Jorge de Lima

Jorge de Lima foi um escritor brasileiro que fez parte da segunda geração modernista. Suas obras são marcadas pela temática religiosa e valorização da cultura afro-brasileira.

Retrato de Jorge de Lima.[1]

 Jorge de Lima foi um escritor brasileiro. Ele nasceu em 23 de abril de 1893, na cidade alagoana de União dos Palmares. Mais tarde, formou-se em Medicina e seguiu a profissão. Também trabalhou como professor, além de ter sido deputado estadual por Alagoas e presidente da câmara de vereadores do Rio de Janeiro.

O poeta, falecido em 15 de novembro de 1953, no Rio de Janeiro, foi um autor da segunda geração modernista. Suas obras apresentam traços surrealistas, influência católica, elementos afro-brasileiros e crítica social. Foi autor de livros como A túnica inconsútil e Poemas negros.

Leia também: Murilo Mendes — outro escritor brasileiro que fez parte da segunda geração modernista

Resumo sobre Jorge de Lima

  • O autor alagoano Jorge de Lima nasceu em 1893 e morreu em 1953.

  • Além de poeta, também foi médico, professor e deputado.

  • Foi um dos mais famosos autores da segunda geração modernista.

  • Sua poesia apresenta forte influência do catolicismo.

  • Seus poemas com temática afro-brasileira são bastante conhecidos.

Biografia de Jorge de Lima

Jorge de Lima nasceu em 23 de abril de 1893, em União dos Palmares, no estado de Alagoas. Era filho de um comerciante chamado José Mateus de Lima, casado com a prima Delmina de Lima, filha de um proprietário de terras. Eles foram responsáveis pela criação de um poeta meditativo e pacífico.

Em 1902, o menino se mudou para Maceió, com a mãe e os irmãos. Ali, estudou no Instituto Alagoano e também no Colégio Diocesano, e voltava para a cidade natal nos períodos de férias. No jornal do Diocesano, O Corifeu, publicou alguns poemas. Mais tarde, em 1909, iniciou o curso de Medicina em Salvador.

Depois se transferiu para o Rio de Janeiro, onde se formou em 1914. No ano seguinte, passou a trabalhar como médico em Maceió. Ele se casou com Ádila Ferreira Alves no início de 1917. Investiu na carreira política, sendo eleito deputado estadual pelo Alagoas em 1919, e também atuou como professor e diretor de escola pública.

Além disso, foi diretor da Instrução Pública e Saúde do estado de Alagoas. No campo artístico, não se restringia à literatura, pois também pintava e fazia esculturas. O poeta que, a princípio, fazia versos com traços parnasianos, acabou sendo influenciado pelo modernismo. No ano de 1930, mudou-se para a cidade do Rio de Janeiro, com a esposa e a filha.

Nessa cidade, trabalhou como médico. Por volta de 1935, abraçou o catolicismo, acontecimento que marcaria sua poesia daí por diante. Anos depois, em 1948, ainda envolvido com a política, tornou-se presidente da câmara de vereadores. Faleceu em 15 de novembro de 1953, no Rio de Janeiro.

Quais são as características da obra de Jorge de Lima?

Jorge de Lima foi um autor da segunda geração modernista, e suas obras possuem estas características:

  • reflexão existencial;

  • temática religiosa;

  • elementos contemporâneos;

  • crítica social;

  • uso de versos livres, brancos e regulares;

  • traços surrealistas;

  • influência do catolicismo;

  • valorização da cultura afro-brasileira.

Principais obras de Jorge de Lima

 Capa do livro Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima, publicado com o selo Alfaguara, da editora Companhia das Letras. [2]
  • XIV alexandrinos (1914)

  • Poemas (1927)

  • Salomão e as mulheres (1927)

  • Novos poemas (1929)

  • Poemas escolhidos (1932)

  • O anjo (1934)

  • Calunga (1935)

  • A túnica inconsútil (1938)

  • A mulher obscura (1939)

  • Anunciação e encontro de Mira-Celi (1943)

  • Poemas negros (1947)

  • Livro de sonetos (1949)

  • Vinte sonetos (1949)

  • Guerra dentro do beco (1950)

  • Invenção de Orfeu (1952)

  • Castro Alves. Vidinha (1952)

Poemas de Jorge de Lima

Veremos, a seguir, dois poemas de Jorge de Lima.

A morte dos elementos

E há de vir um dia em que a Terra que acolheu teu cadáver

será vazia como um cemitério.

E da água que te batizou e te matou a sede não restará uma gota.

E o ar não envolverá a terra nem as águas;

e junto aos três elementos que tantas vezes na Vida

nem te deram prazer, nem te deram pesar,

indiferentes a ti como se não existissem;

só o fogo, o forte fogo invencível

pode acompanhar teu espírito e envolvê-lo.

E chorarás em vão e rangerás teus dentes.|1|

O poema “A morte dos elementos”, do livro Túnica inconsútil, é um exemplo da poesia de influência católica do autor. Nesses versos livres, o eu lírico traz uma visão apocalíptica acerca do futuro da humanidade.

A lágrima

Ao desgraçado, ao réu, ao pecador, que importa!
És um alívio presto, um conforto, um alento!
Quantas vezes oh! céus, a lágrima conforta
O que diz a Saudade e o que fala o Tormento!

Do desejo que nasce, à Paixão que está morta,
A lágrima completa o universal concento...
Atentai no meu estro: ela convence e exorta
Qual se fora um gemido, um soluço, um lamento!

Quando a voz titubeia, agonizante, louca,
E a paixão quer falar e se constrange e cala,
É a lágrima que diz o que não diz a boca...

A lágrima, meu Deus! que não tem voz nem fala,
É tão boa! parece um confidente mudo
Que, assim mesmo, sem voz e sem falar, diz tudo!|1|

O poema “A lágrima”, de 1915, possui versos alexandrinos (12 sílabas poéticas). Nele, o eu lírico faz uma homenagem à lágrima, considerada um “conforto” de todos, capaz de convencer, além de dizer o indizível.

Veja também: Vinicius de Moraes — um dos artistas brasileiros mais completos do século XX

Frases famosas do Jorge de Lima

As frases a seguir foram extraídas do livro Obra poética|1|, de Jorge de Lima:

  • “Desejar é a contínua impulsão de mudar...”

  • “Se vivo é porque sofro e sinto.”

  • “Eu sou um corpo distraído.”

  • “A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!”

  • “Só tenho poesia para vos dar. Abancai-vos meus irmãos.”

  • “Aceito a não importância da vida.”

  • “Todos os homens têm seus crentes: os que pregam o amor ao próximo e os que pregam a morte dele.”

Nota

|1| LIMA, Jorge de. Obra poética. Organizada por Otto Maria Carpeaux. Rio de Janeiro: Editora Getulio Costa, 1949.

Créditos de imagem

[1] Domínio público / Acervo Arquivo Nacional

[2] Grupo Companhia das Letras (reprodução) 

Por: Warley Souza

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