A Semana de Arte Moderna de 1922 é o nome de um dos eventos mais importantes da arte nacional. Nessa ocasião, artistas insatisfeitos com o conservadorismo da elite brasileira, que detinha poder político e econômico durante a República Velha, decidiram fazer uma ruptura com a arte tradicional e mostrar novas tendências estéticas.
Nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922, ano do centenário da Independência do Brasil, alguns artistas, com um espírito contestador, apresentaram ao público obras caracterizadas pela inovação estética. Participaram da Semana artistas como
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Oswald de Andrade;
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Mário de Andrade;
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Heitor Villa-Lobos.
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Contexto histórico da Semana de Arte Moderna de 1922
Quando ocorreu a Semana de Arte Moderna, em 1922, a chamada República Velha estava em decadência. Esse período histórico teve início em 1889, com a Proclamação da República, e terminou em 1930. Assim, durante quase quarenta anos, o Brasil foi governado pelas oligarquias de São Paulo e Minas Gerais.
Nesse contexto, a política que comandava o país era chamada de “café com leite”, em referência ao café paulista, ao leite mineiro e ao poder político e econômico dos pecuaristas e cafeicultores desses estados. Porém, no início da década de 1920, alguns militares se mostraram insatisfeitos com tal política de governo.
Surgiu, então, um movimento chamado de “tenentismo”, iniciado em 5 de julho de 1922, com a revolta no Forte de Copacabana, também conhecida como a Revolta dos 18 do Forte. Assim, o estopim para a rebelião foi a eleição de Artur Bernardes (1875-1955) para a presidência do Brasil.
Na Europa, o desenvolvimento tecnocientífico colocava em evidência a velocidade e a automação. Nesse contexto, surgiram as vanguardas europeias, isto é, movimentos artísticos que buscavam refletir o dinamismo e a inovação do novo século que se iniciava. Para isso, os artistas criaram uma arte nova, considerada, por eles, superior à arte tradicional.
Esse contexto europeu acabou se refletindo, também, no Brasil; mais fortemente, na cidade de São Paulo. O país abandonava uma economia de base rural para, na década de 1930, investir na industrialização. Assim, a insatisfação com a velha política e com a arte tradicional, além da influência das vanguardas europeias, levou alguns intelectuais e artistas brasileiros a realizar a Semana de Arte Moderna, no ano do centenário da Independência do Brasil.
Características da Semana de Arte Moderna de 1922
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um evento marcado por:
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ironia;
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contestação;
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subversão;
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dinamismo;
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nacionalismo;
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antirromantismo;
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ruptura;
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comoção;
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tom festivo;
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antiacademicismo;
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inovação artística;
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multiplicidade estética.
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A Semana de Arte Moderna de 1922
O evento ocorreu, irônica e propositalmente, no Theatro Municipal de São Paulo, um espaço tradicional para apresentações artísticas. O público era composto por integrantes da elite paulistana. Foi assim que, naquela semana, os artistas brasileiros mostraram a esse público uma nova arte.
Durante a Semana, houve exposição de pinturas e esculturas. No entanto, as principais atividades do evento ocorreram em três noites: 13, 15 e 17 de fevereiro. Nesses dias, houve espetáculos de dança, concertos, declamação de poemas e conferências, como a palestra de Graça Aranha — A emoção estética na arte moderna —, que abriu o evento em 13 fevereiro.
Quando as obras foram apresentadas, o público conservador não apreciou as inovações. No dia 15, Menotti del Picchia foi vaiado enquanto palestrava sobre o futurismo. Ronald de Carvalho teve muita dificuldade para ler o poema Os sapos, de Manuel Bandeira, já que a plateia vaiava e assoviava. Guiomar Novaes, no entanto, recebeu aplausos ao tocar obras de Debussy (1862-1918). Mas, durante a palestra de Mário de Andrade, a bagunça recomeçou.
Quando Villa-Lobos apareceu no palco, no dia 17 de fevereiro, foi vaiado porque estava usando chinelo. O que aconteceu é que o maestro estava com um calo no pé, mas o público pensou que aquilo era algum tipo de atitude “futurista” e, dessa forma, a Semana conseguiu fazer aquilo a que se propôs: provocar a elite conservadora e questionar a arte tradicional.
Desdobramentos da Semana de Arte Moderna de 1922
A principal consequência da Semana de Arte Moderna de 1922 foi a introdução do modernismo no Brasil. A partir de então, uma nova estética tomou forma em território brasileiro, baseada na inovação e no compromisso de se fazer uma arte com a cara do país.
Desse modo, o evento abriu um caminho de total liberdade para os artistas das décadas seguintes. Essa violenta ruptura com a arte tradicional, ocorrida durante a Semana, permitiu o surgimento, posteriormente, do concretismo, da poesia-práxis, do poema-processo, da poesia marginal e do tropicalismo.
Artistas da Semana de Arte Moderna de 1922
Literatura:
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Oswald de Andrade (1890-1954);
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Guilherme de Almeida (1890-1969);
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Menotti del Picchia (1892-1988);
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Graça Aranha (1868-1931);
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Mário de Andrade (1893-1945);
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Sérgio Buarque de Holanda (1902-1982);
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Ronald de Carvalho (1893-1935);
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Ribeiro Couto (1898-1963);
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Sérgio Milliet (1898-1966);
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Manuel Bandeira (1886-1968).|1|
Música:
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Heitor Villa-Lobos (1887-1959);
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Guiomar Novaes (1894-1979);
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Ernani Braga (1888-1948);
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Frutuoso Viana (1896-1976);
Arquitetura:
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Antonio Moya (1891-1949);
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Georg Przyrembel (1885-1956).
Escultura:
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Victor Brecheret (1894-1955);
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Wilhelm Haarberg (1891-1986).
Pintura e desenho:
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Anita Malfatti (1889-1964);
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Di Cavalcanti (1897-1976);
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John Graz (1891-1980);
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Alberto Martins Ribeiro;
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Zina Aita (1900-1967);
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Yan de Almeida Prado (1898-1991);
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Ferrignac (1892-1958);
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Vicente do Rego Monteiro (1899-1970).
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Resumo sobre a Semana de Arte Moderna de 1922
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Contexto histórico da Semana de Arte Moderna de 1922:
- República Velha.
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Características da Semana de Arte Moderna de 1922:
- ironia;
- contestação;
- subversão;
- dinamismo;
- nacionalismo;
- antirromantismo;
- ruptura;
- comoção;
- tom festivo;
- antiacademicismo;
- inovação artística;
- multiplicidade estética.
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A Semana de Arte Moderna de 1922:
- local: Teatro Municipal de São Paulo;
- data: 13, 15 e 17 de fevereiro;
- destaques: Graça Aranha, Menotti del Picchia, Manuel Bandeira, Mário de Andrade, Guiomar Novaes, Heitor Villa-Lobos.
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Desdobramentos da Semana de Arte Moderna de 1922:
- modernismo;
- concretismo;
- poesia-práxis;
- poema-processo;
- poesia marginal;
- tropicalismo.
Nota
|1| Manuel Bandeira não compareceu ao evento, mas participou com o seu famoso poema Os sapos, lido por Ronald de Carvalho.
Crédito da imagem
[1] Alf Ribeiro / Shutterstock