Paralelismo Sintático e Paralelismo Semântico

O paralelismo sintático e o paralelismo semântico se encontram relacionados aos requisitos conferidos à modalidade escrita da linguagem

Paralelismo sintático e paralelismo semântico... Tais elementos se relacionam à linguagem escrita e, consequentemente, aos requisitos preconizados por tal modalidade. Nesse sentido, clareza, objetividade e precisão representam palavras cuja pertinência se torna indiscutível. Assim, no intuito de você compreender melhor tal assunto, veja os exemplos que seguem:

Obedecer às leis de trânsito é necessário, importante e traz benefícios à segurança de todo motorista.


No plano morfológico, as palavras “necessário” e “importante” pertencem à classe dos adjetivos, haja vista que qualificam um dado substantivo. De forma sequencial, observa-se a presença de um verbo (traz) e um substantivo (benefícios) – fato que confere ao enunciado em questão uma quebra de sintonia, pois se fosse atribuído um adjetivo, em vez de tal colocação, esse aspecto assimétrico não seria materializado. Observe, pois:

Obedecer às leis de trânsito é necessário, importante e benéfico à segurança de todo motorista.

Tais pressupostos estão relacionados ao chamado paralelismo sintático, que nada mais é do que a coordenação de elementos cuja natureza gramatical se apresenta de forma similar.

Veja outro exemplo, subsidiado em um dos fragmentos retirados de “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis:

“Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis, nada menos”.

Há de se constatar que a mesma quebra de simetria também se fez presente, só que no plano das ideias, haja vista que a ideia de tempo se contrastou com aquela ideia relacionada a dinheiro, quantia. Daí o nome paralelismo semântico, cujo sentido diz respeito ao encadeamento de ideias comparáveis entre si.
No entanto, vale lembrar que tal ocorrência, manifestada de forma intencional, assim como fez o escritor em questão, não configura um desvio, mesmo porque um dos recursos estilísticos mais usados por ele foi a ironia.   

Um bom exemplo de paralelismo são os pares correlativos, os quais criam no leitor uma expectativa de que essa simetria entre os elementos do enunciado seja realmente mantida. Vejamos, pois, alguns casos representativos:

Quanto mais... (tanto) mais:

Quanto mais se esforçava para obter bons resultados, mais era reconhecido por todos com os quais convivia.  

Não só... mas (como) também:

Não só trabalha, mas também estuda.

Tanto... quanto:

Cuidado no trânsito é bom para ambos os lados, tanto para o motorista quanto para o pedestre. 

Primeiro... segundo:

Não gostei de sua atitude. Primeiro porque não cabia à situação; segundo porque desagradou a todos que ali se encontravam.

Seja... seja, quer...quer, ora...ora:

Aja sempre desta forma, seja em situações formais, seja em ocasiões informais.

Por um lado... por outro:

Se por um lado a situação parece mudar, por outro, não vejo perspectiva por parte de ninguém. 

Não... e não/nem:

Não pude visitá-la no hospital e nem quando chegou em casa.

Tempos verbais:

Se todos comparecessem, a festa ocorreria na data prevista.
Se todos comparecerem, a festa ocorrerá na data prevista.
 
Constatamos que houve uma perfeita sintonia entre o emprego do pretérito imperfeito do modo subjuntivo e o futuro do pretérito do modo indicativo (comparecessem/ocorreria); bem como do futuro do subjuntivo e o futuro do presente do modo indicativo (comparecerem/ocorrerá).

Por: Vânia Maria do Nascimento Duarte

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