Texto e discurso: diferenças que os demarcam

Aspectos específicos demarcam as diferenças entre texto e discurso

Versar acerca do assunto que ora norteia esse nosso precioso, e por que não dizer proveitoso, encontro, incita-nos a frisar sobre o aspecto social de que comporta a linguagem, haja vista que, posicionando-nos como seres imersos em uma coletividade, sempre quando nos comunicamos, fazemo-lo segundo uma intenção, um objetivo específico. Dessa forma, falar sobre texto, levando em consideração desde uma simples placa de trânsito, um símbolo exposto ao adentrarmos um recinto até outras formas mais complexas de comunicação, é, sobretudo, fazer referência à presença de um enunciador (a pessoa que fala e/ou escreve) e de um receptor (a pessoa que lê e/ou escuta).

Assim, quanto às características que se aplicam aos exemplos acima mencionados, ao analisarmos a placa de trânsito, bem como um determinado símbolo, reconhecemos que neles se faz presente a linguagem não verbal, ou seja, prevalece apenas o visual, mas que mesmo assim, nós, dispondo do conhecimento que temos, compreendemos perfeitamente o que a enunciação nos propõe. Já não falando em outro exemplo, sobre o qual atribuímos uma maior complexidade, assim como um texto científico, temos a consciência de que ele se constitui, em quase toda sua totalidade, da linguagem verbal, ou seja, aquela expressa por meio das palavras.  Partindo, pois, dos pressupostos ora elencados, nada mais sugestivo, em termos de apreensão, que analisarmos a charge a seguir, composta de ambas as modalidades: a verbal e a não verbal:


Charge de Quino: grande cartunista argentino, autor de Mafalda e de tantas outras charges

Constatamos que houve a interação entre os interlocutores, haja vista que o personagem ressalta acerca da televisão representar um veículo de comunicação que transmite cultura, embora Mafalda, outra personagem, discorde da ideia dele. Portanto, por meio dessa interação linguística, constituída de uma intenção, podemos afirmar que toda essa situação representa o que chamamos de texto.

Todavia, cabe ressaltar que essa atividade comunicativa se materializou em meio a um contexto, em meio a uma situação específica, e por isso mesmo traz em sua essência uma carga ideológica significativa, ainda que ela não se apresente assim tão explícita. Dessa forma, qual seria essa intenção implícita, digamos assim? Ora, fazendo um diagnóstico da sociedade na qual estamos inseridos, chegamos à conclusão de que a violência e as demais intempéries representam fatores preponderantes que assolam, que incomodam o bem-estar da população de uma forma geral. Acerca disso, a própria televisão se incube de transmitir, prova é o uso das onomatopeias, as quais representam soco, pancadarias, até mesmo tiros.

Tal aspecto, estimado(a) usuário(a), encontra-se atrelado ao que chamamos de discurso, haja vista que  além da materialidade linguística, representada pelos aspectos verbais e não verbais, outros elementos coparticipam da construção de sentido de um determinado texto. Assim, ao final do discurso, podemos perceber uma forma engraçada, ao mesmo tempo irônica, da personagem Mafalda, deixando bem clara sua insatisfação diante dos programas exibidos pela televisão, os quais nem sempre pautam pela transmissão de algo que realmente irá agregar conhecimento aos interlocutores.

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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