Rachel de Queiroz, autora do celebrado romance O Quinze, foi uma das principais autoras do Modernismo e a primeira a ocupar um lugar na Academia Brasileira de Letras.
Rachel de Queiroz foi uma escritora, jornalista e intelectual brasileira. É conhecida por seu primeiro e mais famoso romance, O Quinze, publicado em 1930, quando a autora tinha apenas 20 anos.
Biografia
A autora nasceu em Fortaleza (Ceará), em 1910, e faleceu no Rio de Janeiro, em 2003, aos 92 anos. Sua vasta obra, que conta com romances, peças de teatro, crônicas e livros infantojuvenis, foi diversas vezes celebrada, inclusive com o Prêmio Camões, maior premiação dada a um escritor em língua portuguesa.
O primeiro romance de Rachel de Queiroz foi O Quinze. Esse livro que narra a trajetória de uma família impactada com a forte seca ocorrida no Nordeste brasileiro, no ano de 1915. Curiosamente, a própria autora também migrou do Ceará para o Rio de Janeiro, em 1915, fugindo com sua família da seca quando tinha apenas cinco anos.
Rachel de Queiroz é considerada uma autora modernista da geração de 1930. Principalmente em seus dois primeiros romances, O Quinze (1930) e João Miguel (1932), a autora aproxima-se do regionalismo, vertente literária de autores como Jorge Amado, Graciliano Ramos e José Lins do Rego. Nesses romances, a autora denuncia a seca, a miséria do povo nordestino e a ambição dos detentores do poder na região.
A autora também é lembrada por ter escrito obras para jovens, pelas quais, inclusive, Rachel de Queiroz ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura Infantil. Além disso, a escritora ainda ostenta o título de primeira mulher a pertencer à Academia Brasileira de Letras.
Além da carreira como escritora, Rachel de Queiroz também foi uma importante jornalista. Já aos 17 anos, começou a trabalhar no jornal O Ceará. Durante toda a vida, a autora escreveu diversas crônicas, que foram, posteriormente, publicadas em diversos livros e coletâneas.
Acesse também: Conheça mais sobre as mulheres na literatura.
Obras
Romances
O Quinze (1930)
João Miguel (1932)
Caminho de Pedras (1937)
As três Marias (1939)
Dora, Doralina (1975)
O galo de ouro (1985)
Memorial de Maria Moura (1992)
Crônicas
A donzela e a moura torta (1948)
100 crônicas escolhidas (1958)
O brasileiro perplexo (1964)
O caçador de tatu (1967)
As menininhas e outras crônicas (1976)
O jogador de sinuca e mais historinhas (1980)
As terras ásperas (1993)
Falso mar, falso mundo (2002)
Literatura infantojuvenil
O menino mágico (1967)
Cafute e pena-de-prata (1986)
Peças de teatros
Lampião (1953)
A beata Maria do Egito (1957)
Teatro (1995)
Leia também: Conheça o movimento literário que antecedeu o Modernismo.
Características
Rachel de Queiroz possui uma vasta produção literária, além de vários escritos para jornal. A autora escreveu até o fim da vida. Sua última publicação ocorreu aos 92 anos, e, por isso, não é possível dizer que Rachel de Queiroz pertence a apenas um movimento literário.
Suas obras permeiam o regionalismo típico do Modernismo de 1930, como no romance O Quinze, mas também se apresenta politizada e combatente em romances como Caminho de pedras (1937), livro escrito enquanto a autora estava presa durante o governo de Getúlio Vargas.
Além disso, é possível encontrar uma literatura intimista e psicológica no romance As Três Marias (1939), aproximando a escritora de outros grandes nomes, como Clarice Lispector.
O Quinze
O romance O Quinze (1930) é, sem dúvidas, o mais lembrado e celebrado livro de Rachel de Queiroz. Nele, a autora narra a trajetória de Chico Bento e sua família. O protagonista, demitido de seu emprego de vaqueiro devido à seca de 1930, vê-se obrigado a migrar em busca de condições melhores.
Durante o romance, a família passa por diversas penúrias, enfrentando a miséria e a privação para chegar até o Recife. Apesar de chegarem ao destino almejado, a família não encontra condições de vida na região e, no final do romance, os sobreviventes da jornada migram para São Paulo a fim de se tornarem mais uma família de imigrantes na capital paulista.
Curiosidades
Uma das principais curiosidades acerca da vida de Rachel de Queiroz é o fato de ela ter migrado com sua família para fugir da seca que assolava o Ceará em 1915. A vivência da autora virou livro literário depois, com a obra O Quinze, que conta justamente a história de retirantes que buscam sobrevivência em meio à miséria causada pela falta de água.
Outro fato interessante é que a autora foi presa em 1937. Sua prisão, hoje, é considerada política, haja vista que Rachel de Queiroz era considerada comunista pelo Governo de Getúlio Vargas. Décadas mais tarde, a autora mudou seu posicionamento político e chegou a apoiar o golpe militar de 1964, que culminou em uma ditadura de 20 anos no Brasil.
Frases
Leia, a seguir, algumas frases famosas da autora:
- “Eu sou essa gente que se dói inteira porque não vive só na superfície das coisas.”
- “O Nordeste mudou. De qualquer maneira, o Nordeste de O Quinze, principalmente o Nordeste da Vidas Secas mudou.”
- “Morrer, só se morre só. O moribundo se isola numa redoma de vidro, ele e a sua agonia. Nada ajuda nem acompanha.”