Origem e composição da nitroglicerina

A nitroglicerina é usada na dinamite porque diminui os riscos de explosões acidentais

A nitroglicerina foi descoberta em 1847 pelo químico italiano Ascanio Sobrero (1812-1888).

Sua síntese é feita reagindo a glicerina (subproduto da produção do sabão) com uma mistura sulfonítrica (ácido sulfúrico concentrado e ácido nítrico).

Essa mistura proporciona os íons NO2+, conforme mostrado abaixo:

       O                                  O
       ║                                  
       N+         +    H2SO4 →   N+      +    H2O+  HSO4-
     /   \                                  
HO      O-                            O

Posteriormente, o íon citado reage com a glicerina, interagindo com suas três hidroxilas numa reação semelhante a uma esterificação, formando a nitroglicerina (trinitrato de glicerina, 1,2,3-trinitroglicerina ou TNG):

H2C ─ OH       O                 H2C ─O ─NO2
│                     ║                     
 H2C ─ OH + 3 N+      →     H2C ─O ─NO2   +  3 H+
│                      ║                    
H2C ─ OH      O                H2C ─O ─NO2

Glicerina                              Nitroglicerina

Esse produto obtido (nitroglicerina) é um líquido amarelo-pálido viscoso, solúvel em álcool e éter e ligeiramente solúvel em água. Sua densidade é de 1,6009 e seu ponto de explosão é igual a 218ºC. Ela é tóxica por ingestão, inalação e absorção.

Ascanio verificou que esse líquido explodia com extrema facilidade, bastava um aquecimento ou apenas uma pancada. Além disso, suas explosões eram extremamente violentas, sendo que pessoas que tentavam fabricar a nitroglicerina, estocá-la ou utilizá-la, muitas vezes acabavam feridas ou até mesmo mortas.  

A sua utilização como explosivo só se tornou possível a partir de 1867, quando o químico sueco Alfred Bernhard Nobel (1833-1896) - homem que instituiu o prêmio Nobel - inventou a dinamite, uma mistura de 75% de nitroglicerina e 25% de terra diatomácea (farinha fóssil chamada de kieselguhr; é um pó vindo de algas unicelulares providas de paredes silicosas). Essa mistura tornava a nitroglicerina menos sensível aos choques e sua explosão podia ser controlada por um detonador.  

A dinamite atual é uma mistura de nitroglicerina e nitrato de sódio finamente pulverizado, um absorvente combustível, como o pó de madeira, e 0,5% de carbonato de cálcio anidro para neutralizar os ácidos formados na armazenagem.

Anos mais tarde, Nobel inventou também a dinamite gelatinosa ougelatina explosiva (mistura de nitroglicerina, nitrocelulose (colódio) e solventes) e a pólvora sem fumaça (mistura de nitroglicerina, nitrocelulose, solventes e geleia de petróleo).

Um aspecto interessante do uso da nitroglicerina é na medicina, como vasodilatador coronário, sendo prescrita em casos de risco de infarto e de obstrução nas artérias. O próprio Alfred Nobel teve ataques cardíacos e angina peitoral perto do fim de sua vida e ele precisou utilizar esse lado do composto que tanto estudou. Veja que interessante o que ele escreveu sobre isso em uma carta:

“Parece ironia do destino que tenha sido a mim prescrito tomar nitroglicerina internamente. Eles chamam-na Trinitrin com intenção de não assustar os farmacêuticos e o público.” (REIS, M. p. 177) 


Alfred Nobel, criador da dinamite e do prêmio Nobel

REIS, M. Química: meio ambiente, cidadania, tecnologia. Volume 3. Cap. 7, pág. 176-177;

Por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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