Radioatividade Natural e Artificial

O urânio é um elemento radioativo natural

Quando ouvimos falar em radioatividade, logo nos vêm à mente acidentes radioativos como os de Chernobyl e do Césio-137, ou então as bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki. Porém, a radioatividade não é só usada para fins destrutivos, mas também para fins pacíficos.

Atualmente, há uma larga aplicação da radioatividade na medicina, na indústria, nos alimentos e na agricultura. E isso se tornou possível graças aos estudos de certos elementos naturais radioativos, que acabaram por levar à descoberta da radioatividade artificial.

Mas, qual é a diferença entre a radioatividade natural e a artificial?

Veja a definição de cada uma, bem como suas descobertas e aplicações:

  • Radioatividade Natural:

A radioatividade natural ocorre espontaneamente na natureza em determinados elementos que emitem de seus núcleos as três emissões radioativas naturais: alfa (α), beta (β) e gama (γ).


Um selo impresso na Suécia mostra Nobel Antoine Henri Becquerel, Pierre e Marie Curie, circa 1963.
Crédito editorial: "IgorGolovniov / Shutterstock.com"

A sua descoberta se deu em 1896, quando Antoine Henri Becquerel (1852-1908), juntamente com o casal de cientistas Pierre Curie (1859-1906) e Marie Curie (1867-1934), começou a estudar os minérios de urânio que emitiam raios que impressionavam filmes fotográficos. Eles constataram que essa propriedade era comum a todas as substâncias que continham o elemento químico urânio e, portanto, devia ser o urânio o responsável pelos raios emitidos que impressionavam o filme. A propriedade do urânio em emitir esses raios foi chamada de radioatividade.

Com o tempo, outros elementos ainda mais radioativos foram descobertos, tais como o polônio e o rádio.

Em 1900, independentemente e praticamente de modo simultâneo, os cientistas Ernest Rutherford (1871-1937) e Pierre Curie (1859-1906) identificaram experimentalmente as partículas alfa e beta emitidas espontaneamente pelo núcleo atômico instável dos elementos radioativos. E nesse mesmo ano, a radiação gama foi identificada pelo físico francês Paul Ulrich Villard (1860-1934).

Uma aplicação importante de um isótopo radioativo natural é o método que utiliza o carbono 14 para determinar com certa precisão a idade de fósseis animais e vegetais, e até mesmo de objetos que sejam subprodutos de um ser vivo.

  • Radioatividade Artificial:

Já a radioatividade ou transmutação artificial está ligada ao bombardeamento de átomos por meio de partículas aceleradas (partículas alfa, beta, próton, nêutron, pósitron e dêuteron). Ocorre então uma transformação dos átomos do elemento bombardeado em átomos de outro elemento, que não ocorre naturalmente na natureza, mas que são induzidos em laboratório. O produto desse bombardeamento pode ser um isótopo natural do elemento químico bombardeado ou um isótopo artificial.

O primeiro isótopo radioativo artificial foi produzido pelo casal de pesquisadores franceses Jean Frédéric Joliot-Curie (1900-1958) e Irène-Curie (1897-1956) – filha de Marie Curie. Como se pode ver abaixo, eles bombardearam uma placa de alumínio 27 com partículas alfa e obtiveram o isótopo radioativo artificial fósforo 30:

1327Al + 24α → 1530P + 01n


"Selo impresso pela Mauritânia, mostra Irene e Frederic Joliot-Curie, circa 1977".
Crédito editorial: rook76 / Shutterstock.com

Os radioisótopos artificiais atualmente são utilizados em larga escala na medicina nuclear, principalmente em exames que mapeiam os órgãos, pois eles têm a capacidade de se acumular em determinados tecidos. Eles são chamados de radiotraçadores. Os radioisótopos também são utilizados em tratamentos, como é o caso do iodo-131, que é usado em terapia contra o câncer de tireoide, pois ele se acumula nesse órgão e sua radiação gama destrói as células doentes.

Por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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