A literatura de cordel é formada por narrativas que possuem caráter popular e são escritas em verso. Elas são publicadas em folhetos e vendidas em praças ou feiras.
Literatura de cordel é um tipo de literatura típica do Nordeste brasileiro. Ela é composta por histórias escritas em versos regulares e publicadas em folhetos. Tais textos possuem elementos folclóricos, ironia e humor. Os primeiros folhetos impressos no Brasil datam do final do século XIX.
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Resumo sobre literatura de cordel
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É composta por textos literários impressos em folhetos.
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Apresenta rimas, métrica e oração.
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Possui versos regulares, humor e traços de oralidade.
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Leandro Gomes de Barros é um dos principais cordelistas nordestinos.
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O cordel brasileiro tem origem no chamado cordel português.
Videoaula sobre literatura de cordel
O que é literatura de cordel?
A literatura de cordel é composta por textos literários de caráter popular, impressos em folhetos, normalmente vendidos em feiras, festas ou praças da região Nordeste do país. O gênero cordel é marcado pela rima, métrica e oração (enredo).
Principais características da literatura de cordel
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Uso de linguagem coloquial
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Elementos regionais
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Cunho satírico
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Marcas de oralidade
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Aspecto folclórico
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Versos regulares
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Prosa em verso
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Caráter lúdico
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Temática do cotidiano
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Elementos históricos
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Humor e ironia
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Valorização da cultura nordestina
Exemplos de literatura de cordel
→ O casamento do calangro com a lagartixa, de Leandro Gomes de Barros
A seguir, alguns trechos do cordel O casamento do calangro com a lagartixa, de Leandro Gomes de Barros, retirados de um folheto de 16 páginas:
Não há quem viva no mundo
que não deseje gozar
desde velho a criancinha
quer a vida desfrutar
e tudo aspira o amor
pois quer viver de amar
[...]
A lagartixa então saiu
vendendo azeite à canada
encontrou-se com calangro
uma alma desesperada
que vinha com a moléstia
procurando namorada
[...]
O velho lagartixo foi
queixar-se a autoridade
foi queixar-se que o calangro
fez-lhe aquela falsidade
desonrando a filha dele
sendo de menor idade
[...]
O calangro aí ficava
que nem podia falar
quando ouvia ela dizer:
— Eu vou me divorciar...
puxava tanto os bigodes
que só faltava arrancar
[...]
— E agora em diante eu sei
quanto custa a namorada
logo a primeira que tive
foi assim estuporada
a segunda com certeza,
inda será mais danada.
→ A história da donzela Teodora, de Leandro Gomes de Barros
Do mesmo autor, temos o cordel História da donzela Teodora, cujos fragmentos abaixo foram extraídos de um folheto de 32 páginas:
Eis a real descrição
Da história da donzela
Dos sábios que ela venceu
E apostas ganhas por ela
Tirado tudo direito
Da história grande
[...]
O rei olhou a donzela
E disse dentro de si:
— Foi a mulher mais formosa
Que neste mundo já vi...
Trinta ou quarenta minutos
O rei mirou ela ali
[...]
Chegou o segundo sábio
Que inda estava orelhudo{
E disse: donzela eu tenho
Dezoito anos de estudo
Não sou o que tu venceste,
Conheço um pouco de tudo
[...]
— Donzela qual é a cousa
Que pode ser mais ligeira?
Respondeu: O pensamento
Que voa de tal maneira
Que vai ao cabo do mundo
Num segundo que se queira
[...]
Cara leitor, escrevi
Tudo que no livro achei
Só fiz rimar a história
Nada aqui acrescentei
Na história grande dela
Muitas coisas consultei.
Veja também: Haicai — uma composição poética que possui origem japonesa
Principais autores da literatura de cordel
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Silvino Pirauá Lima (1848-1913)
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Leandro Gomes de Barros (1865-1918)
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João Melchíades Ferreira da Silva (1869-1933)
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João Martins de Athayde (1880-1959)
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Francisco das Chagas Batista (1882-1930)
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Patativa do Assaré (1909-2002)
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Manuel d’Almeida Filho (1914-1995)
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Rodolfo Coelho Cavalcante (1919-1987)
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Raimundo Santa Helena (1926-2018)
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Expedito Sebastião da Silva (1928-1997)
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Manoel Monteiro da Silva (1937-2014)
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William José Gomes Pinto (1953-)
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Manoel de Santa Maria
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Severino Horta
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Joel do Carmo Ferreira
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João Batista Melo
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Val Tabosa
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Diosman Avelino
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Jailton Pereira
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Zé Guri
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Zé Limeira
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Paulo Pereira
Origem da literatura de cordel
Em sua origem, os textos da literatura de cordel eram expostos ou presos em cordéis (cordas finas). Foram assim classificados, entre as décadas de 1950 e 1970, pelo pesquisador francês Raymond Cantel (1914-1986). No entanto, essa prática literária teve origem por volta do século XV, com o cordel português, com feições diferentes das do brasileiro.
Portanto, esse tipo de literatura foi trazido ao Brasil pelos portugueses e caiu nas graças de artistas nordestinos. Assim, adquiriu as características culturais desse povo, e hoje apresenta uma cara bem brasileira. Dessa forma, no final do século XIX, os primeiros folhetos foram impressos aqui.