Mário de Andrade

Mário de Andrade foi um dos principais autores da primeira geração do modernismo brasileiro. Sua obra mais famosa é o romance “Macunaíma: o herói sem nenhum caráter”.

Mário de Andrade, em 1916.

Mário de Andrade nasceu em 09 de outubro de 1893, na cidade de São Paulo. Mais tarde, além de se interessar pela literatura, também se dedicou à música. Foi professor de piano e um grande estudioso do folclore nacional. Além disso, foi um dos principais nomes do modernismo brasileiro.

O escritor, que faleceu em 25 de fevereiro de 1945, participou da Semana de Arte Moderna de 1922 e escreveu obras marcadas pelo antiacademicismo. Assim, essa ruptura com a tradição literária permitiu o surgimento, entre outras obras, de seu romance mais famoso, isto é, Macunaíma: o herói sem nenhum caráter.

Leia também: Oswald de Andrade – autor modernista reconhecido por sua escrita irreverente

Resumo sobre Mário de Andrade

  • Mário de Andrade nasceu em 1893 e faleceu em 1945, na cidade de São Paulo.

  • Além de escritor, foi professor de piano e estudioso do folclore brasileiro.

  • Suas obras fazem parte da primeira fase do modernismo no Brasil.

  • Seu romance mais famoso é Macunaíma: o herói sem nenhum caráter.

Videoaula sobre Mário de Andrade

Biografia de Mário de Andrade

Mário de Andrade nasceu em 09 de outubro de 1893, na cidade de São Paulo. Sua avó materna — Ana Francisca Gomes da Silva — era pobre, filha de uma lavadeira, e de ascendência negra, quando se casou com Joaquim de Almeida Leite Moraes (1834-1895), integrante de uma família rica e tradicional.

Tal casamento era incomum para os padrões burgueses da época. Tanto era assim que Pedro Veloso, o avô paterno do romancista, não reconheceu o pai do autor — Carlos Augusto de Andrade (1855-1917) —, filho do relacionamento com Manoela Augusta de Andrade, também descendente de pessoas negras.

Em 1904, o jovem Mário de Andrade escreveu seu primeiro poema. No ano seguinte, começou a estudar no Ginásio Nossa Senhora do Carmo, de ideologia católica. Mais tarde, em 1909, com 16 anos, decidiu se dedicar à música. Já em 1910, estudou durante dois meses na Escola de Comércio Álvares Penteado.

O escritor ingressou no Conservatório Dramático e Musical, como estudante de piano, em 1911. Três anos depois, também passou a estudar canto. Já em 1917, publicou, com recursos próprios, o seu primeiro livro: Há uma gota de sangue em cada poema. Em 1922, tornou-se professor catedrático de estética e história da música no conservatório. Nesse mesmo ano, participou da Semana de Arte Moderna.

Começou a escrever para o Diário Nacional, em 1927, e se filiou ao Partido Democrático. Mais tarde, deu seu apoio à Revolução de 1930, e, dois anos depois, à Revolução Constitucionalista. Em 1933, passou a atuar como crítico no Diário de S. Paulo. Nesse mesmo ano, contudo, apresentou um quadro depressivo e problemas de saúde de ordem física.

Assumiu os cargos de chefe da Divisão de Expansão Cultural e de diretor do Departamento de Cultura de São Paulo, em 1935. Dois anos depois, manifestou sua oposição ao Estado Novo. Já em 1938, deixou o conservatório e, por questões ideológicas, foi demitido do Departamento de Cultura.

Então, fixou residência no Rio de Janeiro, onde trabalhou como diretor do Instituto de Artes da Universidade do Distrito Federal, além de atuar como professor de filosofia e história da arte nessa instituição. Só três anos depois, em 1941, voltou a ocupar o cargo de professor no conservatório, em São Paulo.

Além de todas essas atividades, o autor exercia a função de professor particular de piano, além de se dedicar a pesquisas sobre folclore. Em 25 de fevereiro de 1945, o artista faleceu, na cidade de São Paulo, devido a um infarto. Com seu romance Macunaíma, entrou para a história da literatura brasileira.

Leia também: Cora Coralina – poeta cuja obra não se associa a nenhum movimento literário

Características da obra de Mário de Andrade

As obras do autor estão inseridas na primeira fase do modernismo brasileiro. Portanto, apresentam um caráter de ruptura com a literatura acadêmica e, por isso, privilegiam a liberdade formal. No aspecto ideológico, valorizam o nacionalismo crítico e buscam retratar a verdadeira identidade brasileira, fundada na miscigenação e na diversidade cultural.

Assim, o autor faz uma releitura dos símbolos de nacionalidade, como a figura do índio, idealizada durante o romantismo. Além disso, enaltece a linguagem coloquial, os elementos regionais e o folclore brasileiro, sem, contudo, abrir mão da crítica sociopolítica e da ironia.

Obras de Mário de Andrade

  • Há uma gota de sangue em cada poema (1917)

  • Pauliceia desvairada (1922)

  • A escrava que não é Isaura (1925)

  • O losango cáqui (1926)

  • Primeiro andar (1926)

  • Amar, verbo intransitivo (1927)

  • Clã do jabuti (1927)

  • Modinhas imperiais (1930)

  • Remate de males (1930)

  • Música, doce música (1934)

  • Belazarte (1934)

  • O Aleijadinho e Álvares de Azevedo (1935)

  • Poesias (1941)

  • O movimento modernista (1942)

  • O empalhador de passarinho (1944)

  • Contos novos (1947)

Macunaíma: o herói sem nenhum caráter

Capa do livro “Macunaíma”, de Mário de Andrade, publicado pela editora L&PM.[1]

Macunaíma conta a história do índio Macunaíma, “o herói sem nenhum caráter”. Assim, na busca pela identidade nacional, o narrador, sem idealizações, valoriza a nossa cultura e mostra os problemas do país. Nessa perspectiva, é uma obra que ironiza e se opõe ao indianismo romântico, isto é, à tradição literária.

Desse modo, o índio modernista não é corajoso nem detentor de valores morais inquebrantáveis. Ao contrário, é preguiçoso, corrupto e escravo dos prazeres. No entanto, é preciso ressaltar que, assim como no romantismo, em que o índio representa a elite burguesa, no modernismo, o índio de Mário de Andrade retrata o povo brasileiro.

O índio Macunaíma é, na verdade, um anti-herói, cujo principal traço de personalidade é a esperteza. Ele é desonesto, egoísta e faz o que for preciso para “se dar bem”. Esse exemplar brasileiro vive aventuras em meio a entes folclóricos e surreais, como o Curupira, a Mãe do Mato e o gigante Piaimã.

Outros elementos fantásticos estão presentes no livro, como a transformação do menino Macunaíma em homem, para “brincar” (ter relações sexuais) com a esposa de Jiguê. Mais tarde, já crescido, ele tem um filho com Ci, a Mãe do Mato, e, após a morte da criança, Ci vai embora para o céu, por meio de um cipó.

Nosso herói tem um arqui-inimigo: o gigante comedor de gente Venceslau Pietro Pietra ou Piaimã. Ele se apodera do amuleto que Macunaíma recebeu de Ci. O índio então vai para São Paulo, em companhia de seus irmãos Jiguê e Maanape, para enfrentar o gigante e sua companheira, Ceiuci.

Veja também: 1º de maio - Dia da Literatura Brasileira

Frases de Mário de Andrade

Vamos ler, a seguir, algumas frases de Mário de Andrade, retiradas de seu livro Contos novos:

  • “Quis ser ele, ser dele, me confundir naquele esplendor, e ficamos amigos.”
    (“Frederico Pasciência”)

  • “O melhor alívio para a infelicidade da morte é a gente possuir consigo a solidão silenciosa duma sombra irmã.”
    (“Frederico Pasciência”)

  • “Mas como perceber tudo isso se ele precisava não perceber!…”
    (“Primeiro de maio”)

  • “Eu consegui no reformatório do lar e na vasta parentagem, a fama conciliatória de ‘louco’.”
    (“O peru de Natal”)

  • “Os defuntos têm meios visguentos, muito hipócritas de vencer.”
    (“O peru de Natal”)

  • “Algumas janelas se entreabriram de novo, medrosas, riscando luz nas calçadas.”
    (“O ladrão”)

Crédito da imagem

[1] L&PM Editores (reprodução)

Por: Warley Souza

Assista as nossas videoaulas:

Artigos Relacionados

Últimas Aulas

Gêneros Literários
Tipos de desemprego
Estequiometria no Enem: como esse tema é cobrado?
Negacionismo
Todas as vídeo aulas

Versão completa