Doença de Chagas

Doença de Chagas é causada por protozoários e pode levar à complicações graves, uma vez que o parasito afeta órgãos como coração e esôfago.

Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado responsável por provocar a doença de Chagas.
Trypanosoma cruzi é um protozoário flagelado responsável por provocar a doença de Chagas.

A doença de Chagas é provocada por protozoário que pode ser transmitido por meio de um inseto triatomíneo. Também conhecida como tripanossomíase americana, essa doença é, segundo a organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras, endêmica em 21 países do continente americano.

O protozoário, após infectar o homem, entra na corrente sanguínea e pode comprometer órgãos como o coração, esôfago e intestino. A doença pode ser dividida em duas fases: a aguda e a crônica. A fase crônica pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. A doença pode ser tratada, e o sucesso do tratamento está relacionado com o diagnóstico precoce. O diagnóstico é feio por meio de exames parasitológico e/ou sorológico.

Leia mais: Malária — doença febril causada por protozoário do gênero Plasmodium

Tópicos deste artigo

Resumo sobre doença de Chagas

  • A doença de Chagas é causada por um protozoário da espécie Trypanosoma cruzi.

  • Pode ser transmitida de diferentes formas, sendo a oral a mais comum em nosso país atualmente.

  • A transmissão vetorial inclui insetos conhecidos popularmente como barbeiros.

  • Ao picar os seres humanos, os barbeiros eliminam fezes, as quais contêm formas infectantes do protozoário.

  • A doença apresenta duas fases: a aguda e a crônica.

  • A fase crônica pode levar a problemas como insuficiência cardíaca, megacólon e megaesôfago.

  • O tratamento pode ser feito com uso de benznidazol ou nifurtimox.

O que é a doença de Chagas?

A doença de Chagas, também conhecida como tripanossomíase americana, é provocada pela infecção pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Na corrente sanguínea dos vertebrados, o protozoário se apresenta numa forma móvel conhecida como tripomastigota, e nos tecidos, está na forma amastigota.

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A doença pode ser transmitida por meio de vetores. Os vetores da doença de Chagas são insetos triatomíneos, conhecidos popularmente como barbeiros. Neles, o parasito sofre transformações e dá origem a formas infectantes que estarão presentes nas fezes. Os vetores não transmitem a doença se não estiverem infectados, e diferentes espécies de animais silvestres e domésticos atuam como reservatórios da doença, garantindo a manutenção do parasito na natureza.

A doença de Chagas recebeu esse nome em homenagem a Carlos Chagas. Esse famoso pesquisador, em 1909, conseguiu um grande feito: descobriu o inseto vetor da doença, identificou o agente etiológico e descreveu toda a patologia. Carlos Chagas nasceu em Minas Gerais, em 1879, e faleceu em 8 de novembro de 1934, no Rio de Janeiro.

Transmissão da doença de Chagas

Inseto barbeiro em superfície branca
A transmissão vetorial ocorre por meio do contato com as fezes de triatomíneos infectados.

A doença de chagas apresenta diferentes formas de transmissão. Atualmente, a forma mais observada é a oral, porém, a transmissão vetorial é uma das mais conhecidas. Veja, a seguir, algumas formas de transmissão da doença:

  • Transmissão oral: é mais observada atualmente em nosso país e se caracteriza pela ingestão de alimentos contaminados com o protozoário proveniente de triatomíneos infectados. A ingestão de açaí e caldo de cana tem sido associada à infecção pelo protozoário. Segundo o Ministério da Saúde, em relação às formas de transmissão de doença de Chagas em nosso país, entre 2008 e 2017, 72% foram por transmissão oral.

  • Transmissão vetorial: ocorre quando triatomíneos infectados picam o ser humano e depositam suas fezes com o tripanossomo. A picada provoca coceira, e o ser humano, ao coçar-se, acaba facilitando a entrada do parasito no organismo. Devido à realização de vários esforços a fim de controlar a doença, o Brasil recebeu, em 2006, a certificação da interrupção da transmissão vetorial pelo Triatoma infestans, uma espécie responsável pela maior parte da transmissão por essa via no passado. Entretanto, existem diferentes espécies de triatomíneos que transmitem a doença, o que faz com que a forma vetorial ainda ocorra.

  • Transmissão por meio de transfusão de sangue ou transplante de órgãos provenientes de doadores com a doença.

  • Transmissão vertical: ocorre da mãe infectada para seu filho durante gestação ou parto.

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  • Transmissão acidental: ocorre por meio do contato com material contaminado ou ainda da manipulação de animal infectado.

Leia também: Transmissão da doença de Chagas pelo açaí

Sintomas da doença de Chagas

A doença de Chagas apesenta duas fases clínicas: uma fase aguda e uma fase crônica. A fase aguda nem sempre é identificada, o que faz com que o indivíduo evolua para uma fase crônica. O indivíduo na fase aguda também pode evoluir para formas agudas mais graves, que podem levar à morte.

A fase aguda se caracteriza pela grande quantidade de parasitas circulantes na corrente sanguínea. Nela, a pessoa pode apresentar sinais moderados ou até mesmo ser assintomática. Alguns dos sintomas encontrados nessa fase são: febre prolongada, fraqueza intensa, dores de cabeça, e inchaço na região das pernas e do rosto.

A fase crônica pode se manifestar nas formas indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva. A forma indeterminada caracteriza-se por paciente assintomático sem sinal de comprometimento do sistema cardiovascular e do sistema digestório. Na forma cardíaca, o paciente apresenta comprometimento cardíaco e pode evoluir para miocardiopatia dilatada e insuficiência cardíaca congestiva.

Dentre as formas crônicas, a forma cardíaca se destaca como a maior responsável pela mortalidade pela doença. A forma digestiva se destaca pelo comprometimento do sistema digestório, sendo observada a evolução para megaesôfago e megacólon.

Por fim, a forma cardiodigestiva é uma associação das duas formas citadas, com o surgimento de lesões cardíacas e digestivas. De acordo com a organização Médicos Sem Fronteiras, estima-se que, no Brasil, morram anualmente seis mil pessoas devido às complicações crônicas da doença de Chagas.

Diagnóstico da doença de Chagas

Para diagnosticar a doença de Chagas, o médico analisará os sinais e sintomas apresentados pelo paciente e avaliará os contextos de risco e vulnerabilidade do indivíduo, verificando, por exemplo, se ele reside ou já residiu em áreas em que há relatos do vetor da doença.

A confirmação do diagnóstico, no entanto, deverá ser feita por meio de exames de sangue parasitológico e/ou sorológico. No exame parasitológico, há a busca por parasitos circulantes, e, nos exames sorológicos, há a busca por anticorpos anti-T. cruzi. Exames complementares também devem ser realizados para avaliar o grau de comprometimento do paciente e identificar possíveis complicações.

Leia mais: Parasitismo — relação ecológica desarmônica, a exemplo do homem e o protozoário Tripanosoma cruzi

Tratamento da doença de Chagas

O tratamento da doença de Chagas varia de acordo com a fase em que o paciente se encontra e as complicações que ele apresenta, também é considerado se o indivíduo apresenta alguma situação especial, como imunossupressão e gestação.

A droga de escolha para o tratamento é o benznidazol, e, em caso de intolerância a esse medicamento ou quando o paciente não responde ao tratamento inicial, utiliza-se como alternativa o nifurtimox. As doses variam de acordo com a idade e o peso do paciente e o esquema de utilização dos medicamentos deve ser feito exclusivamente por um médico. Vale salientar que o paciente deve ser também tratado no que diz respeito às complicações geradas pela doença.

Prevenção da doença de Chagas

A prevenção da doença de Chagas está relacionada diretamente com a sua forma de transmissão. No que diz respeito à transmissão vetorial, a principal forma de prevenir a doença é evitando que o barbeiro forme colônias dentro das casas bem como o contato direto com animal, por exemplo, em atividades noturnas em áreas de mata.

Para isso, é importante utilizar inseticidas especiais nas residências, cuidar da conservação das casas e utilizar telas em portas e janelas em locais onde se conhece a presença do vetor. É importante também sempre utilizar roupas com mangas longas e repelentes ao sair à noite na mata. No que diz respeito à transmissão oral, duas das formas de prevenção é dar atenção especial à manipulação de alimentos e cobrar a intensificação de ações de vigilância sanitária.

Por: Vanessa Sardinha dos Santos

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