Quinhentismo

Quinhentismo é o período da literatura brasileira que vai do ano 1500 até o ano 1601. Os textos produzidos nessa época são de caráter catequético ou informativo.

“Canibais”, obra de Theodor de Bry (1528-1598)

Quinhentismo é o nome que se dá ao período da literatura brasileira iniciado no ano 1500, com o Descobrimento do Brasil, e finalizado em 1601, quando o estilo barroco chegou às terras brasileiras. Assim, os textos produzidos nessa época podem ser classificados como literatura de informação ou literatura de catequese.

É, portanto, no contexto das Grandes Navegações e da Contrarreforma Católica, que autores como Pero Vaz de Caminha e Pe. José de Anchieta produziram os primeiros textos em território brasileiro. Contudo, a função catequética ou informativa de suas obras acabou eliminando ou minimizando seu caráter artístico.

Resumo sobre o quinhentismo

  • Características do quinhentismo:

- Literatura informativa

- Literatura de catequese ou de formação

  • Contexto histórico do quinhentismo:

- Grandes Navegações

- Descobrimento do Brasil

- Contrarreforma Católica

  • Autores do quinhentismo:

- Pero Vaz de Caminha

- Hans Staden

- Pe. Manuel da Nóbrega

- Pe. José de Anchieta

- Mestre João

  • Obras do quinhentismo:

- A carta de Pero Vaz de Caminha

- A carta de Mestre João

- Relação do piloto anônimo

- Cartas de Pe. Manuel da Nóbrega

- Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de Pe. José de Anchieta

- Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden

- Auto da festa de São Lourenço, de Pe. José de Anchieta

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Características do quinhentismo

  • Literatura informativa

Os textos informativos do quinhentismo foram produzidos pelos cronistas, ou seja, viajantes europeus que relatavam o que viam em terras brasileiras. Desse modo, era com base no testemunho desses autores que os europeus recebiam informações sobre a nova terra descoberta.

Por terem a função de informar, esses textos possuíam uma linguagem formal e objetiva. Eram, também, bastante descritivos e repletos de comparações, já que, muitas vezes, os cronistas precisavam mostrar aos seus leitores elementos da fauna e da flora desconhecidos na Europa.

Nessas obras, é possível perceber, também, a visão teocêntrica e eurocêntrica de seus autores. Por isso, os indígenas eram retratados como selvagens cujas almas precisavam de salvação. Dessa forma, os viajantes desvalorizavam a cultura dos nativos e, portanto, os seus deuses e crenças.

  • Literatura de catequese ou de formação

Os textos de formação do quinhentismo são caracterizados pela sua função catequizadora. Por meio deles, membros da Igreja Católica buscavam convencer os nativos a se tornarem cristãos. Para isso, foram usados, principalmente, poemas e peças de teatro como instrumentos de catequese.

No entanto, por apresentarem, claramente, um caráter evangelizador, essas obras não têm, consequentemente, uma função artística. Isso porque, para alguns estudiosos, a arte não pode ser utilitária, isto é, não pode ter um objetivo prático, como informar, catequizar, ensinar etc., pois essas são funções de textos não literários.

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Contexto histórico do quinhentismo

As Grandes Navegações foram marcadas pelo uso da bússola e da pólvora, que permitiram aos conquistadores chegar a lugares distantes e exercer total domínio sobre as terras invadidas. A Idade Média (476-1453) chegava ao seu fim, e o teocentrismo cedia espaço ao antropocentrismo, isto é, à valorização da racionalidade humana.

Apesar disso, a Europa vivia um conflito religioso entre católicos e protestantes. Então, no intento de manter seu domínio, a Igreja Católica colocou em prática a Contrarreforma Católica, com medidas que buscavam combater o protestantismo e impedir a perda de mais fiéis.

Um dessas medidas foi a criação da Companhia de Jesus, composta pelos chamados jesuítas. Dessa forma, após o Descobrimento do Brasil, em 1500, muitos deles foram enviados à terra descoberta com a missão de catequizar os índios, em nome da Igreja e do rei de Portugal, um país católico.

Autores do quinhentismo

Nessa obra de Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo (1854-1916), Pero Vaz de Caminha lê sua carta diante de Cabral, Frei Henrique e Mestre João.

Os principais autores do quinhentismo são:

  • Pero Vaz de Caminha (1450-1500)

  • Hans Staden (1525-1579)

  • Pe. Manuel da Nóbrega (1517-1570)

  • Pe. José de Anchieta (1534-1597)

  • Mestre João

Obras do quinhentismo

As principais obras do quinhentismo são:

  • A carta de Pero Vaz de Caminha

  • A carta de Mestre João

  • Relação do piloto anônimo

  • Cartas de Pe. Manuel da Nóbrega

  • Arte de gramática da língua mais usada na costa do Brasil, de Pe. José de Anchieta

  • Duas viagens ao Brasil, de Hans Staden

  • Auto da festa de São Lourenço, de Pe. José de Anchieta

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Exercícios resolvidos sobre quinhentismo

Questão 1 – (UFLA) Os primeiros jesuítas que chegaram às terras brasileiras foram incumbidos da conversão dos indígenas mediante a catequese. Na visão religiosa europeia, as premissas básicas para o trabalho da Companhia de Jesus eram, EXCETO:

A) Os índios eram livres por natureza.

B) O indígena era como uma folha em branco, onde se escreveria a palavra divina.

C) O indígena era capaz de aprender os ensinamentos cristãos para receber os sacramentos.

D) Os índios possuíam uma cultura própria que deveria ser preservada em detrimento da cultura europeia.

Resolução

Alternativa D. Os conquistadores valorizavam o teocentrismo e o eurocentrismo, portanto, desconsideravam a cultura e as crenças indígenas. Dessa forma, os jesuítas impuseram a fé cristã, base da cultura europeia, em detrimento da cultura indígena.

Questão 2 – (UFPA) A gênese da nossa formação literária encontra-se no século XVI. Dela fazem parte:

A) as obras produzidas pelos degredados que eram obrigados a se instalar no Brasil.

B) os escritos que os donatários das capitanias hereditárias faziam ao rei de Portugal.

C) os relatos dos cronistas e viajantes.

D) as produções arcádicas.

E) as poesias de Gregório de Matos.

Resolução

Alternativa C. Fazem parte da fase inicial de nossa literatura, no século XVI, os relatos dos cronistas e viajantes, responsáveis pela literatura informativa.

Questão 3 – Leia este trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha:

Enquanto assistimos à missa e ao sermão, estaria na praia outra tanta gente, pouco mais ou menos, como a de ontem, com seus arcos e setas, e andava folgando. E olhando-nos, sentaram. E depois de acabada a missa, quando nós sentados atendíamos a pregação, levantaram-se muitos deles e tangeram corno ou buzina e começaram a saltar e dançar um pedaço. E alguns deles se metiam em almadias — duas ou três que lá tinham — as quais não são feitas como as que eu vi; apenas são três traves, atadas juntas. E ali se metiam quatro ou cinco, ou esses que queriam, não se afastando quase nada da terra, só até onde podiam tomar pé.

Sobre esse texto, pertencente ao quinhentismo, é possível afirmar:

A) Faz parte da literatura de catequese, já que, com o intuito de catequizar, menciona elementos como “missa” e “sermão”.

B) Faz parte da literatura informativa, já que relata os acontecimentos que sucederam à chegada da frota de Cabral ao Brasil.

C) Faz parte da literatura de catequese, já que foi escrito com a intenção de promover a catequização dos colonos brasileiros.

D) Faz parte da literatura informativa, já que foi escrito com a intenção de informar o capitão Cabral acerca do comportamento indígena.

E) Possui tanto elementos da literatura de catequese quanto da literatura informativa, já que conta uma história fictícia aos índios.

Resolução

Alternativa B. A Carta de Pero Vaz de Caminha é endereçada ao rei de Portugal e relata os acontecimentos que sucederam à chegada da frota de Cabral ao Brasil. Portanto, faz parte da literatura informativa do quinhentismo, pois seu objetivo é levar informações sobre a terra descoberta ao rei e, por extensão, ao povo português.

Por: Warley Souza

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