Cultura erudita

Cultura erudita é um modo cultural produzido e apreciado por grupos sociais de elite. É uma forma de expressão artística e intelectual marcada por sofisticação e complexidade.

As artes plásticas de artistas renomados exibidas em museus e galerias de arte são exemplos de cultura erudita.[1]

Cultura erudita é um modo cultural específico que requer um alto nível de capital cultural incorporado, pois a sua apreciação e produção demandam conhecimentos e habilidades específicas que são aprendidas durante um processo formal de educação. Por isso, também é chamada de cultura acadêmica e, às vezes, “alta cultura”. São exemplos de cultura erudita as artes plásticas, a literatura, a ópera e o teatro.

A cultura erudita tem origem na Grécia Antiga, mas no Brasil ela foi difundida pelos colonizadores, que impuseram suas formas culturais, vistas como superiores, sobre as culturas dos povos originais. Atualmente, a noção de cultura erudita é muito debatida e criticada, porque uma de suas implicações é estabelecer as elites como referência para definir quais são as culturas populares, culturas subalternas ou subculturas.

Leia também: O que é cultura de massa?

Resumo sobre cultura erudita

  • Cultura erudita é um modo cultural específico, caracterizado por manifestações culturais que exigem alto nível de conhecimento técnico e estético.

  • Suas características são a sofisticação e complexidade nas produções e acessibilidade a uma elite social e intelectual devido ao alto custo de produção.

  • São exemplos de cultura erudita artes plásticas, teatro, ópera, literatura, música clássica.

  • A cultura erudita adquiriu importância ao longo dos séculos por ser ensinada em contextos formais e considerada complexa por intelectuais.

  • A cultura erudita é criticada por marginalizar grande parte da sociedade. Antropologicamente, todas as classes possuem cultura, mesmo que não partilhem dos valores eruditos.

Videoaula sobre cultura erudita

O que é cultura erudita?

A cultura erudita pode ser entendida como um modo cultural específico, caracterizado por manifestações culturais que exigem um alto nível de conhecimento técnico e estético, geralmente associadas às elites sociais e intelectuais. Esse modo cultural se distingue pela sofisticação e complexidade das suas produções, que são frequentemente resultado de estudos acadêmicos e técnicas refinadas. Por isso, em alguns países europeus a cultura erudita também é chamada de cultura acadêmica.

A cultura erudita no Brasil é representada por diversos artistas que se destacaram em áreas como a música, a literatura e as artes plásticas, por exemplo, Machado de Assis (1839-1908), Heitor Villa-Lobos (1887-1959), Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e Tarsila do Amaral (1886-1973).

Características da cultura erudita

As características da cultura erudita se fazem presente tanto na forma quanto no conteúdo dos seus produtos culturais. Os conteúdos costumam se caracterizar por sofisticação e exclusividade, geralmente acessíveis apenas a uma elite social e intelectual devido ao seu alto custo de produção e à necessidade de conhecimento prévio para a sua apreciação.

Além disso, sua produção e o seu consumo dependem de uma socialização ou educação prévia, e frequentemente são materializadas em ambientes formais, como livrarias e bibliotecas, museus, teatros e salas de concerto. A cultura erudita se caracteriza pelo esforço em seguir as influências e tradições culturais e históricas, como a Antiguidade Clássica e o Renascimento.

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Exemplos de cultura erudita

São exemplos de cultura erudita a música clássica, composições de grandes mestres como Beethoven, Mozart, Bach e Brahms, que exigem uma compreensão profunda de teoria musical e são frequentemente executadas por orquestras sinfônicas.

As artes plásticas e suas obras de artistas renomados, como Cândido Portinari (1903-1962) e Anita Malfatti (1889-1964), são exibidas em museus e galerias de arte e podem ser apreciadas a partir de um amplo conhecimento prévio sobre as obras e seus autores.

Outro exemplo de cultura erudita são as peças teatrais complexas e de difícil acesso popular, que muitas vezes são encenadas em teatros de prestígio e demandam uma interpretação sofisticada.

A música clássica, executada por orquestras, é um exemplo da sofisticação da cultura erudita.[2]

Na literatura, a cultura erudita se manifesta através de obras literárias que são resultado de intensa investigação e aplicação acadêmica, como os clássicos da literatura mundial, que exigem um alto nível de compreensão e análise crítica. A ópera é um exemplo clássico de cultura erudita, que combina música, teatro e cenografia em produções de grande escala e complexidade técnica.

Origem da cultura erudita

A Grécia Antiga, onde surgiram o teatro e a filosofia, é considerada o berço da cultura erudita.

A cultura erudita tem origem na Grécia Antiga, mas no Brasil a origem da cultura erudita está na conquista e colonização das Américas e da África. A partir de então, a cultura erudita europeia foi transportada para esses novos territórios. Os colonizadores impuseram suas formas culturais, que eram vistas como superiores, sobre as culturas dos povos originais.

Esse processo violento de conquista e aculturação contribuiu para a disseminação da cultura erudita nas colônias, onde ela foi adotada pelas elites locais como um padrão a ser seguido.

Organizações primárias e cultura erudita

Uma parte significativa dessas elites hoje em dia se concentra nas organizações primárias de cultura. São geralmente consideradas organizações primárias da cultura instituições como:

  • corpos de baile municipais ou estaduais;

  • orquestras sinfônicas;

  • museus;

  • centros de cultura;

  • bibliotecas públicas;

  • corpos estáveis de companhias teatrais ou de grupos corais.

A história recente mostra que dificilmente um cinema, por exemplo, será considerado uma organização primária, mesmo quando é o único ou último cinema de uma cidade ou bairro. Os critérios para a definição de uma organização como primária está associada ao capital cultural dominante ou hegemônico de uma comunidade. Em geral, as formas de cultura ditas eruditas são mais facilmente consideradas organizações primárias do que as demais.

Importância da cultura erudita

A cultura erudita é frequentemente associada à alta cultura que ocupa as academias. Ela inclui música clássica, ópera, balé, literatura clássica, pintura acadêmica, etc. Como é ensinada em contextos formais, além de ser considerada complexa por homens intelectualizados, a cultura erudita é tradicionalmente valorizada por uma chamada “elite cultural”.

A noção de cultura erudita, no entanto, é alvo de fortes críticas por implicar a ideia de que o critério para avaliação do desenvolvimento de um indivíduo é o fornecido pela cultura de elite ou superior, o que conduziria à marginalização de largas camadas da sociedade.

Num sentido antropológico de cultura, mesmo que as classes populares não partilhem dos valores culturais eruditos, isso não faz delas menos cultas ou inferiores em relação a uma ópera de Carlos Gomes (1836-1916).

Saiba mais: Qual é o conceito de identidade cultural?

Diferenças entre cultura erudita, cultura popular e cultura de massa

As culturas erudita, popular e de massa são três formas distintas de manifestações culturais, cada uma com suas características, origens e propósitos específicos.

  • A cultura erudita, também conhecida como alta cultura, é caracterizada por produtos culturais que exigem um alto nível de habilidade técnica e conhecimento prévio para serem apreciados. Ela é geralmente associada às elites sociais, econômicas e intelectuais e é produzida por indivíduos com formação acadêmica ou técnica avançada. Exemplos típicos incluem a música clássica, a literatura de autores renomados, o balé e as artes plásticas de mestres como Leonardo da Vinci e Pablo Picasso.

  • A cultura popular (não confundir com “cultura pop”) é frequentemente associada à tradição e à expressão cultural das classes populares, representando as práticas, crenças e formas de arte das comunidades locais, por exemplo, o folclore e o artesanato.

  • A cultura de massa, por outro lado, é vista como uma forma de produção cultural padronizada e massificada, destinada ao consumo em larga escala. Adorno e Max Horkheimer, teóricos da Escola de Frankfurt, argumentam que a cultura de massa é uma criação da indústria cultural, que a torna homogênea e alienante.

Créditos das imagens

[1] Kiev.Victor/ Shutterstock

[1] Ferenc Szelepcsenyi/ Shutterstock

Fontes

BOSI, A. Cultura Brasileira e Culturas Brasileiras. UFRGS, Porto Alegre, 2000.

SANTOS, J. L. dos. O que é Cultura. Brasiliense, São Paulo, 1983.

Por: Rafael Pereira da Silva Mendes

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