Função emotiva da linguagem

As funções da linguagem são classificadas em seis diferentes tipos, entre eles, a função emotiva da linguagem, centrada no emissor da mensagem.

Os textos poéticos são ótimos exemplos da função emotiva da linguagem, pois neles a mensagem está, geralmente, centrada no emissor

Você já deve ter ouvido falar sobre as funções da linguagem, certo? Sabemos que a linguagem verbal cumpre um objetivo muito claro, afinal, através dela nos comunicamos. Mas a linguagem é um campo fértil de estudos e você provavelmente já percebeu que existem variações na comunicação de acordo com nossas intenções. Por esse motivo, o estudo da linguagem foi dividido para que pudéssemos entendê-la em sua completude.

São seis as funções da linguagem: emotiva/expressiva; referencial/denotativa; apelativa/conativa; fática; poética e metalinguística. Hoje concentraremos nossos estudos sobre a função emotiva da linguagem. A função emotiva, ou expressiva, está centrada no remetente, ou seja, em quem envia a mensagem, e está relacionada diretamente com a atitude de quem fala em relação àquilo de que se está falando. Pode dar a impressão de certa emoção, verdadeira ou dissimulada, a respeito de determinado assunto. Por apresentar essas características, os textos que apresentam a predominância da função emotiva da linguagem normalmente são escritos na primeira pessoa do discurso, havendo predomínio também da subjetividade.

Os textos que utilizam a função emotiva não precisam ser objetivos, ou seja, não têm o compromisso de enviar uma mensagem clara e de fácil entendimento. São permeados por figuras de linguagem e elementos que cobram do leitor uma leitura das mensagens contidas nas entrelinhas. A mensagem centrada no emissor denota algumas marcas peculiares, como verbos e pronomes na primeira pessoa, interjeições, adjetivos valorativos e sinais de pontuação, como as reticências e os pontos de exclamação, amplamente utilizados para revelar o estado emocional do falante. Observe a ocorrência dessa função em um poema de Fernando Pessoa:

Não sei quantas almas tenho

Não sei quantas almas tenho.
Cada momento mudei.
Continuamente me estranho.
Nunca me vi nem acabei.
De tanto ser, só tenho alma.
Quem tem alma não tem calma.
Quem vê é só o que vê,
Quem sente não é quem é,

Atento ao que sou e vejo,
Torno-me eles e não eu.
Cada meu sonho ou desejo
É do que nasce e não meu.
Sou minha própria paisagem;
Assisto à minha passagem,
Diverso, móbil e só,
Não sei sentir-me onde estou.

Por isso, alheio, vou lendo
Como páginas, meu ser.
O que segue não prevendo,
O que passou a esquecer.
Noto à margem do que li
O que julguei que senti.
Releio e digo: “Fui eu?”
Deus sabe, porque o escreveu.

Fernando Pessoa

Os textos poéticos são bons exemplos da função emotiva da linguagem, pois fica evidente o envolvimento pessoal do emissor, transformando o eu no centro de todas as coisas e, por esse motivo, os poemas podem, às vezes, apresentar esse aspecto egocêntrico, pois há uma preocupação em comunicar opiniões, inquietações e emoções centradas na expressão do “eu”, como se o mundo interior fosse mais importante e mais interessante do que o mundo exterior.

Devemos ressaltar que não existe em um texto a ocorrência de uma única função, podendo haver nele várias mensagens verbais. Contudo, a estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante, e a partir da descoberta dessa função que hierarquicamente se destacará, faremos a análise de nosso texto.


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Por: Luana Castro Alves Perez

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