O cálculo ebulioscópico determina o efeito ebuliométrico provocado em um solvente após a adição de um soluto não volátil.
O cálculo ebulioscópico é uma ferramenta matemática utilizada para determinar o efeito ebuliométrico provocado em um solvente após a adição de um soluto não volátil (material que não sofre evaporação ou sublimação em temperatura ambiente).
O efeito ebuliométrico refere-se à elevação do ponto de ebulição de um solvente pela adição e dissolução de um soluto não volátil. Essa elevação do ponto de ebulição é o objeto principal do cálculo ebulioscópico. A elevação da temperatura de ebulição do solvente é representada no cálculo ebulioscópico pela sigla Δte.
Fórmulas do cálculo ebulioscópico
a) Elevação da temperatura de ebulição (Δte)
Como o ponto de ebulição de um solvente nunca é igual ao ponto de ebulição desse mesmo solvente após a adição do soluto, há uma variação numérica entre esses pontos de ebulição, que é calculada pelo Δte:
Δte = t – t2
-
t = temperatura de ebulição do solvente na solução;
-
t2 = temperatura de ebulição do solvente.
Essas temperaturas de ebulição devem estar na unidade graus Celsius (oC).
b) Elevação da temperatura de ebulição (Δte) e a molalidade (W)
O cálculo ebuliométrico, de acordo com o químico François Raoult, pode ser realizado por meio de uma constante (ke) e da concentração molal (molalidade). O produto entre esses dois termos está diretamente relacionado com a elevação da temperatura de ebulição (Δte).
Δte = Ke.W
-
ke = constante ebulioscópica
-
W = molalidade
A molalidade está ligada às massas do soluto (sempre em gramas) e do solvente (sempre em quilograma), bem como à massa molar do soluto:
W = m1
M1.m2
Podemos escrever a expressão para o cálculo ebulioscópico em relação à molalidade da seguinte forma:
Δte = Ke.m1
M1.m2
A constante ebulioscópica (ke) depende do solvente e pode ser calculada por meio da seguinte expressão:
Ke = R.T2
1000.Lv
-
R = constante geral dos gases;
-
T2 = temperatura de ebulição do solvente;
-
Lv = Calor latente de vaporização.
c) Cálculo ebuliométrico e o fator de correção de Van't Hoff (i)
Quando um soluto não volátil de natureza iônica é adicionado a um solvente, ele sofre dissociação, o que amplia o efeito ebuliométrico. Se houver esse tipo de soluto, será necessário realizar o cálculo ebuliométrico a partir do fator de correção.
Δte = Ke.W.i
Vale ressaltar que o fator de correção de Van't Hoff é determinado pela seguinte expressão matemática:
i = 1 + α.(q–1)
-
α = grau de dissociação do soluto iônico;
-
q = quantidade de íons liberados na dissociação do soluto iônico.
Exemplos de aplicação do cálculo ebulioscópico
1º) (UECE) Seguindo os passos do químico francês François Raoult (1830-1901), pesquisando sobre o efeito ebuliométrico nas soluções, um estudante de química dissolveu 90 g de glicose (C6H12O6) em 400 g de água e aqueceu o conjunto. Sabendo que o ke da água é igual a 0,52 oC.Kg.mol-1, depois de algum tempo, a temperatura inicial de ebulição por ele encontrada foi de:
a) 99,85oC
b) 100,15oC
c) 100,50oC
d) 100,65oC
Dados do exercício:
-
m1 (glicose) = 90 g
-
m2 (água) = 400 g (0,4 kg)
-
t = ?
-
ke da água = 0,52 oC.Kg.mol-1
-
t2 = 100 oC (água)
1o Passo: Escrever a expressão do cálculo ebulioscópico.
Δte = Ke.W
t – t2 = Ke.m1
M1.m2
t – 100 = 0,52.90
180.0,4
t – 100 = 46,8
72
t – 100 = 0,65
t = 0,65 + 100
t = 100,65oC
2º) (FEI-SP) Uma solução aquosa 0,8 molal de ácido monocloracético, H3ClC2O2 (94,5 g/mol), tem ponto de ebulição igual a 100,47oC na pressão normal. Calcule o grau de ionização do ácido nessa solução. Dados: Constante ebuliométrica da água = 0,52oC.Kg.mol-1 .
Dados do exercício:
-
Molalidade (W): 0,8 molal
-
t = 100,47 oC (solução aquosa do ácido)
-
α =?
-
ke da água = 0,52 oC.Kg.mol-1
-
t2 = 100oC (água)
1o Passo: Determinar o valor do q.
Como o exercício pede o valor do grau de ionização, devemos saber o valor do q (quantidade de íons provenientes do soluto). Como o soluto é um ácido mono, ele libera um cátion e um ânion.
q = 2
2o Passo: Escrever a expressão do cálculo ebulioscópico.
Δte = Ke.W.i
Δte = Ke.W.[1 + α.(q–1)]
t – t2 = Ke.W.[1 + α.(q–1)]
100,47 – 100 = 0,52.0,8.[1 + α.(2–1)]
0,47 = 0,416.[1 + α.(1)]
0,47 = 0,416.[1 + α]
0,47 = 0,416 + 0,416.α
0,47- 0,416 = 0,416.α
0,054 = α
0,416
0,13 = α (aproximadamente)
ou
13% (quando multiplicamos o valor por 100)