Regência Verbal

A regência verbal se manifesta pela relação estabelecida entre os verbos e seus complementos

Muito se fala sobre regência verbal, contudo, nem sempre os usuários da língua se sentem capacitados para compreender o que realmente tal fato linguístico representa. Dessa maneira, partindo de um exemplo bem prático, analisemos:

Essa é a ajuda que necessito.

A priori, nada contradiz o enunciado no que tange à clareza da mensagem expressa. No entanto, temos de analisar a relação que se estabelece entre os verbos e seus respectivos complementos, podendo ser mediada ou não pelo uso da preposição, fato esse que bem representa o assunto do qual falamos: a regência verbal. Nesse sentido, cabe ressaltar que o verbo “necessitar” se classifica como transitivo indireto, haja vista que quem necessita, necessita de algo. Portanto, cabe a retificação necessária ao enunciado acima:

Essa é ajuda de que necessito.

Partindo desse pressuposto, reconhecer a relação existente entre verbos e seus complementos é importante, de modo a construir discursos de forma plena e, sobretudo, adequados ao padrão formal da linguagem.

Para tanto, vejamos alguns casos que se aplicam ao fato em estudo, sempre se conscientizando de que, dependendo do contexto em que se encontrar inserido, o verbo pode obedecer a duas regências distintas:

Agradar

No sentido de acariciar, esse verbo se apresenta como transitivo direto.

As crianças agradam seus animais de estimação.

No sentido de ser agradável a, ele requer o uso da preposição.

A promoção não agradou aos clientes.

Aspirar

Esse verbo, entendido no sentido de sorver, cheirar, classifica-se como transitivo direto.

A garota aspirou o perfume das flores.

No sentido de desejar, pretender, ele se classifica como transitivo indireto.

Todos aspiravam ao cargo naquela empresa.

Assistir

No sentido de prestar assistência, socorrer, tal verbo pode se classificar como transitivo direto ou indireto.

O médico assistiu o paciente.
O médico assistiu ao paciente.

No sentido de favorecer, pertencer, ele se classifica como transitivo indireto, admitindo o pronome “lhe” como complemento.

Assistia-lhes o direito de reivindicação.

No sentido de morar, residir, ainda que o emprego já tenha caído em desuso, ele se classifica como transitivo indireto.

Ele assiste na Rua das Palmeiras.

Chamar

Expressando o sentido de invocar, convocar, esse verbo se classifica como transitivo direto.

Chamamos alguns amigos para passear.

Retratando a ideia de denominar, qualificar, apresenta-se como transitivo seguido de predicativo do objeto.

Chamou-a inconsequente.
Chamou-lhe egoísta.

Namorar

Retratando a ideia relacionada a galantear, cortejar, tal verbo se classifica como intransitivo.
Ele começou a namorar muito cedo.

No sentido de desejar ardentemente, galantear, cortejar, ele se classifica como transitivo direto.

Passava o tempo todo namorando as deliciosas guloseimas.

Pedro namora Kátia há dois anos.

Perdoar

Atua como transitivo direto quando o objeto se referir à coisa.

Eu perdoei as ofensas que me fizestes.

Como transitivo indireto no caso de o objeto se referir à pessoa.

Perdoou aos maus pagadores.

Transitivo direto e indireto quando se referir a coisas e pessoas de forma simultânea.

Perdoou a dívida aos maus pagadores.

Preferir

Classifica-se como transitivo direto no sentido de escolher.

Preferimos um jantar mais requintado.

No sentido de decidir entre uma coisa e outra, classifica-se como transitivo direto e indireto.

Prefiro alimentos doces a salgados.

Querer

No sentido de desejar, pretender, classifica-se como transitivo direto.

Elas queriam muito viajar.

Revelando o sentido voltado para amar, estimar, tal verbo se classifica como transitivo indireto.

Queremos muito aos nossos filhos.

Visar

No sentido de dirigir o olhar para algo, apontar arma de fogo contra, por o sinal de visto em algo, esse verbo atua como transitivo direto.

A cliente visou o cheque.

No sentido de pretender, ter em vista, ele se classifica como transitivo indireto.

Meus esforços visam ao sucesso profissional.

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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