Literatura Portuguesa

Os primeiros registros da Literatura Portuguesa datam do século XII. Entre seus principais nomes, estão Luís de Camões e o poeta modernista Fernando Pessoa.

A literatura portuguesa teve início no século XII, quando os primeiros textos ainda eram registrados em galego-português

Mar Português 

Ó mar salgado, quanto do teu sal 
São lágrimas de Portugal! 
Por te cruzarmos, quantas mães choraram, 
Quantos filhos em vão rezaram! 
Quantas noivas ficaram por casar 
Para que fosses nosso, ó mar! 

Valeu a pena? Tudo vale a pena 
Se a alma não é pequena. 
Quem quer passar além do Bojador 
Tem que passar além da dor. 
Deus ao mar o perigo e o abismo deu, 
Mas nele é que espelhou o céu. 

O poema que você leu agora é de autoria de um dos maiores poetas da literatura portuguesa, Fernando Pessoa. O livro Mensagem, único publicado em língua portuguesa durante a vida do escritor, trata de forma apologética o passado glorioso de Portugal, país cuja literatura conta com vasta história e tradição, além de representantes que fizeram dela uma das mais importantes do mundo.

A história da literatura portuguesa teve início no século XII. Os primeiros registros foram feitos em galego-português, tendo em vista a forte integração linguística e cultural entre Portugal e Galícia, hoje território da Espanha.


A Galícia, localizada na Península Ibérica, é hoje parte do território espanhol

Assim como a literatura brasileira, a literatura portuguesa também é estudada a partir de escolas literárias, o que facilita a sua periodização, agrupando escritores em movimentos literários cronológica e tematicamente afins.

Era Medieval

Trovadorismo:


O alaúde era um dos instrumentos que acompanhavam as cantigas trovadorescas

"A dona que eu am'e tenho por Senhor
amostrade-me-a Deus, se vos en prazer for,
se non dade-me-a morte.

A que tenh'eu por lume d'estes olhos meus
e porque choran sempr(e) amostrade-me-a Deus,
se non dade-me-a morte.

Essa que Vós fezestes melhor parecer
de quantas sei, a Deus, fazede-me-a veer,
se non dade-me-a morte.

A Deus, que me-a fizestes mais amar,
mostrade-me-a algo possa con ela falar,
se non dade-me-a morte."

(Bernal de Bonaval)

O Trovadorismo foi a primeira escola literária de Portugal. As cantigas, como ficaram conhecidos os textos que eram disseminados oralmente, é sua principal característica, sendo as cantigas de amor, de amigo e de escárnio as de maior destaque. Seus principais representantes foram Dom Duarte, Dom Dinis, Paio Soares de Taveirós, João Garcia de Guilhade, Aires Nunes entre outros.

Humanismo:

(...) Pois amor me quer matar 
com dor, tristura e cuidado,
eu me conto por finado, 
e quero-me soterrar (...)”. 

(Gil Vicente – Fragmento)

Compreende-se por Humanismo toda a produção literária do período entre o final da Idade Média e o início da Idade Moderna. Além da prosa historiográfica de Fernão Lopes, o Humanismo também propiciou o surgimento da Poesia Palaciana e da produção teatral de Gil Vicente.

Era Clássica


Luís de Camões é considerado o representante máximo da Literatura Portuguesa

Renascimento: O período renascentista ficou marcado pela introdução de novos gêneros literários e pela inspiração na cultura clássica greco-latina. Do período, ganharam destaque os romances de cavalaria e a literatura de viagens, cujos principais representantes foram Luís de Camões, Sá de Miranda e Fernão Mendes Pinto.

Amor é um fogo que arde sem se ver; 
É ferida que dói, e não se sente; 
É um contentamento descontente; 
É dor que desatina sem doer. 

É um não querer mais que bem querer; 
É um andar solitário entre a gente; 
É nunca contentar-se e contente; 
É um cuidar que ganha em se perder; 

É querer estar preso por vontade; 
É servir a quem vence, o vencedor; 
É ter com quem nos mata, lealdade. 

Mas como causar pode seu favor 
Nos corações humanos amizade, 
Se tão contrário a si é o mesmo Amor? 

(Luís Vaz de Camões)

Barroco:


Representante do Barroco, Padre Antônio Vieira foi um religioso, filósofo, escritor e orador português da Companhia de Jesus

A linguagem rebuscada, permeada por metáforas de difícil compreensão, é a principal característica do período historicamente marcado pelas lutas entre classes sociais e pelas crises religiosas. Entre seus principais representantes estão Padre Antônio Vieira, Frei Luís de Souza e Antônio José da Silva.

(...) O ingrato não só esteriliza os benefícios, senão também o benfeitor: esteriliza os benefícios, porque os paga com ingratidões e esteriliza o benfeitor, porque vendo o benfeitor que se pagam com ingratidões os seus benefícios, cessa, e não os quer continuar (...)”.

(Padre Antônio Vieira - Fragmento)

Neoclassicismo:


Retrato do escritor Manuel Maria Barbosa du Bocage pintado pelo artista português João Elói do Amaral

Coube aos representantes desse período afastar os exageros próprios do período barroco. Escritores como Manuel Maria Barbosa du Bocage, Curvo Semedo e José Agostinho de Macedo levaram para a literatura a revalorização dos valores artísticos gregos e romanos.

(...) A serena, amorosa Primavera, 
O doce autor das glórias que consigo, 
A Deusa das paixões e de Citera; 

Quanto digo, meu bem, quanto não digo, 
Tudo em tua presença degenera. 
Nada se pode comparar contigo.”

(Manuel Maria Barbosa du Bocage - fragmento) 

Era Romântica

Romantismo:


Almeida Garrett, Alexandre Herculano e José Estevão de Magalhães estão entre os principais nomes do romantismo português

A combinação de vários gêneros literários foi uma das principais características do romantismo português, período que marcou o fim do neoclassicismo, apresentando como principais temas o amor, a nostalgia e a melancolia. Seus principais representantes foram Almeida Garrett, Alexandre Herculano, José Estevão de Magalhães, Camilo Castelo Branco e Júlio Dinis.

(...) Não te mentia, não. Sentiste-o, filha, 
Esse amor infinito e imaculado, 
Estrela maga que incessante brilha 
Da alma pura ao casto amor sagrado; 
Afecto nobre que jamais partilha 
O coracão de vícios ulcerado. 
Não sentes, nem recordas, já sequer?
Quem deste amor te despenhou, mulher? (...)”. 

(Almeida Garrett - fragmento)

Realismo e Naturalismo:


Autor de O primo Basílio, Os Maias e O crime do Padre Amaro, Eça de Queiroz é um dos principais escritores da literatura portuguesa

Antero de Quental, Cesário Verde e Eça de Queirós são os principais representantes do realismo e naturalismo português, movimento que negou o subjetivismo e o idealismo tão presentes na estética romântica.

(...) Os tristes, os deserdados, os pobres, os oprimidos, quando tudo lhes falta, o pão, o lume, o vestido, têm sempre, no fundo da alma, uma cantiga pequena que os consola, que os aquece, que os alegra. É a última coisa que fica no pobre. E então a cantiga vale mais do que todos os poemas(...)”.

(Eça de Queiroz - fragmento)

Simbolismo:


Formado em Letras pela Universidade de Coimbra, Eugênio de Castro foi um dos representantes do Simbolismo português

O Simbolismo português teve início com a publicação do livro Oaristos, do poeta Eugênio de Castro. Nessa estética, observa-se a idealização do campo e da infância, em detrimento à vida das grandes cidades. Seus principais representantes foram Antônio Nobre e Camilo Pessanha.

Em que emprego o meu tempo? Vou e venho, 
Sem dar conta de mim nem dos pastores, 
Que deixam de cantar os seus amores, 
Quando passo e lhes mostro a dor que tenho. 

É de tristezas o torrão que amanho, 
Amasso o negro pão com dissabores, 
Em ribeiros de pranto pesco dores, 
E guardo de saudades um rebanho (...)”.

(Eugênio de Castro – fragmento)

Modernismo:


Fernando Pessoa, Florbela Espanca e Mário de Sá-Carneiro estão entre os principais representantes do modernismo português

Os principais nomes do modernismo português são Fernando Pessoa e Mário de Sá-Carneiro, idealizadores da revista Orpheu, principal divulgadora dos ideais modernistas. O modernismo rompeu com antigos padrões estéticos ao propor uma linguagem literária inovadora.

Um pouco mais de sol - eu era brasa, 
Um pouco mais de azul - eu era além. 
Para atingir, faltou-me um golpe d'asa... 
Se ao menos eu permanecesse àquem... 

Assombro ou paz? Em vão... Tudo esvaído 
Num baixo mar enganador de espuma; 
E o grande sonho despertado em bruma, 
O grande sonho - ó dôr! - quási vivido (...)”.

(Mário de Sá-Carneiro)

Nos textos apresentados logo mais abaixo, você vai encontrar diversos artigos sobre a literatura portuguesa, suas escolas literárias e os principais representantes, preparados pela equipe do Alunos Online para facilitar seu aprendizado. Bons estudos e boa leitura!


Por Luana Castro
Graduada em Letras

Por: Luana Castro Alves Perez

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