Robert Boyle (1627-1691)

Robert Boyle foi um filósofo, naturalista, químico e físico. Ele ficou conhecido como o Pai da Química porque seus trabalhos tiveram uma profunda influência no estudo da matéria.

Robert Boyle (1627-1691). Gravado por R.Woodman e publicado no Reino Unido em 1837

Robert Boyle nasceu em 1627, no castelo de Lismone Castle, no sudoeste da Irlanda. Ele pertencia a uma família rica, pois seu pai era o conde de Cork, lord chancellor da Irlanda. Mesmo sendo o décimo quarto filho de seu pai, Boyle recebia anualmente três mil libras em dinheiro, o que equivalia a oito milhões de reais, por isso, pôde dedicar-se aos estudos.

Aos oito anos de idade, ele já era fluente em latim e em grego. No entanto, aos 12 anos, ele foi para Eton, na Inglaterra, para estudar em um internato particular, que infelizmente tinha um método educacional que incluía bater em seus alunos. Juntando esse trauma com uma gagueira nervosa e uma condição de saúde fraca, Robert Boyle perdeu boa parte do latim que sabia e sofreu de melancolia suicida.

Ele realizou viagens pela França, Itália e Suíça. Em 1641, em Florença, Itália, ele estudou as obras de Galileu Galilei e retornou à Inglaterra em 1644. Dedicou-se ao estudo das ciências, como a Química e a Física. Ele teve um papel muito importante no desenvolvimento da Química como Ciência (e não como era a Alquimia, em que as descobertas eram mantidas em segredo ou eram explicadas de forma bem vaga). Boyle defendia o uso da publicação detalhada dos trabalhos científicos e a aplicação de experiências controladas para comprovar fatos, abordando tanto o ponto de vista quantitativo quanto o qualitativo. Ele ficou conhecido como o primeiro cientista a manter notas de laboratório detalhadas. Inclusive, foi por essa razão que ele foi chamado por alguns como o “pai da Química”.*


Boyle e seu livro de laboratório

Apesar desse termo, é bem verdade que a transição de pensamentos (da Alquimia para a Química) não ocorreu em um único momento ou por um único cientista. Mas é certo que seus trabalhos transformaram o estudo da matéria. Inclusive o prefixo alchemy (alquimia) foi eliminado por Boyle, e a partir daí esse campo de estudo passou a ser denominado de Química, pois começou a ter uma natureza de ciência realmente, com um discurso cada vez mais concreto e quantitativo.

Seus conceitos foram firmados no livro The Sceptical Chymist (O Químico Cético), publicado no ano de 1661, que mudou a interpretação da Química de seu tempo. Nesse livro, Boyle confrontou a teoria dos quatro elementos de Aristóteles e a dos três elementos de Paracelso, mas disse que a matéria seria formada por corpúsculos (partículas) e abordou um conceito interessante sobre os elementos, dizendo que eles seriam “corpos primitivos e simples, perfeitamente puros de qualquer mistura... que são os ingredientes a partir dos quais todos os corpos que chamamos misturas perfeitas são compostos de modo imediato...”.

Nesse livro ele também criticou as concepções dos alquimistas e seus ensinos sobre as transmutações dos metais.


Ilustração do livro “O Químico Cético” (1661), de Robert Boyle

Ele possuía um conceito similar com respeito a sua fé de que o Universo e tudo o que nele há foram criados por um projetista inteligente e que a Bíblia era a sua Palavra. Boyle defendia que a crença em Deus deveria ser acompanhada do raciocínio lógico, tendo a razão humana sem preconceitos em busca do verdadeiro conhecimento, procurando bases sólidas para tal fé.

Ele considerava errado as pessoas acreditarem em determinadas crenças só porque foram passadas pelos seus pais ou por outros. Esse tipo de pensamento também atribuía à Ciência, defendendo que hipóteses não deveriam ser aceitas somente porque eram consagradas, mas tudo deveria ser pensado e comprovado.

Tanto em relação às crenças espirituais quanto em relação à ciência, Boyle gostava de compartilhar tudo o que aprendia. Um fato interessante é que ele patrocinou a tradução da Bíblia para línguas faladas por nativos norte-americanos, árabe, irlandês, malaio e turco.

Com respeito ao aspecto científico, ele foi convidado para ser membro do Invisible College, que, mais tarde, transformar-se-ia na Royal Society com o apoio do rei Carlos II. Boyle tornou-se um dos membros mais destacados. Essa sociedade dedicou-se ao avanço da nova ciência experimental chamada na época de “filosofia natural”. Por isso, Boyle foi também considerado filósofo e naturalista. Até hoje a Royal Society é uma das mais prestigiosas organizações científicas do mundo.


Estátua de cientista Robert Boyle

Robert Boyle ficou mais conhecido por seus estudos a respeito dos gases, como a Lei de Boyle sobre a transformação isotérmica. Essa lei diz o seguinte: “Em um sistema fechado em que a temperatura é mantida constante, verifica-se que determinada massa de gás ocupa um volume inversamente proporcional a sua pressão.” Tal lei lançou a base para muitos avanços científicos. Você pode obter mais informações sobre ela no texto Transformação Isotérmica e Lei De Boyle-Mariotte.

Robert Boyle também ficou muito conhecido pelo melhoramento da “Bomba de ar” ou “Bomba de vácuo” do alemão Otto von Guericke, que era capaz de sugar o ar de um vasilhame fechado. Foi por meio dela que ele pôde estudar o comportamento do ar e determinar a lei mencionada anteriormente.


Ilustração cômica de Robert Boyle e sua experiência com a bomba de vácuo

Suas obras tiveram grande influência sobre outros nomes importantes para as ciências, como Sir Isaac Newton. Boyle morreu novo, aos 64 anos, em 1691, na Inglaterra.

* Lavoisier é chamado de “pai da Química Moderna”, conforme poderá ver no texto Lavoisier (1743-1794)

Por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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