A dengue é uma doença responsável por um considerável número de mortes todos os anos em nosso país. Somente em 2016 morreram 642 pessoas em consequência da doença, segundo o Ministério da Saúde. Nosso clima tropical, com períodos de chuva e temperaturas elevadas, torna-se um ambiente bastante propício à propagação do Aedes aegypti, o mosquito responsável por transmitir um vírus da família Flaviviridae causador dessa doença.
Diversas são as campanhas de conscientização que tentam reduzir os criadouros do mosquito e, consequentemente, diminuir a transmissão da dengue. Além disso, o controle químico do mosquito através da eliminação das larvas e do uso do “fumacê” também é bastante difundido no país. Entretanto, apesar dos esforços, ainda é grande a quantidade de infectados, sendo assim, a busca por soluções viáveis que diminuam a infecção ainda existe.
Um dos projetos que pretendem diminuir a transmissão da doença é a produção de Aedes aegypti transgênicos. Esses mosquitos são modificados graças à injeção de uma molécula de DNA que possui um gene que impede o desenvolvimento de seus descendentes e outro que permite a identificação dos insetos quando submetidos a uma determinada iluminação. Essa molécula de DNA é colocada ainda na fase de ovo do A. aegypti.
Os machos transgênicos produzidos são soltos no ambiente para que possam acasalar-se com as fêmeas presentes no local e gerar descendentes que morrerão antes de chegar à fase adulta pela presença do gene letal. Como os mosquitos não chegarão à idade reprodutiva, a população do Aedes tenderá a diminuir com o tempo, levando ao controle da dengue. É importante destacar que apenas a fêmea do mosquito é capaz de transmitir a dengue e, na natureza, são soltos apenas indivíduos do sexo masculino.
O uso dos mosquitos transgênicos está em fase de estudos e já possui resultados satisfatórios em testes realizados na Bahia pela empresa Moscamed Brasil em parceria com a Universidade de São Paulo (USP) em um projeto conhecido como Projeto Aedes Transgênico (PAT). A soltura dos mosquitos, em Juazeiro e Jacobina, causou uma diminuição de mais de 80% da quantidade de Aedes nesses locais, mostrando uma grande eficiência.
No interior de São Paulo foi instalada em 2014 uma sede da empresa Oxitec, que é responsável pela produção dos insetos modificados. Entretanto, até o presente momento, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não liberou a comercialização dos mosquitos. O uso de Aedes transgênicos pode ser uma grande arma na luta contra a dengue e espera-se que essa nova tecnologia diminua consideravelmente os casos e as mortes em decorrência dessa doença, que se tornou um grave problema de saúde pública.
IMPORTANTE: A vacina contra a dengue teve seu registro concedido em 2015 pela ANVISA. Essa vacina é produzida com vírus atenuado e é capaz de garantir imunização contra os quatro sorotipos existentes.