Quando olhamos para flores delicadas e com perfume adocicado não imaginamos que por trás de toda aquela aparente simplicidade está um aparato evolutivo altamente desenvolvido para uma finalidade... A reprodução da planta.
As plantas podem ser classificadas de uma forma simples em dois grandes grupos – as que possuem sementes e as que não possuem. Entre as que não possuem sementes, temos como exemplo as samambaias, os musgos e as algas; e em relação às que produzem sementes temos os pinheiros, as laranjeiras, os cajueiros, as mangueiras e tantas outras.
Dentre as que produzem sementes temos outros dois grupos, as gimnospermas e angiospermas. Percebeu que nos termos aparece a expressão sperma? Isso mesmo, esperma significa semente. As gimnospermas apresentam estruturas para reprodução chamadas estróbilos, mais conhecidos como pinha e, em razão de sua estrutura, as sementes ficam expostas. Observe na figura abaixo:
Pinus canariensis: estróbilo feminino.
Evolutivamente, as flores, assim como o estróbilo, se originaram da especialização de folhas para a reprodução. Nestas folhas férteis havia a formação de células especiais reprodutoras que propiciavam a formação das sementes. Em virtude da diferenciação e a competição entre as espécies, ocorreu (e ocorre até hoje) o processo de seleção natural no qual somente os indivíduos melhor adaptados às condições do ambiente sobrevivem.
Para uma planta, o fato de ser imóvel acarreta vários problemas e a utilização do vento e da água para reprodução de algumas não é adequada. Desta forma, as flores são estruturas especializadas para reprodução que permite, através de estratégias próprias, atraírem animais para que estes promovam a reprodução com mais eficiência. Essas estratégias são cores atrativas, glândulas odoríferas e produtoras de néctar (nectário).
Algumas destas estratégias estão diretamente relacionadas à nutrição de vários animais, que buscam nas flores o néctar para sua alimentação e, enquanto fazem isso, seus corpos tocam nas estruturas de reprodução promovendo o cruzamento entre flores diferentes. As flores, portanto, apresentam sexo, podendo ser masculino, feminino e, em algumas, os dois, sendo então hermafroditas.
Já as plantas que não apresentam flores atrativas ou perfume, muito menos néctar, têm no vento seu meio de reprodução e, para isso, dispõem de grande quantidade de pólen, que é levado para outras flores. As gramíneas são um excelente exemplo deste tipo de planta.
Para cada óvulo fecundado haverá a formação de uma semente. Assim, podemos imaginar, por exemplo, que a flor de abacate possui apenas um óvulo e consequentemente formará somente uma semente, enquanto a flor de maracujá apresenta inúmeros óvulos, que darão origem a várias sementes. Uma vez fecundado o óvulo, a flor perde sua utilidade e do ovário se desenvolverá o fruto, que protegerá a semente e permitirá que outro animal, ao se alimentar deste fruto, esparrame a semente para outro lugar bem longe da planta.