Júlio Verne

Júlio Verne, escritor francês do século XIX, notabilizou-se, não só na França mas no mundo todo, como um mestre do gênero ficção científica.

Em suas narrativas, como em Vinte mil léguas submarinas e em Viagem ao centro da terra, o autor explora sua imaginação e sua paixão pela ciência e pela tecnologia, construindo enredos pioneiros na descrição de máquinas inimagináveis para sua época, mas que, no século XXI, parecem possíveis. Júlio Verne, portanto, parece ter antecipado o futuro em um contexto em que as inovações ainda eram tímidas.

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Biografia de Júlio Verne

Jules Gabriel Verne, conhecido no meio literário como Júlio Verne, nasceu em 8 de fevereiro de 1828, na cidade francesa de Nantes. Filho de um magistrado, teve quatro irmãos, com os quais convivia na cidade litorânea de Provins, onde havia um porto.

Esse cenário ligado a coisas marinhas certamente o influenciou muito no seu processo criativo de composição de suas narrativas ficcionais, como em Vinte mil léguas submarinas (1870), em que o universo submarino é explorado. Quando tinha seis anos, iniciou seus estudos primários com a viúva de um capitão, e, ao completar oito anos, foi enviado para o seminário, onde já se encontrava seu irmão Paul.

Júlio Verne, escritor extremamente criativo, fez a ciência e a tecnologia componentes essenciais em suas narrativas.

Em 1839, um fato um tanto quanto inusitado marcou sua biografia. Sob o pretexto de ir para Índia como aprendiz de marinheiro em uma embarcação, Júlio Verne objetivava, na verdade, se encontrar com sua prima Carolina Tronson, mas seu plano foi frustrado quando seu pai conseguiu interceptar o navio em que viajava, obrigando-o a retornar para casa.

Em 1844, em Nantes, estudou Retórica e Filosofia no liceu da cidade. Em 1864, formou-se em Direito, vindo, portanto, a exercer a mesma profissão do pai.

Em 1847, a paixão de infância de Verne, Carolina, casou-se com outro homem. Sua primeira obra, uma peça teatral em versos, foi escrita, inclusive, em homenagem a essa paixão não correspondida.

Com a esperança de que o filho continuasse seus estudos na área do Direito, Júlio Verne foi enviado a Paris pelo pai. Contudo, as expectativas deste último não se concretizaram, pois Verne interessou-se mais ainda pelo teatro e pela literatura, momento em que conheceu, pessoalmente, os renomados escritores Victor Hugo e Alexandre Dumas.

Este último, por exemplo, incentivou-o a levar para o palco a peça As palhas rompidas, cuja estreia deu-se em 1850. Seu pai, desgostoso com o caminho literário enveredado pelo filho, cortou sua mesada, mas o jovem Verne conseguiu se manter na capital francesa com o auxílio proveniente das aulas que lecionava.

Em 1856, em Paris, conheceu a jovem viúva Honorine de Viane Morel, mãe de duas filhas, com quem se casou no ano seguinte. Em 1861, nasceu o filho do casal, Michel Jean Pierre Verne. Com o auxílio financeiro de seu sogro e de seu pai, Verne iniciou seus investimentos na Bolsa de Paris.

Já colhendo as famas de seu trabalho literário, viajou à Inglaterra e à Escócia em 1859, e, posteriormente, em 1861, à Noruega e à Escandinávia. Muito ligado à vida marinha, Verne, após ter adquirido um iate, viajou aos Estados Unidos, ocasião em que, durante seu regresso à Europa, escreveu seu clássico Vinte mil léguas submarinas.

Júlio Verne, com a visão comprometida pela catarata, morreu em 24 de março de 1905, na cidade de Amiens, interior da França, em que exerceu, nos últimos anos de vida, o cargo de conselheiro municipal.

Características das obras de Júlio Verne

  • Descrição de aparelhos tecnológicos, reais ou ficcionais, como máquinas voadoras, submarinos, armas destruidoras;

  • Construção de enredos em que as ações principais giram em torno de aventuras de exploração científica em lugares misteriosos, como o centro da Terra e o fundo do oceano;

  • Referência a conhecimentos geográficos, geológicos, paleontológicos, ou seja, a conhecimentos científicos de modo geral;

  • Presença de elementos ligados à corrente filosófica positivista;

  • Descrição de como seria a sociedade do futuro.

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Obras de Júlio Verne

Selo postal francês, de 1955, em homenagem a Júlio Verne.

20 mil léguas submarinas

Publicado em 1870, Vinte mil léguas submarinas é um dos principais romances de Júlio Verne. Nessa narrativa ficcional, já adaptada para o cinema, o enredo gira em torno do capitão Nemo, criador do submarino Náutilus, com o qual viaja as profundezas do mundo marinho.

Como essa embarcação, construída em segredo, começou a danificar barcos e navios acidentalmente, foi criada uma expedição, chefiada pelo professor Aronnax, naturalista francês, para encontrá-la. Juntamente de seu criado, chamado Conseil, e de Ned Land, o professor parte no navio Abraham Lincoln da marinha norte-americana, com toda a sua tripulação, no intuito de caçar e livrar os mares de tal aberração.

Havíamos por certo chegado à orla da floresta, certamente uma das mais luxuriantes do imenso domínio do capitão Nemo, que a considerava sua e sobre ela atribuía-se os mesmos direitos dos primeiros homens nos primeiros dias do mundo. [...]

A floresta, em si, compunha-se de grandes plantas arborescentes, e, tão logo entramos sob suas vastas arcadas, meu olhar foi atraído pela singular disposição das ramagens — disposição que nunca antes me fora dado ver.

Nenhuma das plantas que atapetavam o solo, nenhum dos galhos espetados nos arbustos rastejava, ou se curvava, ou se estendia no plano horizontal. Todas cresciam em direção à superfície do oceano. [...] Imóveis quando eu os desviava com a mão, logo voltavam à posição original. Era o império da verticalidade.

Logo me acostumei àquela disposição extravagante, bem como à relativa escuridão que nos envolvia. O solo da floresta estava coberto por elementos pontiagudos, difíceis de evitar. A flora submarina pareceu-me ali bastante completa, mais exuberante até do que seria nas regiões árticas ou tropicais. [...]

Após quatro horas de marcha, fiquei admirado de não estar morrendo de fome. A que se devia tal disposição do estômago, eu não saberia dizer. Em compensação, porém, sentia uma irreprimível vontade de dormir, como acontece com todos os mergulhadores, e meus olhos não demoraram a se fechar atrás do espesso vidro.

(Fragmento de Vinte mil léguas submarinas)

Nesse fragmento, narra-se a chegada do submarino do professor Aronnax a uma espécie de floresta submersa. O enredo de Vinte mil léguas submarinas, portanto, ao ser centrado na busca dessa tripulação pelo capitão Nemo (empreitada que a faz viajar oceano adentro), permite a Júlio Verne a descrição de cenas como essa, em que seu conhecimento científico se faz evidente, além de seu apreço por elementos tecnológicos e futuristas, marca principal de sua literatura.

Ilustração de como seria um submarino imaginado por Júlio Verne.

Frases de Júlio Verne

  • “Não há nada impossível; há só vontades mais ou menos enérgicas.”

  • “O homem nunca é perfeito, nem nunca satisfeito.”

  • “A liberdade é um preço que vale a pena pagar.”

  • “Tudo o que um homem pode imaginar, outros homens poderão realizar.”

  • “Um dia visitaremos a Lua e os planetas com a mesma facilidade com que hoje se vai de Liverpool a Nova York.”

  • “Quando se trata de destruir, todas as ambições se aliam facilmente.”

  • “A ciência se compõe de erros, que, por sua vez, são os passos até a verdade.”

  • “Nunca se fez nada grande sem uma esperança exagerada.”

  • “Um homem energético terá sucesso, enquanto um indolente vegetará e inevitavelmente sucumbirá.”

  • “É porque se espalha o grão que a semente acaba por encontrar um terreno fértil.”

Por: Leandro Guimarães

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