Tautologia é caracterizada como um vício de linguagem baseado na repetição desnecessária de significações na construção de um texto.
Tautologia é a repetição de um conceito ou significação que ocorre de forma não intencional e pode ser identificada em um texto como aquilo que é repetido para dizer a mesma coisa. Além disso, a tautologia pode ser nomeada como pleonasmo vicioso por se tratar de um tipo de pleonasmo que prejudica a progressão de ideias e a expressão de raciocínios lógicos. Portanto, a tautologia é reconhecida por meio da análise de sintagmas nominais em que há a repetição de termos que possuem o mesmo significado.
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Resumo sobre tautologia
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A tautologia caracteriza-se pela repetição desnecessária de um conceito ou significação.
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Em casos em que ocorre tautologia, as informações repetidas são desnecessárias e não contribuem com a progressão lógica de ideias.
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A tautologia também é conhecida como pleonasmo vicioso.
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Por se tratar de um pleonasmo vicioso, a tautologia não deve ser confundida com o pleonasmo estilístico.
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Ao contrário da tautologia, o pleonasmo estilístico é intencional e contribui com a progressão lógica e coerente de ideias.
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Em uma análise linguística, a tautologia pode ser identificada em textos por meio da análise semântica de sintagmas nominais.
O que é tautologia?
Conforme o Dicionário etimológico da língua portuguesa, do linguista Antônio Geraldo da Cunha, o termo “tautologia” vem do grego tautologia e significa “dizer o mesmo”, sendo que tautó significa “o mesmo” e logía significa “palavra”, “sentido”. Nessa perspectiva, devemos entender a tautologia como o emprego de palavras que apenas repetem um sentido ou significação e que prejudica a progressão lógica em um texto.
Por evidenciar um possível emprego indevido de termos na construção de um texto, se faz muito importante que as palavras desconhecidas sejam adotadas com certa cautela na produção textual, a fim de não se cometermos tautologias e, assim, de não se construirmos um texto cuja progressão de ideias é prejudicada.
Também é importante lembrar que a tautologia, por ser considerada um tipo de redundância, tem semelhança com aquilo que a tradição gramatical classifica como pleonasmo. Mas não se trata do pleonasmo intencional, realizado para evidenciar estilisticamente algum sentido ou significação, e sim de um tipo específico de pleonasmo, conhecido como pleonasmo vicioso.
Exemplos de tautologia
A tautologia é frequente em nosso cotidiano e a produzimos de diversas maneiras. Abaixo, estão listadas algumas ocorrências de tautologia que realizamos despercebidamente:
Breve alocução
Criação nova
Prosseguir adiante
Subir para cima
Certeza absoluta
Entrar pra dentro
Acabamento final
Completamente vazio
Descer para baixo
Sair para fora
Novidade inédita
Fato real
Demasiadamente excessivo
Repetir de novo
Elo de ligação
Metades iguais
Exceder em muito
Escolha opcional
Como se identifica a tautologia?
Podemos identificar a tautologia por meio da análise semântica dos sintagmas empregados nas construções oracionais. Vejamos alguns exemplos.
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Somos metades iguais da mesma laranja. — O sintagma nominal “metades iguais” indica a repetição de palavras que têm como referência um mesmo conceito, já que toda metade é igual.
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Ontem, contaram-me uma novidade inédita sobre a aula de Matemática. — O sintagma nominal “novidade inédita” indica a repetição de termos que têm como referência um mesmo conceito, já que toda novidade é nova.
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O apresentador fez uma breve alocução sobre o acidente na rodovia. — O sintagma nominal “breve alocução” indica a repetição de palavras que têm como referência um mesmo conceito, já que toda alocução é breve.
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A estrela da manhã é a estrela da manhã. — O segundo sintagma nominal, “a estrela da manhã”, indica a repetição de uma significação já evidenciada no primeiro sintagma nominal, pois é obvio que a estrela da manhã é a estrela da manhã.
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Quais são as diferenças entre tautologia e pleonasmo?
A tautologia, como já visto, é considerada um tipo de pleonasmo específico, o pleonasmo vicioso. Esse pleonasmo não é um pleonasmo estilístico, isto é, não é uma figura de linguagem. Desse modo, a tautologia é considerada uma falha comunicacional que prejudica a progressão de ideias e geralmente demonstra pouca concisão e pouca precisão vocabular no emprego de palavras.
Diferentemente da tautologia, o pleonasmo estilístico é considerado uma figura de linguagem. A função do pleonasmo é enfatizar uma ideia por meio de uma expressão redundante. Além disso, o pleonasmo estilístico é comum em textos literários e pode ser classificado em pleonasmo lexical ou pleonasmo gramatical. Vejamos as diferenças:
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Pleonasmo lexical: ocorre com a repetição de palavras que compartilham o mesmo sentido:
“E rir meu riso e derramar meu pranto.” (Vinícius de Morais)
“Eu nasci há dez mil anos atrás.” (Raul Seixas)
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Pleonasmo gramatical: ocorre com a repetição de partículas gramaticais, geralmente pronomes e preposições:
“Viu-os ir ambos, conjugalmente, para o lado da Glória.”
“A mim, não me enganas tu.”
Portanto, não nos esqueçamos de que tautologia e pleonasmo estilístico não são sinônimos e, desse modo, devem ter suas diferenças consideradas nas produções textuais.