Graciliano Ramos é um famoso romancista alagoano. Ele faz parte da Geração de 1930 do Modernismo brasileiro, e suas obras possuem caráter realista e regionalista.
Graciliano Ramos é um famoso escritor brasileiro. Ele nasceu em 27 de outubro de 1892, em Quebrangulo, no estado de Alagoas. Mais tarde, trabalhou no comércio, atuou como revisor de textos, foi eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios, além de ser diretor da Imprensa Oficial de Alagoas.
O romancista, que faleceu em 20 de março de 1953, no Rio de Janeiro, é um dos principais nomes da Geração de 1930 do Modernismo brasileiro. Seus romances trazem narrativas realistas, de caráter regionalista e com crítica sociopolítica. Uma das obras mais famosas do autor é o livro Vidas secas.
Leia também: José Lins do Rego — outro autor que fez parte da Geração de 1930 do Modernismo brasileiro
Resumo sobre Graciliano Ramos
-
Graciliano Ramos é um escritor brasileiro que nasceu em 1892 e faleceu em 1953.
-
Além de romancista, também foi prefeito da cidade de Palmeira dos Índios.
-
Suas obras fazem parte da segunda fase do Modernismo brasileiro.
-
Seus textos apresentam elementos regionalistas e crítica social.
-
Um de seus livros mais famosos é o romance Vidas secas.
Biografia de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos nasceu em 27 de outubro de 1892, na cidade de Quebrangulo, em Alagoas. Tinha dois anos de idade, em 1895, quando se mudou para Buíque, em Pernambuco, onde o pai, um comerciante, comprou uma fazenda. Porém, a propriedade não prosperou, devido à seca.
Assim, por volta de 1896, o pai voltou para o comércio e abriu uma loja nas redondezas. O escritor tinha pais severos, os quais utilizavam a violência como forma de educar os filhos. E essa realidade de violência marcou o autor para toda a vida. O menino começou a ser alfabetizado em 1898.
No ano seguinte, Graciliano e a família foram viver em Viçosa, uma cidade alagoana. No ano de 1905, o romancista estava estudando no colégio Quinze de Março, na cidade de Maceió. Em 1906, atuou como redator no jornal Echo Viçosense e publicou alguns versos na revista O Malho, do Rio de Janeiro.
Em 1909, começou a escrever para o Jornal de Alagoas. No ano seguinte, residindo no município de Palmeira dos Índios, passou a trabalhar na loja do pai. Manteve essa ocupação até 1914, quando decidiu ir para o Rio de Janeiro, onde trabalhou como revisor no Correio da Manhã. E também escrevia para outros periódicos.
Voltou para Palmeira dos Índios, em 1915, e se casou com Maria Augusta de Barros (1896-1920). Começou a trabalhar em uma loja de tecidos, em 1917. Três anos depois, ficou viúvo quando a esposa morreu durante o parto. Em 1927, foi eleito prefeito da cidade de Palmeira dos Índios.
No ano seguinte, se casou com Heloísa Leite de Medeiros (1910-1999). Renunciou ao cargo de prefeito, em 1930, e se mudou para Maceió, onde assumiu a direção da Imprensa Oficial de Alagoas. Porém, abandonou o emprego no ano seguinte. Em 1933, publicou seu primeiro livro — Caetés.
Nesse mesmo ano, ocupou a direção da Instrução Pública de Alagoas. Durante o governo de Getúlio Vargas (1882-1954), por questões políticas, foi preso, em 1936, e levado para o Rio de Janeiro. Ficou no cárcere durante quase um ano, sem uma acusação formal. Em 1939, passou a trabalhar como Inspetor Federal de Ensino Secundário, no Rio de Janeiro.
Em 1945, se tornou membro do Partido Comunista Brasileiro. No ano de 1951, assumiu a presidência da Associação Brasileira de Escritores. No ano seguinte, conheceu França, Portugal e União Soviética. Graciliano Ramos faleceu em 20 de março de 1953, na cidade do Rio de Janeiro.
Principais características das obras de Graciliano Ramos
Graciliano Ramos faz parte da Geração de 1930 do Modernismo brasileiro. Suas obras, portanto, apresentam estas características:
-
crítica sociopolítica;
-
caráter realista;
-
elementos regionalistas;
-
parcialidade narrativa;
-
visão determinista;
-
linguagem objetiva;
-
valorização do espaço narrativo.
Obras de Graciliano Ramos
→ Romances de Graciliano Ramos
-
Caetés (1933).
-
S. Bernardo (1934).
-
Angústia (1936).
-
Vidas secas (1938).
→ Contos e crônicas de Graciliano Ramos
-
Dois dedos (1945).
-
Histórias incompletas (1946).
-
Insônia (1947).
-
Linhas tortas (1962).
→ Memórias de Graciliano Ramos
-
Infância (1945).
-
Memórias do cárcere (1953).
-
Viagem (1954).
→ Infantojuvenis de Graciliano Ramos
-
A terra dos meninos pelados (1939).
-
Histórias de Alexandre (1944).
-
Alexandre e outros heróis (1962).
-
O estribo de prata (1984).
-
Minsk (2013).
→ Correspondência de Graciliano Ramos
-
Cartas (1980).
-
Cartas de amor a Heloísa (1992).
Veja também: Jorge Amado — autor cujas obras são marcadas pela crítica sociopolítica atrelada a elementos regionalistas
Análise da obra Vidas secas, de Graciliano Ramos
Vidas secas é um dos romances mais famosos do autor e conta a história de uma família de retirantes que foge da seca nordestina. A obra conta com cinco protagonistas: Fabiano, o pai; Sinhá Vitória, a mãe; O filho mais novo; O filho mais velho; A cachorra Baleia.
Famintos durante mais uma seca, eles se deslocam em busca de sombra, água e comida. Até que encontram uma fazenda abandonada, e ficam por ali. Finalmente, vem a chuva, e o lugar se torna habitável. Assim, a história se passa nesse espaço. O narrador dá protagonismo a cada um dos personagens.
Fabiano se sente inferior, como um bicho que não consegue articular as palavras. Além disso, acaba se indispondo com um soldado, que o humilha. Mas Fabiano, servil, não consegue reagir diante do soldado amarelo. Já Sinhá Vitória, apesar de ser bruta, é mais esperta do que o marido e se permite sonhar.
O menino mais novo sente admiração pelo pai e quer ser como ele. Já o menino mais velho é questionador. Mas seus questionamentos são desestimulados pelos pais. E, por fim, Baleia, a cachorra de estimação, vive para seus donos. Mas acaba adoecendo (possivelmente, adquire hidrofobia) e precisa ser sacrificada.
No final da obra, outra vez a seca toma conta do lugar. Novamente, a família precisa migrar. Mas agora, sem a cachorra Baleia. Assim, o livro mostra a triste realidade nordestina, em que famílias pobres são duramente afetadas pela seca. E, desse modo, dá voz a esses personagens marginalizados.
→ Videoaula: Análise literária de Vidas secas, de Graciliano Ramos
Frases de Graciliano Ramos
A seguir, vamos ler algumas frases de Graciliano Ramos, retiradas de seu livro Linhas tortas:
-
“Há indivíduos que se arvoram em celebridades à custa de inventos... alheios.”
-
“Não há dúvida de que existe uma estreita correlação entre o amor e o cinema.”
-
“Penas de pavão não foram postas por mim em nenhum corpo de gralha.”
-
“Em matéria de necessidades, o homem moderno abrange todas as latitudes.”
-
“Dentre todos os conhecimentos que a um cidadão se exigem, o essencial é este — saber mentir.”
Curiosidades sobre Graciliano Ramos
-
Memórias do cárcere é um livro de Graciliano Ramos que narra os acontecimentos vivenciados pelo autor quando ele esteve preso. O livro foi publicado em 1953, logo após a morte do escritor.
-
Graciliano Ramos teve oito filhos: quatro com Maria Augusta de Barros e quatro com Heloísa Leite de Medeiros.
-
Quando era prefeito, em 1929, o escritor enviou relatório de prestação de contas ao governador de Alagoas. O documento acabou sendo lido por Augusto Schmidt (1906-1965), um editor que ficou impressionado com a escrita de Graciliano Ramos e mostrou interesse em publicar alguma obra sua. Assim, em 1933, sua editora publicou Caetés.
Créditos de imagem
[1] Legacy600 / Wikimedia Commons (reprodução)
[2] Grupo Eitorial Record (reprodução)
Fontes
ABAURRE, Maria Luiza M.; PONTARA, Marcela. Literatura: tempos, leitores e leituras. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2015.
RAMOS, Graciliano. Linhas tortas. Rio de Janeiro: Record, 2016.
RAMOS, Graciliano. Cronologia. In: RAMOS, Graciliano. Vidas secas. 120. ed. Rio de Janeiro: Record, 2013.