Poema, poesia e soneto: três elementos da literatura e das artes que apresentam diferenças significativas entre si.
Você sabia que há diferenças entre poema, poesia e soneto? Elas existem e são importantes para que possamos diferenciar esses três elementos tão apreciados na arte.
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O que é poesia?
Muitas pessoas confundem poesia com poema, mas existem diferenças significativas entre os termos. A palavra poesia, cuja etimologia vem do grego poiesis, refere-se à qualidade poética de um texto ou obra de arte ou situação, ou seja, não está intrinsecamente relacionada à escrita, podendo estar contida em paisagens e até mesmo objetos. Por exemplo, tanto pode haver poesia em um belo poema como também no pôr do sol ou em uma pintura. Sendo assim, dizemos que a poesia é uma definição mais ampla, que contempla diversas formas de expressão, e não apenas o poema.
O que é poema?
A palavra poema é derivada do verbo grego poein, que significa “fazer, criar, compor”. O poema utiliza as palavras como matéria-prima, organizando-as em versos, estrofes ou prosa, sempre obedecendo a uma determinada estrutura. É, portanto, um gênero textual.
Os poemas
Os poemas são pássaros que chegam
não se sabe de onde e pousam
no livro que lês.
Quando fechas o livro, eles alçam voo
como de um alçapão.
Eles não têm pouso
nem porto
alimentam-se um instante em cada par de mãos
e partem. E olhas, então, essas tuas mãos vazias,
no maravilhado espanto de saberes
que o alimento deles já estava em ti…
Mario Quintana
O que é um soneto?
Trata-se de um tipo de poema que apresenta uma forma fixa. Sua estrutura é composta por quatro estrofes, sendo que as duas primeiras são constituídas por quatro versos cada uma, os quartetos, e as duas últimas, por três versos cada uma, os tercetos. Todos os versos são decassílabos, isto é, todos possuem dez sílabas poéticas. Em sua introdução, o soneto apresenta o tema, seguido pelo desenvolvimento de ideias, culminando com a conclusão no último terceto, no qual encontraremos o sentido ou significado do soneto.
Ah, um Soneto...
Meu coração é um almirante louco
que abandonou a profissão do mar
e que a vai relembrando pouco a pouco
em casa a passear, a passear...
No movimento (eu mesmo me desloco
nesta cadeira, só de o imaginar)
o mar abandonado fica em foco
nos músculos cansados de parar.
Há saudades nas pernas e nos braços.
Há saudades no cérebro por fora.
Há grandes raivas feitas de cansaços.
Mas — esta é boa! — era do coração
que eu falava... e onde diabo estou eu agora
com almirante em vez de sensação? ...
Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa)