Passar por um processo seletivo, cujo propósito significa garantir uma tão sonhada vaga na universidade, retrata uma situação corriqueira que abrange um contigente significativo de pessoas. Nesse momento é sabido que muitos conhecimentos adquiridos ao longo da vivência, sobretudo na Educação Básica, serão cobrados, entre eles, os relacionados à língua portuguesa. Nesse ínterim, uma noção primeira parece tomar conta das percepções de todo candidato, a de que as habilidades requeridas nessa instância somente farão referência aos conhecimentos voltados para a gramática, pura e e simplesmente.
Dessa forma, achando por bem desfazer essa concepção, digamos assim, “engessada”, propusemo-nos a elucidar acerca de alguns aspectos que consideramos pertinentes nesse momento tão decisivo para todo e qualquer candidato. Assim, equivale afirmar que a linguagem, seja ela expressa no âmbito oral ou escrito, cumpre, assume um caráter estritamente social - o que significa pressupor que esse candidato esteja apto para analisar o contexto sociocultural de cada situação comunicativa, levando em conta os sujeitos nela envolvidos e a forma como a língua se mostra organizada, de modo a produzir sentido.
Com base então nessas intenções, há de prever que à espera dele estarão uma diversidade de textos, todos eles pertencentes a uma diversidade de gêneros. Nesse sentido, partindo do pressuposto de que a leitura se apresenta como um processo ativo de construção de sentidos, por meio dela é que se faz verificada a relação entre os interlocutores envolvidos, levando em conta o fato de que ler e interpretar um texto remete aos conhecimentos prévios do leitor, associando-os com o que está sendo lido. Assim, mediante a leitura de charges, textos publicitários de uma forma geral, crônicas, artigos de opinião, tiras, letras musicais, artigos de divulgação científica, espera-se que o leitor seja capaz de identificar os elementos linguísticos e extralinguísticos presentes no discurso de cada um desses gêneros.
No que diz respeito à produção textual, enfatizando acerca dos aspectos relacionados à gramática, equivale afirmar que os conhecimentos linguísticos não podem ser concebidos com um fim em si mesmos. Eles, ao contrário do que muitos pensam, devem estar a serviço do projeto de construção de texto, permeados no propósito de que, independentemente de qualquer que seja o gênero em referência, as habilidades cobradas contemplem os propósitos comunicativos estabelecidos pelo emissor diante de uma perspectiva voltada para o que escrever, por que escrever, para quem escrever e como escrever. Com base nisso, os conhecimentos no que tangem a tudo que diz respeito aos fatos gramaticais de uma forma geral, tais como: fonéticos, fonológicos, morfossintáticos e semânticos, devem articular entre si, de modo a fazer com que o discurso produza o efeito de sentido esperado e, sobretudo, atenda a todos esses requisitos acima mencionados, voltados , portanto, para a própria intenção comunicativa a que se dispôs o emissor no momento da produção.