Dalai Lama é um título religioso do budismo na vertente tibetana. Essa figura representa também os interesses do Tibete de forma política regional e internacionalmente.
Dalai Lama é um título religioso relacionado com o budismo tibetano. Além de um importante líder religioso, é considerado um representante político do Tibete e sua busca pela autonomia política. Os tibetanos acreditam que o Dalai Lama faz parte de uma linhagem de bodisatva, seres iluminados.
Os budistas acreditam que a atual linhagem do Dalai Lama está na sua 14ª reencarnação, sendo que a linhagem foi iniciada em 1391. O atual Dalai Lama, chamado Tenzin Gyatso, ficou conhecido por mediar o conflito entre o Tibete e a China, e sua atuação foi reconhecida com um Nobel da Paz, em 1989.
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Resumo sobre Dalai Lama
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O Dalai Lama é um título vinculado ao budismo tibetano.
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É considerado um líder religioso e também um representante político do Tibete.
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Considera-se que a linhagem do Dalai Lama é a reencarnação de Avalokiteshvara.
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Tenzin Gyatso, o 14ª Dalai Lama, ficou reconhecido por seu papel de mediador no conflito do Tibete com a China.
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Ele recebeu um Nobel da Paz, em 1989.
O que é um Dalai Lama no budismo?
O Dalai Lama é, inicialmente, uma figura religiosa entendida como o líder da religião budista em sua vertente tibetana. No entanto, além da grande importância religiosa, o Dalai Lama também tem um importante papel político porque simboliza os esforços dos tibetanos em garantir a autonomia política do Tibete.
Essa autonomia política buscada pelos tibetanos implica a independência do país, atualmente parte da China. Uma parcela da população tibetana deseja essa separação. Para os budistas, o Dalai Lama é um lama, isto é, um monge dotado de grande conhecimento espiritual e esotérico e que conseguiu se aprofundar nos conceitos da religião budista.
Reencarnações do Dalai Lama no budismo tibetano
Dentro da concepção dos budistas, o Dalai Lama é também considerado um tulku, ou seja, um lama que escolheu dar início a uma linhagem por meio da reencarnação. Para os budistas, essa é uma linhagem de bodisatva, termo usado para definir um ser iluminado que busca sua elevação espiritual com o objetivo de atingir o nível de Buda e trazer grandes coisas para todos os seres vivos, não apenas a humanidade.
Existem diferentes linhagens de bodisatva, sendo que a linhagem do Dalai Lama é apenas uma delas. Para os budistas, Buda foi um príncipe, nascido em território do atual Nepal, que abandonou tudo que tinha e partiu em busca do conhecimento para erradicar o sofrimento humano e, por isso, alcançou um alto nível de elevação espiritual.
Os ensinamentos de Buda se estruturam como a base essencial do budismo, mas os budistas não consideram que Buda foi um deus. A religião budista é não teísta, isto é, não possui uma divindade.
A linhagem de Dalai Lama remonta a Avalokiteshvara, um bodisatva muito relacionado com a compaixão. Historicamente falando, a linhagem de Dalai Lama foi iniciada em 1391 por meio do primeiro Dalai Lama, chamado Gedun Drupa.
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Como um Dalai Lama é escolhido?
O processo de entronização de um novo Dalai Lama é entendido mais como de busca do que de escolha. Isso porque, na visão dos budistas tibetanos, o Dalai Lama se reencarna toda vez que morre, sendo um dever dos monges budistas encontrar a nova reencarnação. Quando uma reencarnação do Dalai Lama morre, os lamas se reúnem nos arredores do lago Lhamo Lhatso, no Tibete.
Os lamas priorizam essa busca em crianças nascidas um ano após a morte da última reencarnação do Dalai Lama. As crianças cotadas para a posição passam por uma série de testes, que buscam identificar qual delas é a nova encarnação do Dalai Lama. Outros monges são convocados para confirmar a decisão tomada e, por fim, o novo Dalai Lama é entronizado.
Quem é o atual Dalai Lama?
A linhagem do Dalai Lama está na sua 14ª reencarnação, sendo que o atual Dalai Lama é chamado de Tenzin Gyatso. Seu nome espiritual completo é Jetsun Jamphel Ngawang Lobsang Yeshe Tenzin Gyatso. Seu nome original, isto é, de nascimento, é Lhamo Thondup, originário de Taktser, no Tibete, em 6 de julho de 1935.
Ele pertencia a uma família de camponeses e foi entronizado Dalai Lama em 1940, logo após a uma série de testes que o identificaram como 14º Dalai Lama. A princípio, ele assumiu as responsabilidades religiosas que o título traz, e, em 1950, assumiu o comando dos assuntos políticos relacionados ao Tibete.
Isso porque a 14ª reencarnação do Dalai Lama conviveu com problemas relacionados à tensão política entre o Tibete e a China. O Tibete gozou de uma independência política entre as décadas de 1910 e 1950, no entanto, em 1950, a região foi invadida pelo exército chinês, sendo anexada ao território da República Popular da China.
Problemas entre o atual Dalai Lama, a China e o Tibete
A tensão política entre Tibete e China tornou-se elevada desde então, e até uma revolta armada aconteceu, em 1959. Esse evento forçou o Dalai Lama a se retirar do Tibete, exilando-se em Dharamshala, no norte da Índia, onde segue estabelecido. Essa cidade indiana se tornou centro de refugiados tibetanos que fogem da administração chinesa.
Da década de 1950, Dalai Lama tornou-se um grande símbolo da luta tibetana por sua autonomia, embora, no século XXI, tenha adotado uma postura mais conciliadora, de acordo com observadores internacionais. Sua atuação nessa situação fez com que ele se reunisse com autoridades chinesas, como no encontro com Mao Tsé-Tung, em 1954.
Dalai Lama propôs uma série de medidas que tornariam a relação entre Tibete e China menos hostil, como o pedido de que o governo chinês respeitasse os Direitos Humanos da população tibetana e permitisse a formação de um governo independente no Tibete para controlar a região em parceria do governo de Pequim.
As ações de Dalai Lama para garantir o convívio harmonioso entre Tibete e China renderam-lhe a nomeação para o prêmio Nobel da Paz, em 1989. Em 2011, ele se aposentou da política tibetana, mantendo a autonomia da Administração Central Tibetana, o governo do Tibete no exílio.
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Quem será o próximo Dalai Lama?
A 15ª reencarnação do Dalai Lama é um assunto de grande polêmica e que reforça o desentendimento entre o Tibete e a China. O governo chinês anunciou que entronizará a 15ª reencarnação e muitos temem que essa escolha terá como objetivo nomear alguém alinhado com os interesses de Pequim.
O temor de que Pequim escolha alguma pessoa inadequada para a posição fez com que o atual Dalai Lama afirmasse que seria prudente que sua encarnação, a 14ª, fosse a última da linhagem. Além disso, há a preocupação com o fato de que os lamas não poderiam ir ao Tibete encontrar a 15ª reencarnação, pois estão no exílio e não podem adentrar no território chinês.
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