Julio Cortázar

 Julio Cortázar nasceu em 26 de agosto de 1914, na Bélgica, pois seu pai era um diplomata argentino. Foi criado na Argentina, onde trabalhou como professor. Em 1951, mudou-se para a França, onde viveu até a sua morte, em 12 de fevereiro de 1984, três anos após obter a nacionalidade francesa.

Seu livro mais conhecido é O jogo da amarelinha, obra inovadora que trouxe fama ao seu autor. Além desse livro, Cortázar escreveu obras caracterizadas pela profundidade psicológica dos personagens, os quais se expressam por meio do monólogo interior. Tornou-se um dos principais autores do boom latino-americano.

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Biografia de Julio Cortázar

Julio Cortázar, em 1983, na cidade de Buenos Aires.

Julio Cortázar nasceu em 26 de agosto de 1914, na Bélgica, durante a Primeira Guerra Mundial. Ali, Cortázar aprendeu a ler, com dois anos de idade. O pai do escritor era diplomata e, com o final da guerra, voltou, com a família, para a Argentina. Cerca de dois anos depois, separou-se de sua esposa.

O menino Julio Cortázar gostava de ler, e, mais tarde, com 21 anos de idade, tornou-se professor, formado pela Escola Normal de Professores Mariano Acosta. Assim, em 1937, começou a trabalhar como professor de geografia em um colégio de Buenos Aires. No ano seguinte, publicou seu primeiro livro Presença —, com o pseudônimo de Julio Denis.

Trabalhou, como professor, também na cidade de Chivilcoy, de 1939 até 1944, quando perdeu o trabalho por se negar a beijar o anel do bispo de Mercedes, que fazia uma visita ao colégio onde o escritor trabalhava. Seu protesto se devia ao fato de que a Igreja Católica apoiara o golpe militar que, em 1943, depôs o presidente Ramón Castillo (1873-1944).

Em 1944 e 1945, foi professor na Faculdade de Filosofia e Letras da Universidade Nacional de Cuyo, licenciando literatura europeia setentrional e literatura francesa, e recebendo, dos alunos, o apelido de “Largázar”, já que era um homem muito alto e de grande saber.

Cortázar, outros cinco professores e 50 alunos realizaram um protesto na faculdade contra o governo. Isso fez com que ele perdesse seu cargo de professor universitário. Então, passou a trabalhar como gerente da Câmara Argentina do Livro, em Buenos Aires, e se tornou tradutor.

Em 1951, o autor decidiu morar em Paris, na França. Lá trabalhou como empacotador e, também, como tradutor da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco). Já em 1956, fez uma viagem à Índia, que influenciou sua escrita a partir de então, e, na década seguinte, experimentou, finalmente, o sucesso como escritor ao publicar o romance O jogo da amarelinha, em 1963.

Nessa década, o intelectual e artista, que era contra o populismo peronista, mostrou-se a favor do governo socialista de Fidel Castro (1926-2016) e se envolveu ainda mais com as questões políticas e sociais da América Latina. Assim, em 1973, ele se opôs à ditadura militar no Chile. No ano seguinte, ao ganhar o Prêmio Médicis, doou o dinheiro para a Frente Unificada da Resistência Chilena.

Com a ditadura militar na Argentina, iniciada em 1976, o autor se viu impedido de visitar seu país, e nele alguns de seus livros foram proibidos. Cinco anos depois, em 1981, o romancista adquiriu a nacionalidade francesa e se casou com a estado-unidense Carol Dunlop (1946-1982). Devido a problemas causados, supostamente, pela leucemia, Cortázar faleceu em 12 de fevereiro de 1984, em Paris.

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Características da obra de Julio Cortázar

Julio Cortázar fez parte do boom latino-americano, um movimento literário dos anos 1960 e 1970, que colocou em evidência, na Europa, os autores latino-americanos. Esses escritores produziram obras não convencionais, que buscavam demonstrar uma identidade latino-americana na literatura.

Portanto, os livros de Cortázar apresentam as seguintes características:

  • Profundidade psicológica

  • Inovação estética

  • Monólogo interior

  • Conflito existencial

  • Crítica sociopolítica

  • Experimentação

  • Narrativa fragmentada

  • Mistura de gêneros textuais

  • Traços de realismo mágico ou fantástico

Obras de Julio Cortázar

Capa do livro “O jogo da amarelinha”, de Julio Cortázar, publicado pela editora Companhia das Letras.[1]
  • Presença (1938)

  • A outra margem (1945)

  • Bestiário (1951)

  • Final do jogo (1956)

  • As armas secretas (1959)

  • Os prêmios (1960)

  • Histórias de cronópios e de famas (1962)

  • O jogo da amarelinha (1963)

  • Todos os fogos o fogo (1966)

  • A volta ao dia em oitenta mundos (1967)

  • 62: modelo para armar (1968)

  • Último round (1968)

  • Prosa do observatório (1972)

  • Livro de Manuel (1973)

  • Octaedro (1974).

  • Silvalândia (1975)

  • Alguém que anda por aí (1977)

  • Um tal Lucas (1979)

  • Queremos tanto a Glenda (1980)

  • Desoras (1982)

  • Salvo o crepúsculo (1984)

O jogo da amarelinha

O jogo da amarelinha (em espanhol, Rayuela) é o livro mais conhecido de Cortázar. Isso porque a obra possui uma estrutura não convencional, de forma a exigir a participação de leitoras e leitores, que devem escolher de que maneira lerão o romance. Assim, a leitura pode ser feita do capítulo 1 ao 56, ou, se preferirmos, é possível iniciar o livro no capítulo 73 e obedecer à sequência de leitura indicada no final de cada capítulo.

Na primeira parte, intitulada “Do lado de lá”, a narrativa é ambientada em Paris, na França. Nessa cidade, o argentino e intelectual Horacio Oliveira tem um relacionamento amoroso com a Maga (ou Lucía), uma ingênua uruguaia. Horacio e alguns intelectuais fazem parte do Clube da Serpente, um grupo que faz reflexões sobre arte.

Do lado de cá” é o título da segunda parte do livro, cuja história se passa na Argentina, onde Oliveira busca se encontrar, depois da separação com a Maga. Ali, ele decide morar com uma antiga namorada chamada Gekrepten. Trabalha como vendedor de tecidos, depois em um circo e em um hospital psiquiátrico. Além disso, começa a enlouquecer, acredita que Talita (esposa de seu amigo Traveler) é a Maga e, rejeitado por ela, tenta se matar.

A terceira parte, intitulada “De outros lados”, é mais centrada na reflexão. O narrador analisa a personalidade de Horacio e dá mais detalhes do enredo. No entanto, é preciso lembrar que a leitura, nessa parte, não é linear. Por exemplo, após ler o curto capítulo 60, que fala do escritor Morelli, somos enviados ao capítulo 26, que está na primeira parte, ambientada em Paris, e, ao final desse capítulo, vamos para o 109, isto é, de volta a Morelli, e assim por diante.

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Frases de Julio Cortázar

A seguir, vamos ler algumas frases|1| de Julio Cortázar, retiradas de sua obra O jogo da amarelinha:

  • “Como eu podia suspeitar que aquilo que parecia tão mentiroso era verdadeiro?”

  • “Para te ver como eu queria, era necessário fechar os olhos, para começar.”

  • “Temia sobretudo a forma mais sutil da gratidão que se transforma em afeto canino.”

  • “Se nos afogamos em um breve e terrível absorver simultâneo do ar, essa instantânea morte é bela.”

  • “As lembranças só podem transformar aquele passado menos interessante.”

  • “Não pode ser que estejamos aqui para não poder ser.”

  • “O homem descende das rãs.”

Nota

|1| Tradução por Warley Souza.

Crédito da imagem

[1] Companhia das Letras (reprodução) 

Por: Warley Souza

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