Em 1949, o cientista inglês Murray Barr, observando as células somáticas de fêmeas de mamíferos, descobriu que elas possuíam em seu núcleo um corpúsculo que se corava intensamente. Em suas observações, ele notou que esse corpúsculo aparecia somente nas células das fêmeas, e o denominou de corpúsculo de Barr ou cromatina sexual.
Após vários estudos descobriu-se que esse corpúsculo é um dos dois cromossomos X, e que ele se apresenta espiralado na fase de interfase, estando, assim, inativo. Segundo a hipótese elaborada pela geneticista Mary Lyon, a maior parte dos genes desse cromossomo está inativada, desligada, e sem nenhum tipo de atividade na célula. Ainda segundo essa hipótese, o cromossomo X que se tornou inativo pode ter sido herdado tanto do pai quanto da mãe, e a inativação desses genes ocorre no início do desenvolvimento embrionário e persiste em todas as mitoses seguintes.
A hipótese da geneticista foi confirmada por outros pesquisadores, e através dela eles explicaram porque uma mulher homozigota para um gene do cromossomo X não tem, em relação ao homem, o dobro da substância produzida por esse gene, sendo esse fenômeno chamado de compensação de dose. Em outras palavras, a compensação de dose compensaria a dose dupla de genes do cromossomo X das fêmeas em relação à dose simples dos machos, igualando assim a quantidade de genes ativos em fêmeas e em machos.
Como visto anteriormente, o cromossomo inativado pode ter sido herdado tanto do pai quanto da mãe, e em razão dessa inativação aleatória do cromossomo X é que o corpo das mulheres é uma mistura ou mosaico de células diferentes com relação ao X ativo, pois algumas possuem o X ativo de origem materna, e outras, de origem paterna.
Apesar desse mosaico de células ocorrerem em todas as mulheres, é possível vê-lo principalmente nas fêmeas heterozigóticas para genes ligados ao X relacionados a características que se expressem no aspecto externo do corpo, pois algumas células terão o alelo recessivo e outras, o alelo dominante. Um exemplo disso é o fato de algumas mulheres heterozigóticas para o gene do daltonismo (XDXd) terem visão normal em um dos olhos e serem daltônicas do outro. Nesse caso em específico, o cromossomo X ativo nas células dos olhos é portador do alelo que condiciona visão normal (XD), enquanto que no outro olho o cromossomo X ativo é o que apresenta o alelo para daltonismo, sendo esse olho daltônico (Xd).
Através da detecção da cromatina sexual é possível verificar anomalias cromossômicas relacionadas aos cromossomos sexuais, e também em casos de dúvidas quanto ao sexo do mamífero.