Contaminação por Mercúrio

O mercúrio é um metal líquido, mas seu vapor é inodoro e invisível

O mercúrio (Hg) é um dos elementos não essenciais ao organismo humano, isso significa que sua ausência não causa nenhuma anormalidade no ser humano e ele não é necessário para nenhuma parte indispensável do funcionamento do nosso organismo. No entanto, a sua presença pode causar graves danos à nossa saúde.

O mercúrio é um metal tóxico, mesmo estando presente no meio em pequena quantidade, ele pode evaporar. Como ele possui uma elevada pressão de vapor (0,00112 mmHg a 20ºC), pode, então, ser absorvido pelo organismo humano através das vias respiratórias.

O mercúrio e seus derivados são mais solúveis no sangue do que na água e se acumulam nos tecidos, causando lesões graves, principalmente nos rins, fígado, aparelho digestivo e sistema nervoso central. Os vapores do mercúrio podem acarretar fraqueza, fadiga, anorexia, perda de peso, perturbações gastrointestinais, reações psicóticas, como delírio, alucinação e tendência suicida.

Ele é bastante perigoso à saúde humana porque é capaz de ultrapassar as biomembranas e seus íons possuem afinidade pelos grupos sulfidrilas das proteínas. Atua também como um potente desnaturador de proteínas e inibidor de aminoácidos, interferindo nas funções metabólicas celulares. Ele causa também sérios danos à membrana celular ao interferir em suas funções e no transporte através da membrana, especialmente nos neurotransmissores cerebrais.

Existem duas formas de contaminação por mercúrio, elas são:

  • Contaminação ocupacional: É a que ocorre no ambiente de trabalho, como de garimpeiros que utilizam o mercúrio para extração de ouro, nas minerações e em indústrias que produzem lâmpadas fluorescentes e de cloro-soda. Os trabalhadores podem ficar expostos em excesso ao mercúrio e se contaminar através da via respiratória pelo mercúrio como substância simples ou pelos seus sais.
  • Contaminação ambiental:É a que ocorre principalmente pela alimentação, como na ingestão de peixes contaminados, pois esse envenenamento passa lentamente do organismo das presas para o dos predadores. Esse tipo de contaminação se dá mais por compostos orgânicos de mercúrio, predominantemente o metilmercúrio.

Um exemplo que podemos citar é o que ocorreu na Baía de Minamata, no Japão, onde se construiu uma fábrica de produção de acetaldeído e cloreto de vinila, no ano de 1908. Para fabricar esses produtos era usado o sulfato e o cloreto de mercúrio. A fábrica lançava o composto organometálico cloreto de etil-mercúrio (C2H5HgCl) em um riacho que desaguava na baía. Com o tempo, os peixes e os moluscos, alimento dos pescadores dessa ilha e de suas famílias, foram contaminados. Os primeiros a morrerem foram os peixes, seguido pelas aves e pelos gatos que se alimentavam desses peixes e bebiam da água.

Por fim, em 1950, uma menina foi levada ao hospital sem conseguir andar e com danos cerebrais, dizendo coisas sem sentido. Centenas de pessoas passaram a adoecer gravemente, principalmente com danos no sistema nervoso. Até os bebês começaram a nascer com deficiências físicas e mentais, pois o mercúrio pode ultrapassar a placenta e atingir o feto.

Somente em 1968 é que descobriram a causa dessa tragédia. A empresa poluidora teve de pagar pesadas multas para os prejudicados, foi proibida a pesca, a empresa também teve que fazer uma compensação financeira aos pescadores que não podiam mais pescar e foi necessário realizar uma dragagem, que é uma técnica de engenharia utilizada para remoção de materiais, solo, sedimentos e rochas do fundo de corpos de água, através de equipamentos denominados “dragas”.

Esse exemplo nos alerta para o caso da Amazônia, onde ainda hoje, depois da extração do ouro, o mercúrio residual é descartado nas margens e nos leitos dos rios, no solo, ou é lançado na atmosfera durante o processo de queima do amálgama.Isso acarreta um grande risco de contaminação para as populações ribeirinhas, incluindo aldeias indígenas.

É necessária uma melhor fiscalização desse tipo de atividade, pois o IBAMA proíbe o uso de mercúrio na extração do ouro, como diz o decreto 97.507/89, “exceto em atividades licenciadas pelo órgão ambiental competente”. E mesmo os que têm licença, devem também ser fiscalizados, pois são obrigados a recuperar as áreas degradadas pela atividade garimpeira.

Outras medidas devem ser adotadas pelo governo e pela população, como uma educação e conscientização ambiental, passar a se utilizar retortas e capelas na queima da amálgama para que os gases não sejam lançados no ambiente, reprocessamento dos rejeitos com mercúrio e assim por diante.

É interessante notarmos que cada um de nós pode contribuir nesse sentido, por exemplo, as pilhas secas de Leclanché e as lâmpadas fluorescentes e de descarga contêm mercúrio. Bem como outros produtos comuns em nossos lares, conforme se pode ver na tabela abaixo:

Assim, o descarte inadequado desses materiais pode contaminar o solo, as plantas, os animais e a água. Eles devem ser encaminhados para a reciclagem por empresas especializadas. Além disso, existe o risco de acidentes domésticos, como quebra de termômetros ou derramamento desse metal. A atenção deve ser redobrada em lares que possuem crianças.


Acidentes domésticos como um termômetro quebrado podem levar à intoxicação por mercúrio

Por: Jennifer Rocha Vargas Fogaça

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