamento não é a mesma para todos os pacientes, variando entre aqueles com hanseníase paucibacilar e hanseníase multibacilar. No caso paucibacilar, o indivíduo deve realizar o tratamento por seis meses, enquanto no caso multibacilar é necessário tratamento por um ano.

O tratamento garante a cura da doença, evita complicações e também interrompe a transmissão da bactéria. Assim que o tratamento inicia, o paciente não transmite mais a doença.

Prevenção da hanseníase

Atualmente, não há vacina específica contra a bactéria causadora da hanseníase. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para que a doença não seja transmitida para outras pessoas, interrompendo, assim, a cadeia de transmissão.

Recomenda-se a aplicação da vacina BCG para indivíduos que tiveram contato com paciente com hanseníase. De acordo com o Guia para o Controle da Hanseníase do Ministério da Saúde, “nos estudos realizados no Brasil e em outros países para verificar o efeito protetor da BCG na hanseníase, o nível de proteção variou de 20 a 80% e sugeriu maior proteção para as formas multibacilares da doença”.

Videoaula sobre doenças causadas por bactérias

Créditos da imagem

[1] PradeepGaurs/ Shutterstock

Por: Vanessa Sardinha dos Santos

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