Machado de Assis foi o principal representante do realismo no Brasil. Foi autor do livro “Memórias póstumas de Brás Cubas” e do famoso romance “Dom Casmurro”.
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Era filho de um brasileiro com uma açoriana e teve uma infância pobre. Contudo, dotado de grande inteligência, ingressou no serviço público, escreveu para vários periódicos, fez algumas traduções, além de ser autor de clássicos da literatura brasileira.
O romancista, que faleceu em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, apesar de ter iniciado sua carreira como escritor romântico, ficou conhecido por suas obras realistas, como Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro. Esses dois livros são marcados pelo antirromantismo e pela evidente crítica à elite burguesa carioca do século XIX.
Resumo sobre Machado de Assis
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Biografia:
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Data de nascimento: 21 de junho de 1839
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Local de nascimento: Rio de Janeiro
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Data da morte: 29 de setembro de 1908
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Local de falecimento: Rio de Janeiro
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Título Cavaleiro da Ordem da Rosa: 1867
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Casamento com Carolina Augusta Xavier de Novais: 1869
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Título Oficial da Ordem da Rosa: 1888
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Presidente da Academia Brasileira de Letras: 1897
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Morte da esposa: 20 de outubro de 1904
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O autor exerceu as seguintes funções:
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Aprendiz de tipógrafo
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Revisor de textos
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Tradutor
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Funcionário público
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Contista
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Cronista
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Romancista
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Poeta
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Dramaturgo
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Características literárias de Machado de Assis:
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Fase romântica:
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Subjetividade
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Teocentrismo
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Amor idealizado
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Mulher idealizada
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Sofrimento amoroso
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Questão da ascensão social
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Fase realista:
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Antirromantismo
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Objetividade
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Valorização da razão
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Crítica à elite burguesa
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Análise psicológica
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Fluxo de consciência
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Crítica sociopolítica
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Temática do adultério
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Foco no momento presente
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Reflexão sobre a corrupção humana
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Memórias póstumas de Brás Cubas:
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Estilo de época: realismo
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Narrador-personagem: Brás Cubas
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Tempo da narrativa: século XIX
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Espaço da narrativa: Rio de Janeiro
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O narrador é um “defunto autor”.
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Brás Cubas é integrante da elite burguesa.
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Principais elementos do enredo:
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O projeto fracassado do emplasto Brás Cubas
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As maldades do menino Brás Cubas
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O primeiro beijo do narrador
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A paixão pela interesseira Marcela
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Estudante na Universidade de Coimbra
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Caso extraconjugal com Virgília
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Possível noivado com Eulália
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Eleição como deputado
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O fracasso do seu jornal
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Biografia de Machado de Assis
Machado de Assis (Joaquim Maria Machado de Assis) nasceu em 21 de junho de 1839, no Rio de Janeiro. Seu pai — Francisco José de Assis (1806-1864) — era brasileiro, e sua mãe — Maria Leopoldina Machado da Câmara (1812-1849) —, açoriana. A família vivia na Quinta do Livramento, que pertencia à viúva de um senador Maria José de Mendonça Barroso, madrinha do escritor.
Dois anos depois, nasceu a única irmã do romancista, porém ela faleceu com quatro anos de idade, em 1845, provavelmente devido ao sarampo. Em 1849, o escritor perdeu também a sua mãe. Viúvo, seu pai se casou novamente, em 1854, com Maria Inês da Silva.
Em 1856, Machado conseguiu emprego como aprendiz de tipógrafo na Tipografia Nacional, mas deixou-o, dois anos depois, para trabalhar como revisor na livraria de Paula Brito (1809-1861). Já sua carreira de tradutor teve início em 1857. Além disso, foi bibliotecário da Sociedade Arcádia Brasileira, de 1862 a 1863.
Seu primeiro livro de poesias — Crisálidas — foi publicado em 1864. Nesse mesmo ano, o pai do poeta faleceu. Três anos depois, Machado de Assis se tornou Cavaleiro da Ordem da Rosa. Em 1869, casou-se com a portuguesa Carolina Augusta Xavier de Novais (1835-1904). Já em 1872, publicou seu primeiro romance — Ressurreição.
O autor ingressou no serviço público em 1873, quando recebeu nomeação para trabalhar, na Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas, como primeiro-oficial. Exerceu, também, os seguintes cargos: chefe de seção, oficial de gabinete do ministro da Agricultura, diretor da Diretoria do Comércio, diretor-geral da Viação, secretário do ministro Severino Vieira (1849-1917) e diretor-geral de Contabilidade.
No final de 1878, Carolina e Machado foram para Nova Friburgo, para o escritor se recuperar de problemas de saúde. O casal voltou ao Rio de Janeiro em março de 1879. Já em 1882, novamente, eles ficaram longe do Rio por três meses, durante uma licença obtida pelo autor para descansar. Em 1884, mudaram-se para a sua famosa casa, na rua Cosme Velho, número 18.
Em 15 de dezembro de 1896, Machado de Assis, com outros intelectuais e artistas, fundou a Academia Brasileira de Letras, inaugurada em 20 de julho de 1897. Assim, o Oficial da Ordem da Rosa (título obtido em 1888) se tornou, também, o primeiro presidente da ABL.
No ano de 1904, Machado e Carolina, novamente, foram para Nova Friburgo, pois a esposa do escritor estava muito doente, e acabou morrendo em 20 de outubro desse ano. Já Machado de Assis faleceu quatro anos depois, em 29 de setembro de 1908, no Rio de Janeiro, sem deixar nenhum filho.
Durante sua vida, o contista, cronista, romancista, poeta e dramaturgo escreveu para os seguintes periódicos:
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A Marmota Fluminense
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O Paraíba
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Correio Mercantil
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O Espelho
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Diário do Rio de Janeiro
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Semana Ilustrada
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O Futuro
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Jornal das Famílias
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Diário Oficial
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O Novo Mundo
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O Globo
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Ilustração Brasileira
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O Cruzeiro
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Revista Brasileira
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A Estação
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Gazeta de Notícias
E usou pseudônimos, como: Gil, Job, Platão, Victor de Paula, Lara, Max, Manassés, Lélio, João das Regras, Malvólio e Boas Noites.
Atualmente, Machado de Assis — considerado, por alguns leitores e críticos, o maior escritor do Brasil — é admirado por sua inteligência, genialidade e coragem, pois, apesar de ter nascido pobre e negro e sido epiléptico e gago, enfrentou todos os preconceitos e se tornou um dos autores mais respeitados da literatura em língua portuguesa.
Leia também: José de Alencar – romancista e dramaturgo do romantismo brasileiro
Características literárias de Machado de Assis
Machado de Assis, um dos autores mais irônicos do Brasil, teve duas fases literárias.
→ Características da fase romântica
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Subjetividade
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Teocentrismo
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Amor idealizado
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Mulher idealizada
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Sofrimento amoroso
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Questão da ascensão social
→ Características da fase realista
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Antirromantismo
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Objetividade
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Valorização da razão
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Crítica à elite burguesa
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Análise psicológica
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Fluxo de consciência
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Crítica sociopolítica
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Temática do adultério
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Foco no momento presente
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Reflexão sobre a corrupção humana
Obras de Machado de Assis
→ Romances
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Ressurreição (1872)
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A mão e a luva (1874)
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Helena (1876)
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Iaiá Garcia (1878)
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Memórias póstumas de Brás Cubas (1881)
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Casa velha (1885)
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Quincas Borba (1891)
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Dom Casmurro (1899)
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Esaú e Jacó (1904)
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Memorial de Aires (1908)
→ Contos
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Contos fluminenses (1870)
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Histórias da meia-noite (1873)
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Papéis avulsos (1882)
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Histórias sem data (1884)
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Várias histórias (1896)
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Páginas recolhidas (1899)
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Relíquias de casa velha (1906)
→ Poesia
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Crisálidas (1864)
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Falenas (1870)
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Americanas (1875)
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Ocidentais (1880)
→ Teatro
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Hoje avental, amanhã luva (1860)
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Desencantos (1861)
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O caminho da porta (1863)
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O protocolo (1863)
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Quase ministro (1864)
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As forcas caudinas (1865)
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Os deuses de casaca (1866)
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Tu, só tu, puro amor (1881)
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Não consultes médico (1896)
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Lição de botânica (1906)
Veja também: Lima Barreto – importante autor do início do século XX
Memórias póstumas de Brás Cubas
Memórias póstumas de Brás Cubas é o primeiro romance realista de Machado de Assis e da literatura brasileira. O narrador da história é Brás Cubas, um “defunto autor”, pois já está morto. Portanto, esse típico exemplar da classe burguesa brasileira do século XIX se dispõe a narrar sua vida sem precisar se preocupar em manter as aparências.
É uma obra repleta de ironias, em que o narrador parece zombar da sociedade carioca. Assim, a história começa pelo seu final, isto é, a morte de Brás Cubas, em 1869, na cidade do Rio de Janeiro. A partir daí, ele vai apresentando fatos de sua vida, como o seu intento capitalista de comercializar o emplasto Brás Cubas, sem sucesso.
Ele fala também de sua origem social, do seu nascimento e de sua infância, quando tem a alcunha de “menino diabo”. Nessa fase de sua existência, ele quebra a cabeça de uma escrava, porque ela lhe negou uma colher de doce de coco, e humilha Prudêncio, uma criança escravizada, ao tratar o menino como um cavalinho.
Mais tarde, aos 17 anos, Brás Cubas tem seu primeiro beijo e se apaixona por Marcela, que só tem interesse em seu dinheiro. O pai do rapaz então o manda estudar na Universidade de Coimbra. Péssimo estudante, o jovem burguês só quer se divertir, mas, mesmo assim, consegue o grau de bacharel.
De volta ao Brasil, conhece Virgília, porém ela se casa com Lobo Neves. Brás Cubas e Virgília iniciam, então, um escandaloso relacionamento extraconjugal. Eles passam a se encontrar em uma casa alugada pelo narrador. Para evitar suspeitas, D. Plácida aceita morar na casa, como se fosse a inquilina do imóvel.
O romance, um dia, chega ao fim. Brás Cubas, já quarentão, pensa em se casar com a jovem Eulália, que acaba morrendo por causa da febre amarela. Em seguida, ele é eleito deputado e também funda um jornal, que logo vai à falência. Dessa forma, sua vida se mostra vazia e sem nenhuma importância real.
Poemas de Machado de Assis
O texto “Sinhá”, de 1862, faz parte do livro Crisálidas e mostra a idealização romântica. O poema é composto em redondilha maior (sete sílabas poéticas), típica da poesia medieval, já que o romantismo faz uma retomada dos valores da Idade Média. Assim, com uma linguagem emotiva, o eu lírico enaltece a mulher, chamada de Sinhá, por meio da valorização de seu nome:
Nem o perfume que espira
A flor, pela tarde amena,
Nem a nota que suspira
Canto de saudade e pena
Nas brandas cordas da lira;
Nem o murmúrio da veia
Que abriu sulco pelo chão
Entre margens de alva areia,
Onde se mira e recreia
Rosa fechada em botão;
Nem o arrulho enternecido
Das pombas, nem do arvoredo
Esse amoroso arruído
Quando escuta algum segredo
Pela brisa repetido;
Nem esta saudade pura
Do canto do sabiá
Escondido na espessura,
Nada respira doçura
Como o teu nome, Sinhá!
Já o poema “Círculo vicioso”, do livro Ocidentais, apresenta traços do parnasianismo, como o verso alexandrino (12 sílabas poéticas) e a perspectiva mais racional, ao demonstrar a insatisfação como algo inerente a todos os seres. Assim, o soneto evidencia a insatisfação de um vaga-lume, que sonha em ser como uma estrela; da estrela, que quer ser a Lua; da Lua, que deseja ser o Sol; e, por fim, do Sol, o qual sonha em ser um vaga-lume:
Bailando no ar, gemia inquieto vaga-lume:
“Quem me dera que fosse aquela loura estrela,
Que arde no eterno azul, como uma eterna vela!”
Mas a estrela, fitando a lua, com ciúme:
“Pudesse eu copiar o transparente lume,
Que, da grega coluna à gótica janela,
Contemplou, suspirosa, a fronte amada e bela”
Mas a lua, fitando o sol, com azedume:
“Mísera! tivesse eu aquela enorme, àquela
Claridade imortal, que toda a luz resume!”
Mas o sol, inclinando a rútila capela:
“Pesa-me esta brilhante auréola de nume...
Enfara-me esta azul e desmedida umbela...
Por que não nasci eu um simples vaga-lume?”
Crédito da imagem
[1] Globo Livros (reprodução)