O essencial de Mario Quintana

Mario Quintana está entre os mais importantes poetas da literatura brasileira moderna. O lirismo e a singeleza de seus versos fizeram dele o “poeta das coisas simples”.

Fotografia de Mario Quintana que ilustra a capa do livro Ora bolas: O humor de Mario Quintana, de Juarez Fonseca, Editora L&PM Pocket

Mario Quintana ficou nacionalmente conhecido como o “poeta das coisas simples”. A singeleza era uma das principais características do escritor, que distribuiu lirismo e beleza nos diferentes gêneros pelos quais transitou. Quintana é dono de vasta obra poética e foi por meio de sua poesia que ele se tornou um dos mais admirados e populares poetas da literatura brasileira.

Selecionar o essencial de Mario Quintana não é tarefa fácil. Difícil encontrar algum poema ou texto que não seja merecedor de nota. Mario fazia da vida e do cotidiano a sua matéria-prima, daí os poemas despretensiosos, como é despretensiosa a vida que passa. Contudo, para que você conheça um pouco mais sobre a arte de Mario Quintana, o Alunos Online selecionou cinco poemas do poeta que certamente serão um convite para que você mergulhe em sua obra. Boa leitura!


O poema Canção de outono foi publicado originalmente no livro Poemas, de 1946

A Rua dos Cataventos

Da vez primeira em que me assassinaram,
Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.
Depois, a cada vez que me mataram,
Foram levando qualquer coisa minha.

Hoje, dos meu cadáveres eu sou
O mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,
Como único bem que me ficou.

Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!
Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arrancar a luz sagrada!

Aves da noite! Asas do horror! Voejai!
Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!


Das utopias,
um dos mais conhecidos poemas de Quintana, é parte do livro Espelho Mágico, publicado no ano de 1945

Canção do dia de sempre

Tão bom viver dia a dia...
A vida assim, jamais cansa...

Viver tão só de momentos
Como estas nuvens no céu...

E só ganhar, toda a vida,
Inexperiência... esperança...

E a rosa louca dos ventos
Presa à copa do chapéu.

Nunca dês um nome a um rio:
Sempre é outro rio a passar.

Nada jamais continua,
Tudo vai recomeçar!

E sem nenhuma lembrança
Das outras vezes perdidas,

Atiro a rosa do sonho
Nas tuas mãos distraídas...


Os poemas,
publicado originalmente no livro Esconderijos do Tempo, de 1980

Por: Luana Castro Alves Perez

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